Estiagem em Friburgo pode começar a ameaçar lavouras

Abastecimento na área urbana está normal. Municípios vizinhos, no entanto, já estão racionando água
sexta-feira, 29 de setembro de 2017
por Alerrandre Barros
Estiagem em Friburgo pode começar a ameaçar lavouras

Enquanto moradores dos municípios vizinhos de Duas Barras, Cordeiro, Cantagalo, Teresópolis e Rio das Ostras estão racionando o consumo de água, quem vive em Nova Friburgo ainda não sentiu os efeitos da estiagem no abastecimento, mas as lavouras na zona rural podem começar a sofrer com a chuva que não cai por aqui há cerca de dois meses.

“Os principais sistemas locais de abastecimento, Rio Grande de Cima e Debossan, estão com as suas operações normais,” informou na última semana a Águas de Nova Friburgo, concessionária responsável pelo fornecimento de água na área urbana.

Em Conquista, localidade do distrito rural de Campo do Coelho, os moradores e produtores de hortifrutigranjeiros ainda não começaram a enfrentar dificuldades com a estiagem, mas, segundo o presidente da Associação dos Produtores Rurais de São Lourenço, Dirceu Tardem, se não chover abundantemente em até 15 dias, os impactos podem começar a aparecer nas lavouras.

“A falta de chuva só está afetando, por enquanto, o valor da irrigação, porque o equipamento precisa ficar mais tempo ligado durante o dia. Isso onera o produtor que está usando mais óleo e a energia elétrica para irrigar a lavoura. Há produtores que estão deixando a máquina ligada das 13h às 17h”, disse.

Apesar de o abastecimento de água estar normalizado, Friburgo sofreu no último mês com as queimadas nas vegetações que cobrem os morros e montanhas. Em setembro, o Corpo de Bombeiros registrou 189 casos até o último dia 27, a maioria próximo a residências. O número é cinco vezes maior que o mesmo período do ano passado.

Para auxiliar no combate a tantos incêndios, o Corpo de Bombeiros recebeu reforços. O helicóptero do Grupamento Operacional Aéreo (GOA), do Rio de Janeiro, foi usado para sobrevoar diversas localidades nos últimos dias, inclusive para encontrar possíveis novos focos em locais de difícil acesso.

“Ano passado, por exemplo, o período de estiagem já começou com queimadas, esse ano os incêndios em vegetação estão sendo tardios porque os dias secos demoraram a chegar. Fatores como umidade e temperatura fazem culminar no aumento ou diminuição do índice de fogo em vegetação”, comentou comandante do 6º GBM, tenente-coronel Fábio Gonçalves.

A última estiagem que castigou Friburgo ocorreu em 2015. O calor intenso à época aliado ao volume baixo de chuvas quase secou a adutora de Debossan, afetando 9,5% dos clientes em quase todas as regiões do município. O problema arrasou lavouras em Conquista e só não foi pior porque a Águas de Nova Friburgo realizou manobras no sistema e disponibilizou caminhões-pipa para as áreas mais afetadas.

Sem chuva, outubro terá bandeira vermelha

Pelo menos 14 municípios do interior fluminense tiveram recentemente o fornecimento de água reduzido pela Companhia Estadual de Águas e Esgotos (Cedae). Além dos já citados, São Gonçalo, Miracema, Angra dos Reis, Paty do Alferes, Macaé, Rio das Ostras, Barra de São João, Varre-Sai, Maricá e Magé estão racionando água. Neste fim de semana, há previsão de chuvas para o Sudeste do Brasil atingindo o Sul Fluminense e a Região Serrana, segundo a meteorologista Marlene Leal, do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), mas nada que mude a situação de estiagem.

A meteorologista destacou que choveu muito pouco em setembro. O último registro foi no último dia 1º. Além disso, as chuvas, que normalmente ocorrem quando há transição de estação, estão com certo atraso e só devem começar a aparecer nos primeiros dez a quinze dias de outubro. Por causa da pouca chuva na região das hidrelétricas do país, o governo pode adotar pela primeira vez a bandeira vermelha patamar 2 em outubro e novembro. A cada 100 quilowatts/hora, o consumidor pode pagar mais R$ 3,50. Até a sexta-feira, 29, porém, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) não havia batido o martelo. O horário de verão, aliás, foi mantido pelo governo e começa no dia 15 de outubro. Os relógios deverão ser adiantados em uma hora.

 

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