Falhas na segurança e falta de material para cirurgia preocupam no Raul Sertã

Pacientes relatam problemas e falam de transtornos enfrentados no principal hospital público da região
quarta-feira, 23 de setembro de 2015
por Alerrandre Barros

Internado há pelo menos duas semanas no Hospital Municipal Raul Sertã, Mauro de Souza, 46 anos, já fugiu duas vezes do quarto. A última fuga foi no final da manhã de segunda-feira, 21. Ele ficou vagando pela rua até que embarcou em um táxi e foi parar na casa do irmão, no bairro São Geraldo. A sobrinha dele, Patrícia Felippe de Souza, só foi informada que o tio não estava mais no hospital no final da tarde.

“Isso é um descaso com as pessoas. Meu tio está internado para tratar a anemia e o diabetes. O caso pode se agravar e se tornar uma leucemia. Tem dia que ele não está bem, não está lúcido. Eu sei que eles não podem obrigar que ele fique no hospital, mas nós temos que ser informados quando o paciente sai”, criticou a supervisora de loja na terça-feira, 22.

Qualquer pessoa entra e sai do Hospital Raul Sertã sem ter que se identificar para a recepção ou para os seguranças que trabalham na principal unidade de saúde da região, afirma Patrícia. “Ontem, por exemplo, eu entrei, passei por dois guardas e um policial e ninguém me parou. Imagine se uma pessoa armada entra no hospital e sai atirando para todo o lado? O hospital precisa de mais segurança. As pessoas têm que ser identificadas pela recepção”, disse a supervisora.

Falta de material atrasa cirurgias

Outro problema no hospital municipal é a falta de materiais básicos que estaria atrasando a realização de algumas cirurgias. É o que diz o técnico de enfermagem Luiz Miguel da Silveira, de 31 anos. Ele está internado desde agosto na sala de ortopedia do Raul Sertã por causa de uma fratura no punho direito. No dia 20 do último mês, Luiz caiu da moto que pilotava durante um acidente no distrito de Riograndina.

“Eu fui levado para o hospital, o médico bateu o raio-x e me liberou em seguida. Como eu continuei sentido dor no braço, eu voltei ao hospital e outro médico que me atendeu viu que o caso era grave e que eu teria que ser operado”, contou Luiz. Desde então, a cirurgia dele foi marcada e desmarcada várias vezes. “O médico me disse que falta materiais básicos e que, por isso, não pode realizar a cirurgia. O problema afeta todos que estão na ortopedia”, disse. O técnico de enfermagem completou terça-feira, 22, um mês internado no hospital.

Sem luz no setor de medicação

Mas não são somente os pacientes que enfrentam transtornos no Raul Sertã. Nesta semana, um leitor enviou para A VOZ DA SERRA um vídeo em que mostra enfermeiros trabalhando no escuro, no setor de medicação do hospital. “Olha só a condição em que eles têm que trabalhar”, disse o rapaz enquanto filmava duas profissionais na sala onde os remédios são medidos e preparados para aplicação nos pacientes. A falta de iluminação, porém, era um problema somente na sala onde estavam as enfermeiras, porque nas imagens dá para ver que o corredor da unidade de saúde estava iluminado.

Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde informou que desconhece a falta de energia no setor de medicação do hospital. “Caso falte o fornecimento de energia elétrica, somente pontos estratégicos e fundamentais do hospital são mantidos pelo gerador”, diz a nota.

Sobre a falta de materiais para cirurgias, o órgão municipal informou que nenhum procedimento cirúrgico de urgência deixou de acontecer no Raul Sertã, e acrescentou que “conforme publicado no Diário Oficial, no dia 6 de abril de 2015, o Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE) adiou para análises a licitação 010/2015, que prevê a compra de material médico hospitalar.

Somente no dia 27 de agosto de 2015 o TCE-RJ liberou a realização do certame que estava em fase de credenciamento das empresas participantes. O valor estimado da licitação pela modalidade de registro de preços é de R$ 16.814.628,25. Tendo em vista o adiamento desta licitação pelo TCE, a Secretaria de Saúde iniciou um processo de compra emergencial para suprir a necessidade do município, até que a licitação 010/2015 esteja finalizada e homologada”, informa a nota da assessoria de imprensa.

E ainda sobre as falhas na segurança do hospital apresentadas no início da reportagem, a Secretaria de Saúde informou que “as portas de entrada do hospital são controladas pelos funcionários na recepção e entrada de urgência. A guarda municipal está presente 24 horas no hospital”. A Secretaria de Saúde não esclareceu, entretanto, se pretende reforçar ou mudar o protocolo de segurança no hospital.

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