Dois anos depois, a cena volta a se repetir. Vestidos com o tradicional azul e branco, o Corujão voa mais alto que os rivais para subir no pódio e levantar o troféu de campeão da Supercopa SAF 2015. Para recuperar a hegemonia do futebol municipal, o time de Olaria teve uma difícil missão. Na verdade, um tira-teima contra o Vargem Alta, também finalista nas três edições do torneio.
Como esperado, o equilíbrio predominou durante os 90 minutos, e o entrosamento do ataque do Corujão fez a diferença para a vitória por 3 a 2 na tarde deste domingo, 5, no Estádio Marcio Branco, em Stucky. O time alvinegro lutou até o último minuto, quando por pouco não conseguiu o empate, e valorizou ainda mais o torneio e o título da equipe de Olaria. Pela segunda vez em três anos, a festa acontece no maior bairro de Nova Friburgo.
Como alento ao time de Vargem Alta, o goleiro Fernando foi premiado como o menos vazado da competição. Fabrício, do Stucky, foi o artilheiro desta edição com seis gols marcados. Ambos receberam troféus das mãos das autoridades presentes e dos coordenadores Jorge Freiman, Jaílson Silveira e Vanderlei Patueli.
Precisão e golaços
Protagonistas no cenário do futebol amador municipal, lá estavam Corujão e Vargem Alta para a disputa de mais um troféu. O jogo pedia uma arbitragem de alto nível, e desta forma, o juiz do quadro da Fifa Marcelo de Lima Henrique comandou o espetáculo, auxiliado por Wagner Rosa, também árbitro profissional. Depois das partidas preliminares — entre os times sub-12 dos projetos do bairro Rui Sanglard e o Sementinhas do Stucky e, na sequência, o duelo entre Sementinhas e São Pedro da Serra no feminino — e da apresentação do ponto cultural de Olaria, a bola rolou para a grande final.
O nervosismo era perceptível em alguns jogadores. Nas arquibancadas, milhares de torcedores esperavam por alguma bela jogada ou um drible desconcertante. Depois de um início de jogo bastante truncado, o torcedor foi presenteado com a cobrança de falta de Roosevelt no ângulo, aos dez minutos, colocando o Corujão em vantagem no marcador. Até o lance do gol, muitas outras faltas foram assinaladas. E o panorama pouco mudou. Daria pra citar apenas o lençol de Deivid, que resultou em finalização fraca, ou mesmo uma nova finalização do camisa 11 que deu trabalho para Fernando. O que fez a diferença, no entanto, foi a precisão na bola parada. O Vargem Alta teve falta na intermediária, e depois da cobrança belíssima no travessão, Eduardo aproveitou o rebote com estilo para empatar. Do mesmo modo, Roosevelt teria mais duas oportunidades relativamente semelhantes à que teve quando abriu o placar. Na primeira falta mandou por cima, e na segunda, parou em Fernando na cobrança rasteira. A partir dos 30 minutos, o ataque do Corujão parece ter acordado. Marcinho e Deivid participaram de forma mais ativa, e aos 45 minutos, uma bela triangulação terminou com o passe de Deivid e o gol de Marcinho.
Eletrizante até o fim
As emoções estavam apenas começando. No entanto, o placar no Estádio Marcio Branco apontava vantagem para o Corujão, que tentava manter a posse de bola nos minutos iniciais do segundo tempo. O Vargem Alta explorava o jogo aéreo, mas teve no talento de Heitor, o grande trunfo para buscar o empate. Participativo, o camisa 10 chamou a responsabilidade e, de longe, acertou belo chute para deixar tudo igual aos sete minutos. O time da zona rural apostou em Alves, ex-Friburguense, mas foi Marcinho quem quase marcou aos 11. O autor do segundo gol do Corujão por pouco não conseguiu servir Deivid, travado no momento da finalização pela defesa alvinegra aos 23.
Em meio à tensão, o medo de arriscar e a vontade de vencer o jogo, foi o Corujão quem encontrou o meio termo e passou a ter a bola no campo de ataque. Se Deivid não marcou na decisão, voltou a ser decisivo na função de garçom. Aos 35 minutos, arrancou pelo meio e rolou para Guilherme bater cruzado. Fernando chegou a tocar na bola, mas não evitou o gol. Valente, o Vargem Alta não se entregou e se atirou ao ataque para buscar o empate pela terceira vez. O Corujão apostou nos contra-ataques, geralmente puxados por Taruan. O atacante, inclusive, quase balançou as redes em tentativa de bicicleta. Nos últimos momentos, o Vargem Alta tentou através de levantamentos à grande área. A defesa do time de Olaria ganhou quase todas, exceto a última bola. Contudo, Julio não conseguiu o equilíbrio necessário para finalizar com precisão. Este foi o último ato antes do apito final. Festa no lado azul e branco no Stucky.
Diferentes sensações
Ex-capitão do Vargem Alta, Roosevelt marca e leva título pelo Corujão
Não é só no profissional que a busca por reforços é intensa antes da temporada de campeonatos. No futebol amador de Nova Friburgo, o mercado sempre fica aquecido às vésperas das competições, e para este ano, Roosevelt foi uma das principais novidades do Corujão.
Apesar de ter características de marcação, o volante mostrou que é preciso nas cobranças de falta ao abrir caminho para o título da equipe de Olaria. O ex-capitão do Vargem Alta teve a oportunidade de marcar e conquistar a Supercopa contra o antigo clube.
“Tem um gosto especial, e é uma sensação diferente. Respeito muito o Vargem Alta, e amanhã posso estar lá de novo. Mas agora estou feliz com o título, que dedicamos à Nazaré (uma das fundadoras do Corujão)”, comentou.
Camisa oito e capitão do Corujão, Douglas voltou a erguer o troféu do principal torneio de futebol amador do município dois anos depois. Na opinião do meia, o entrosamento fez diferença a favor do Corujão na grande final. “Eu tenho muitos anos de Corujão, o Marcinho e outros jogadores também. Isso faz diferença. Só temos que agradecer a todo o apoio do Fabrício, da Nazaré e a todos. É muito bom poder levantar o troféu novamente. Esse é apenas um gesto, afinal de contas o título é de todos.”
Árbitro da final, Marcelo Henrique comenta diferença do amador para o profissional
Acostumado às grandes decisões do futebol profissional, Marcelo de Lima Henrique teve uma experiência diferente neste domingo, ao apitar Corujão e Vargem Alta. O árbitro teve como auxiliar Wagner Rosa, da Confederação Brasileira de Futebol. Marcelo aplicou apenas dois cartões amarelos, e conseguiu controlar bem o jogo decisivo. Convidado por Rosa, ele comentou a diferença entre apitar jogos profissionais e amadores.
“A diferença existe pelo fato da profissão e repercussão, mas nos dois casos é uma grande responsabilidade. A gente sabe que os times investem bastante para chegar até a final. O futebol amador aqui de Nova Friburgo é forte, e as pessoas levam a sério. Então, temos que estar concentrados para procurar não errar”, comentou.
A relação de Marcelo Henrique com a cidade é antiga. O filho, Marcelo de Lima Henrique Filho, é zagueiro do time de juniores do Friburguense. Não são raras as vezes em que o árbitro comparece ao Estádio Eduardo Guinle para prestigiar o garoto. “O trabalho de base do Friburguense é muito bom, e por isso o meu filho está aqui para tentar a carreira. Vamos ver se vai dar certo”, brinca.
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