Estrada do Contorno sem data para virar realidade

Este e outros assuntos foram apresentados em entrevista exclusiva com o secretário estadual de Transportes, Carlos Roberto Osório
sexta-feira, 09 de outubro de 2015
por Márcio Madeira
(Foto: Lúcio Cesar Pereira)
(Foto: Lúcio Cesar Pereira)

Após tomar parte na Conferência de Inteligência Territorial de Nova Friburgo, na tarde da última quarta-feira, 7, o secretário estadual de Transportes, Carlos Roberto Osório, concedeu entrevista exclusiva à reportagem de  AVOZ DA SERRA na qual deu sua visão a respeito dos desafios no caminho da mobilidade urbana em Nova Friburgo, e atualizou a visão do governo do Estado a respeito da importância e da viabilidade de tantas vezes prometida estrada de contorno.

Elaboração participativa
“Bom, primeiro é preciso parabenizar a sociedade de Nova Friburgo por revisitar o Plano Diretor, e pela forma como o está elaborando. Eu acho que esse é o ponto fundamental. Se estamos pensando em olhar para a frente, não podemos fazer isso sem pensar num Plano Diretor revisado, adequado, e que esteja em consonância com o Plano de Mobilidade da cidade. Fiquei muito satisfeito e animado com o que eu vi aqui, com o nível de apuramento técnico desse trabalho. Esse é o caminho certo.”

Desafios locais
“Friburgo tem alguns desafios que são comuns às grandes cidades brasileiras. Nós temos que debater a mobilidade, e o Plano Diretor tem que indicar isso. Friburgo é uma cidade com uma topografia extremamente desafiadora. Não é simples operar uma cidade com duzentos mil habitantes no relevo e na topografia que nós temos, e isso torna ainda mais necessário um bom trabalho de Plano Diretor, com bom zoneamento, com a identificação das áreas que são próprias para uma atividade industrial, agropecuária, ou residencial, e levar em consideração a questão do risco de deslizamentos, a questão da nossa bacia hidrográfica. E eu vi esse tipo de cuidado direcionando o Plano Diretor de Friburgo.”

Opções de curto prazo
“Alguns temas nós vamos ter que tratar. Enfim, a gente observa uma motorização muito alta em Friburgo, pelo fato da renda média da população ser elevada. E, naturalmente, com o crescimento da frota de Friburgo nos últimos anos, nós não temos capacidade viária para acomodar essa frota. Então é necessário um gerenciamento da nossa malha viária existente, através de algumas restrições de horários, por exemplo, para a circulação de tráfego pesado. E também uma racionalização do transporte público, que já está se tentando fazer...”

Estrada do contorno
“Todas essas medidas são muito importantes, mas nós não podemos tapar o sol com a peneira. Solução estrutural para a mobilidade em Friburgo passa, necessariamente, pela construção da estrada do contorno. Nós não podemos ter, no longo prazo, essa situação do centro da cidade ser também um centro de passagem. Quanto mais cresce o Estado e a região, mais isso acaba sendo um transtorno para o friburguense, e também para o próprio desenvolvimento da região. É a realidade da produção que tem que ser escoada, que se perdem horas, agrega tempo em transporte... Então é chegada a hora de enfrentar esse desafio.”

A posição estadual
“Bom, nós temos a própria palavra do governador. Ele compreende absolutamente a prioridade deste investimento. Mas nós temos que reconhecer que passamos por um momento de grande restrição orçamentária, não apenas do Estado, mas da própria União federal, que ajuda e financia projetos de infraestrutura. Então nós entendemos que o momento inicial é de planejar. Ou seja: um momento de reavaliar, sentar com a concessionária privada, com a Agetransp, com o DER, verificar como está essa concessão e trabalhar no projeto. O momento é de desenvolver esse projeto, discutir com a sociedade, encontrar as soluções de engenharia para que o projeto atenda a todas as exigências do ponto de vista ambiental, do ponto de vista urbanístico e também do ponto de vista viário. Entendo que o desafio inicial é encontrar as maneiras de elaborar e discutir esse projeto com a sociedade de Friburgo e, a partir daí, buscar sua viabilidade econômica e financeira. Com muita clareza: acho difícil que no próximo ano nós tenhamos recursos para entrar em obras, mas nós deveríamos dedicar 2016 a elaborar esse projeto, refinar esse projeto, detalhar esse projeto, e buscar sua viabilidade econômica.”

Possibilidades
“Como a RJ-116 se trata de uma rodovia concessionada, nós temos algumas saídas. Posso dar o exemplo do que fizemos recentemente junto com o governo federal na Via Dutra, que é uma rodovia federal concessionada. Nós precisamos de um investimento de R$ 1,5 bilhão para a construção da nova descida da Serra das Araras, no sentido São Paulo x Rio de Janeiro. E também precisamos da construção de variantes na Baixada Fluminense, de pistas marginais e trechos em terceira faixa. Ou seja, identificamos um conjunto de investimentos necessários à Dutra. Discutimos com o governo federal e ele autorizou que a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) prorrogue o prazo de concessão em contrapartida a esses investimentos, porque o Dnit não tem os recursos para fazer essas obras. Essa foi uma solução criativa para viabilizar os investimentos na Dutra. E nós não vamos aumentar a tarifa do pedágio para esse fim, ela simplesmente será cobrada por mais tempo. Aqui, na estrada do contorno, nós temos um desafio, porque não temos o mesmo fluxo de veículos que passam pela Dutra. Mas talvez esse aumento no prazo possa representar parte da solução. Pode não ser a solução inteira, eventualmente pode ser necessário o aporte de recursos públicos, mas primeiro nós temos que ter o projeto. Por isso eu insisto que o caminho é revisitar o projeto, refinar o projeto, discutir com a sociedade e fechar o planejamento. A partir daí, com todas as informações, com o orçamento e o traçado definidos, nós vamos buscar sua viabilidade econômica e financeira, que necessariamente passa por um acordo com a concessionária. Temos que observar que toda essa parte de planejamento pode ser feita a baixo custo, inclusive pela própria concessionária privada, sem a necessidade de recursos do Estado.

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