A expansão de um negócio que remonta a priscas eras (entrevista)

Grana curta não impede cuidados com a beleza
sábado, 30 de maio de 2015
por Jornal A Voz da Serra
Cléo Silva (esquerda) e Cecília Grant (Amanda Tinoco/A Voz da Serra)
Cléo Silva (esquerda) e Cecília Grant (Amanda Tinoco/A Voz da Serra)

Nova Friburgo sempre foi pródiga em bazares. Bazar é coisa tão antiga que remonta a tempos imemoriais. É interessante observá-los, por exemplo, em cenários de filmes bíblicos, como os que retratam a vida de Moisés, Jesus, Ben-Hur, e os épicos Os Dez Mandamentos e Spartacus, entre muitos outros títulos. Eles estão em toda parte, em qualquer cidade de qualquer país. De uns tempos para cá, até estão passando por transformações, com alguns ficando mais com cara de brechó. 

Aliás, por aqui, tradicionalmente, bazar costuma ser montado periodicamente, para ajudar pessoas ou grupos que passam ou estejam passando necessidades. Igrejas, hospitais, entidades assistenciais, comunidades em geral estão sempre prontas a socorrer a população mais pobre. Sem fins comerciais, têm como objetivo angariar fundos para os pobres. Já o modelo brechó foi criado em outras bases e com outras finalidades. Para início de conversa, é um negócio com fins lucrativos. Neste formato não há padronização, lá você encontra produtos diferentes e exclusivos. Não é como ir a uma loja de shopping, onde há várias peças do mesmo modelo, em diversos tamanhos. 

Então, se você procura diversificação, vá a um brechó. Se for criativa, com meia dúzia de peças você vai conseguir compor vários visuais diferentes, respeitando o seu estilo. Um brechó é uma festa, cheia de novidades, e o melhor de tudo, com preços irresistíveis. Não é legal você poder adquirir uma peça exclusiva, de muito bom gosto, e ainda por cima, baratinha? A moda nada mais é que estar sempre se reinventando. Moda é você quem faz, só depende de sua própria capacidade de criar. Aventure-se em qualquer brechó e renove seu guarda-roupa, sem culpas nem dívidas. 

Grana curta não impede cuidados com a beleza

Profissional da beleza, por vocação, e agora empresária da moda, por oportunidade — e vaidade —, a proprietária de salão e manicure Cléo Silva convidou a amiga Cecília Grant, empresária radicada em Fort Lauderdale (EUA), para ser sua sócia num brechó. Tudo começou como a maioria nesse tipo de negócio, meio por acaso. Com roupas e sapatos sobrando em casa, e um espaço disponível no salão, Cléo teve a ideia de diversificar sua atividade, sem sair do segmento da beleza. Com zero de investimento, aproveitando móveis encostados em casa, por falta de serventia, ela só teve o trabalho de escolher e higienizar as peças e pendurar tudo nas araras do 2º piso de sua loja. 

A sociedade com a amiga “americana” ampliou as expectativas de Cléo. Cecília achou a ideia ótima, e aceitou sem hesitação. “Tudo com nota fiscal, dentro da cota permitida”, ela faz questão de esclarecer, logo no início dessa entrevista. Essa história começou recentemente, tem apenas três semanas. Mas, já na primeira remessa, todos os produtos para maquiagem e tratamento de pele e cabelos, enviados por Cecília, foram vendidos em uma semana.  

“Com menos de um mês de funcionamento já deu para perceber o acerto desse nosso novo empreendimento. Além de termos vendido todos os produtos importados, as clientes do salão também estão trazendo peças para vender, numa clara demonstração do envolvimento tanto dos funcionários como das clientes, além de amigos e parentes. Essa união em torno de um negócio é muito estimulante. Sinto que esse empreendimento já deu certo”, definiu Cléo. 

Cecília “culpa” a crise pela nova parceria. “Quando a Cléo me telefonou falando de problemas financeiros e que estava pensando em aproveitar um espaço ocioso para vender roupas, sapatos, acessórios, e o que mais pudesse, na mesma hora pensei num brechó, algo bem aceito nos Estados Unidos. Lá tem muitas lojas vendendo de tudo, de roupas a eletrodomésticos, peças de decoração, utensílios, tudo usado. Esse comércio tem muita aceitação por lá, e é comum também as famílias usarem a garagem para se desfazer do que não querem mais. Acredito que essa é uma tendência bem viável aqui no Brasil”, avaliou Cecília.

Passo a passo de uma sociedade

Sociedade sacramentada, primeiras remessas de produtos viabilizadas, vendas concretizadas, e, por fim, com a comprovação de que a parceria está bem encaminhada, Cléo e Cecília agora investem em publicidade. “Vamos começar pela divulgação em painéis eletrônicos. Independentemente do nosso estabelecimento ficar numa rua pouco movimentada, não temos dúvida quanto a importância de se fazer propaganda. Queremos que o público conheça este espaço, que aqui estão disponíveis diversos serviços dirigidos para a mulher. Que no mesmo lugar onde ela vai cuidar da pele, dos cabelos, das unhas, fazer maquiagem, vai também encontrar produtos para usar em casa e obter o mesmo resultado. Vai ter como se produzir completamente, para sair daqui pronta para ir a uma festa, um evento qualquer. Estamos trabalhando para tornar esse espaço num lugar para a mulher relaxar e se sentir bem, feliz”, assegura Cléo.

As parcerias têm sido fundamentais para o sucesso do Brechó Cléo & Cecília. Elas têm recebido boas propostas para trabalhar com produtos de todos os tipos, em consignação, como de uma fábrica local de carteiras e bolsas, e de lingerie. “Quanto as importadas, estamos avaliando o segmento que desperta maior interesse para depois criar um cronograma de remessa, com prazos pré-estabelecidos. Esse é um mercado com muitas possibilidades e queremos ir com calma, passo a passo, avaliando as perspectivas, inclusive observando o mercado financeiro, com a questão do câmbio. Sabemos que os preços são irresistíveis nos Estados Unidos, e que vale a pena revender aqui. Mas queremos que seja um bom negócio para todos, para nós e para nossos clientes, principalmente, é claro”, argumentou Cecília.

Segundo Cléo, entre os objetos que devem constar da próxima remessa estão bijuterias, relógios, óculos de sol da Rayban, maquiagem Mac, tudo com preço bem mais em conta do que elas têm visto sendo praticados em Nova Friburgo. “Queremos trabalhar com grifes já conhecidas das brasileiras, como a Zara, entre outras, e tênis de marcas tradicionais. E quero aproveitar a oportunidade para dizer que esse negócio de crise, o fato de algumas clientes do salão terem diminuído a vinda ao salão, me fizeram abrir os olhos para outras possibilidades. Me fizeram correr atrás e descobrir que havia saída para tudo. E estou muito animada com essa nova fase profissional. Estou me sentido uma empresária com futuro!”, finalizou Cléo, animadíssima.

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