Empresa alvo da Lava Jato forneceu merenda escolar em Friburgo

Requerimento de informação vai solicitar detalhes sobre contratos da Milano com a Secretaria de Educação
terça-feira, 06 de junho de 2017
por Márcio Madeira
Empresa alvo da Lava Jato forneceu merenda escolar em Friburgo

A Masan Serviços Especializados não foi a única das empresas que integram o cartel alimentício chefiado por Marco Antônio de Luca a prestar serviços em Nova Friburgo. A VOZ DA SERRA apurou que a Comercial Milano, igualmente comandada pelo empresário detido durante a operação “Ratatouille” na última quinta-feira, 1º de junho, também atuou na cidade em anos recentes, através de contratos de âmbito municipal firmados junto à Secretaria de Educação.

A extensão e os detalhes envolvendo o fornecimento de merenda escolar a unidades da rede municipal de ensino ainda não são plenamente conhecidos. Um requerimento de informações questionando aspectos como quantidade, duração e os valores de tais contratos está sendo formulado pelo gabinete do vereador Professor Pierre, e será apresentado ao plenário nos próximos dias. A Câmara Municipal, deste modo, passa a desempenhar papel fundamental para que se possa estabelecer a necessária base factual, a fim de que o objeto de investigação seja bem definido e encaminhado ao Ministério Público.

Marco Antônio de Luca é citado na contabilidade do esquema de corrupção do ex-governador Sérgio Cabral, sob o codinome “Loucco”. Desde o início da gestão peemedebista no Palácio Guanabara, em 2007, as empresas de seu cartel alimentício somaram cerca de R$ 8 bilhões somente em contratos estaduais, e a força-tarefa da Polícia Federal concluiu que o clã pagou ao menos R$ 12,5 milhões em propina para ser favorecido em procedimentos de concorrência.

De Luca também já havia sido um dos alvos da Polícia Federal na operação “Quinto do Ouro”, que no fim de março prendeu cinco conselheiros do Tribunal de Contas do Estado (TCE), com autorização do Superior Tribunal de Justiça. Na ocasião ele foi conduzido coercitivamente para depor na Superintendência da PF, e teve seus telefones e equipamentos eletrônicos apreendidos.

Masan se defende

Em nota distribuída por sua assessoria, a Masan afirmou que Marco Antonio de Luca não integra os quadros da empresa desde agosto de 2015 e nunca participou do quadro societário da Milano.

Segundo a nota, a Masan trabalha com o governo do estado  desde 2005, antes do início da administração Sérgio Cabral, e todas as licitações ganhas  foram pela modalidade de menor preço. A Masan ressaltou ainda que nunca foi condenada por qualquer tipo de irregularidade.

A empresa alegou ainda que sofre hoje, como todos os prestadores de serviços, com a inadimplência do governo do estado, que chega à casa de R$ 70 milhões. O passivo, iniciado em 2010, vem sendo cobrado na instância administrativa, afirma a nota.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
TAGS: Lava Jato | investigação | masan
Publicidade