Cosme e Damião deixam ruas lotadas de crianças em busca de doces

Localidades como Perissê, Chácara do Paraíso, Nova Suíça, São Jorge e Olaria foram os principais pontos de distribuição em Friburgo
quarta-feira, 27 de setembro de 2017
por Dayane Emrich
Multidão de crianças à espera por doces no Perissê (foto: Henrique Pinheiro)
Multidão de crianças à espera por doces no Perissê (foto: Henrique Pinheiro)

Como manda a tradição, nesta quarta-feira, 27, crianças de todo o país foram às ruas à procura dos famosos doces de São Cosme e Damião. Em Nova Friburgo, localidades como Perissé, Chácara do Paraíso, Nova Suíça, São Jorge e Olaria foram os principais pontos de distribuição. A caçada pelas guloseimas começou cedo, seguiu durante todo o dia e foi marcada, é claro, por muita alegria e animação.

É o que conta a dona de casa Simone Hottz, de 31 anos. Além das duas filhas, ela acompanhou um grupo de outras 15 crianças. “Saímos de casa às 7h30 e vamos voltar só quando o sol passar. Todos os anos trago as meninas e os seus amiguinhos. Apesar de ser cansativo, eles se divertem muito e é isso que importa”, disse ela, contando que cada criança pegou cerca de 20 sacolinhas.

Quem também enfrentou o sol quente e o calor para “catar doces” com a criançada foi a funcionária pública Tatiana Martins, de 35 anos. “Vim com uma amiga e seis crianças: minha filha de seis anos, um sobrinho e outros amiguinhos. Viemos da Fazenda Bela Vista para catar doces aqui no Perissê, já que lá não tem distribuição. Acho muito legal trazer as crianças para que elas mantenham essa tradição”, contou.

Apesar de aos poucos estar perdendo a força na cultura popular, a corrida pelos doces ainda resiste, graças a devotos dos santos como Dona Magalene Pereira, de 64 anos. “Distribuo doces há mais de 30 anos por conta de uma promessa. Fico muito feliz em poder fazer a alegria das crianças e, além de tudo, ajudar a manter essa brincadeira. Esse ano preparei 100 sacolinhas. Dei algumas na parte da manhã e mais algumas agora a tarde”,  disse ela.

Além dos saquinhos, com pipoca, maria mole, doce de abóbora e bananada, entre outros quitutes, teve quem distribuísse cachorros-quente,  refrigerantes e brinquedos. É o caso do João Moura, de 69 anos. “Segui a tradição dos meus avós e pais que sempre distribuíam doces para a criançada. Já cheguei a dar mais de 700 sacolinhas. Este ano, optei por reduzir o número para 400 e, junto, oferecer o lanche e uma bola para cada criança”, afirmou.  

A professora Helena Souza de Melo, de 36 anos é outra que preserva a tradição em Friburgo. Os pais dela herdaram o costume e, desde pequena, ela ajuda no preparo dos saquinhos. Ao todo, são quase 40 anos que a família de Helena distribui doces às crianças e, segundo ela, a ideia é continuar passando essa tradição para as próximas gerações. Este ano foram 250 saquinhos repletos de doces. “A gente começa a se mobilizar para a data com um mês de antecedência. A família toda ajuda, meus filhos, sobrinhas, minha mãe e minha avó. É um verdadeiro evento”, falou.

Apesar de no catolicismo a data em homenagem a Cosme e Damião ser celebrada no dia 26, a maioria das pessoas celebra o dia dos irmãos em 27 de setembro (dia que os santos são cultuados no candomblé e na umbanda), por causa da tradicional distribuição de doces.

 

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