Estudo mostra que estradas em Friburgo pioraram no último ano

Queda de qualidade do pavimento e da sinalização das rodovias estaduais que cortam o município
sexta-feira, 24 de novembro de 2017
por Alerrandre Barros
Estudo mostra que estradas em Friburgo pioraram no último ano

A qualidade geral das rodovias estaduais que cortam Nova Friburgo caiu no último ano, avalia a Confederação Nacional do Transporte (CNT). A piora ocorreu principalmente nas estradas administradas pelo Departamento de Estradas de Rodagem do Rio de Janeiro (DER-RJ), que há pelo menos dois anos sofre cortes devido à crise no estado.   

Das cinco rodovias estaduais que atravessam o município, três — a RJ-116 (no trecho Nova Friburgo - Macuco), a RJ-130 (Teresópolis-Nova Friburgo) e RJ-148 (Nova Friburgo - Carmo) — foram avaliadas como “boa”, “ruim” e “péssima”, respectivamente. A pesquisa anual divulgada no início deste mês não analisou a RJ-142 (Nova Friburgo-Casimiro de Abreu, a estrada Serramar) e a RJ-150 (Nova Friburgo - São José do Ribeirão).

Com 63km de extensão, a RJ-148 começa no distrito de Conselheiro Paulino, pouco antes do conjunto habitacional Terra Nova. Passa por Duas Barras, Sumidouro e termina no entroncamento com a RJ-160, no Carmo. Para motoristas, porém, o pior trecho começa em Sumidouro.

“É uma buraqueira danada. Falta sinalização e há deslizamentos de terras. Em dia de chuva, é difícil passar pela estrada. O trecho que começa em Friburgo tem asfalto melhor, mas há um deslizamento na altura de Riograndina, onde a estrada pode cair a qualquer momento”, disse o motorista Henrique Amaral.  

A VOZ DA SERRA fez um levantamento e constatou, através do estudo da CNT, que nos últimos cinco anos, RJ-148 foi avaliada como “ruim”. Em 2016, a situação da estrada administrada pelo DER-RJ piorou e se tornou “péssima”.

A RJ-130, conhecida como Terê-Fri (foto), circuito turístico entre as duas cidades serranas, também piorou. Passou de “regular” para “ruim” no ano passado. Em Friburgo, a estrada começa no trevo de Duas Pedras e apresenta buracos no asfalto já nos primeiros quilômetros. Com 69 quilômetros de extensão, a sinalização é precária.

“É uma estrada perigosa, com muitas curvas, comércios e moradias no entorno. Falta sinalização. Placas estão cobertas pelo mato ou depredadas. Há até placas com marcas de tiros”, aponta o supervisor Paulo Pinheiro. Gerida pelo DER-RJ, a Tere-Fri é um importante corredor turístico do estado. Tem hotéis e pousadas, o Jardim do Nêgo, com esculturas naturais construídas a céu aberto, a Queijaria Suíça, por exemplo. A estrada dá acesso ainda ao Parque Estadual dos Três Picos, o maior do Rio de Janeiro.

Já a RJ-116, a única entre as cinco que foi concedida para a iniciativa privada, está “boa” para a CNT, pelo menos no trecho de Nova Friburgo a Macuco. De Itaboraí até Friburgo, a estrada é considerada “regular” pela pesquisa. A Rota 116 administra 140 quilômetros de extensão. De Macuco em diante a gestão é do DER-RJ.

Principal via de escoamento de hortifrutigranjeiros da região para a capital, a rodovia também é importante para indústrias metalmecânica, têxtil, cooperativas de leite, o polo cimenteiro de Cantagalo e também é acesso para o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro, o Comperj, cujas obras devem ser retomadas pela Petrobras no próximo ano.

“O asfalto é bom, mas precisam melhorar a sinalização. O atendimento de emergência da Rota 116 também é bom, mas acho que há muitas praças de pedágio na rodovia”, disse a professora Marta Gonçalves, que mora em Macuco. Sobre o estudo da CNT, a Rota 116 disse que a avaliação “boa” da pesquisa se refere aos fortes investimentos realizados no trecho norte da rodovia, como implantação de acostamento e terceira faixa, a construção de novos trevos de acesso aos municípios.

“Já o trecho considerado regular pela mesma pesquisa, está em processo de modernização, com obras de duplicação e melhorias, que irá melhorar em muito a qualidade de quem circulação pela RJ-116”, comentou a concessionária. A CNT não avalia a RJ-150 e RJ-142 (Serramar), porque segundo a metodologia da pesquisa são analisadas estradas federais e estaduais pavimentadas “relevantes e com grande volume de tráfego e/ou importância estratégica para uma região”. Apesar disso, A VOZ DA SERRA já mostrou em reportagens recentes que ambas também têm buracos e sinalização precária. Motoristas reclamam das condições, principalmente da RJ-150, no trecho entre o Centro e o bairro Chácara do Paraíso.

Também procurado pelo jornal, o DER-RJ disse que não se opõe ao resultado do estudo feito pela CNT na RJ-130, RJ-142, RJ-148 e RJ-150.” O órgão está trabalhando com orçamento reduzido e a manutenção das estradas ficou prejudicada”, informou em nota.

Boas no Rio. Ruins no país

A pesquisa CNT de Rodovias 2017 analisou 105.814 mil quilômetros da malha rodoviária pavimentada de todo o país, considerando o pavimento, a sinalização e a geometria da via. O levantamento foi realizado por 24 equipes, que durante 30 dias percorreram 542 estradas federais e algumas estaduais. Concluiu que o percentual considerado regular, ruim ou péssimo subiu de 58,2% para 61,8%.

Segundo a CNT, a queda na qualidade das rodovias brasileiras tem relação direta com os baixos investimentos em infraestrutura rodoviária e com a crise econômica dos últimos anos. No caso das estradas concedidas, a CNT afirma que a piora na qualidade ocorreu, principalmente, pelo aumento dos custos de financiamento de obras de infraestrutura e problemas em contratos de concessão.

No estado do Rio, 53,3% das rodovias são consideradas boas ou ótimas, como a BR-101, por exemplo, que liga a capital fluminense ao Espírito Santo. A CNT calculou que as condições do pavimento elevam o custo operacional do transporte rodoviário em 22,1%, com impacto direto no preço dos produtos e na competitividade das empresas.

Apenas para as ações emergenciais de reconstrução e restauração das vias, com a implementação de sinalização adequada, a CNT estima R$ 730,99 milhões em investimentos no Rio. Já para a manutenção o custo seria de R$ 244,55 milhões.

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