Cônsul suíço visita Nova Friburgo para acertar detalhes dos 200 anos

Evento não deve se restringir apenas aos festejos mas à reflexão do cidadão suíço sobre a sua própria história
sábado, 03 de dezembro de 2016
por Ana Borges
Giancarlo Fenini, cônsul geral da Suíça (Foto: Henrique Pinheiro)
Giancarlo Fenini, cônsul geral da Suíça (Foto: Henrique Pinheiro)

O presidente da colônia suíça de Nova Friburgo, Geraldo Thurler, recebeu a visita do cônsul geral da Suíça, Giancarlo Fenini, e o vice-cônsul Christophe Vauthey, para dar início aos preparativos da comemoração dos 200 anos de fundação do município. O encontro ocorreu na última quarta-feira, 30.

O grupo fez um passeio pelos principais pontos turísticos da cidade, iniciando pela Queijaria-Escola, em Conquista, seguindo para a Praça do Suspiro, depois Country Clube, Fundação D. João VI, abrigada no Casarão do Barão, e pelas principais ruas do Centro. O cônsul é membro do conselho do Instituto Fribourg-Nova Friburgo e agendou nova visita para o primeiro trimestre do próximo ano.

Esbanjando simpatia, Giancarlo Fenini faz questão de destacar que é “cônsul também para a Região Serrana, além de todo o norte do Brasil, a partir do Rio de Janeiro. As ligações que nós temos com Nova Friburgo datam de mais de 200 anos, desde quando foi firmado o acordo de imigração entre o então príncipe D. João e o emissário do cantão de Fribourg. Naquele acordo ficou definida a criação desta cidade maravilhosa, e agora, 200 anos depois, nos juntamos para celebrar seu bicentenário”, disse.

Com este objetivo o cônsul esteve em Nova Friburgo para se inteirar e participar da organização da festa, que pretende que seja “um evento digno da data”. Segundo ele, a cooperação entre os dois países, Brasil e Suíça, “não deve se restringir apenas ao nível de cantão de Fribourg e o município friburguense, mas entre toda a federação suíça e o Brasil. Vamos tentar envolver também os outros cantões de onde partiram centenas de suíços neste movimento que eu chamo de êxodo. Porque foi isso que aconteceu, um êxodo”, reiterou o cônsul.     

Ele lembrou que partiram em direção ao Brasil 436 famílias — cerca de 2.500 pessoas — de diversas partes de seu país. “A primeira tarefa que nós temos é divulgar a Suíça, trazendo para cá pessoas representativas do que considero uma dívida histórica que temos com esta cidade. Fribourg está organizando um grupo, segundo apuramos, de umas 400 pessoas, o que vai exigir toda uma logística para não apenas acomodar, mas planejar deslocamentos, eventos, solenidades. Também precisamos conferir se nesta turma há pessoas oriundas de lugares diversos, das mesmas famílias, para fazer uma combinação entre suíços e seus descendentes aqui”, explicou.   

Um encontro mais abrangente com cidadãos dos dois países

Na lista de convidados constam ainda autoridades políticas e empresários para fortalecer os laços entre as duas cidades, na área econômica e social, o que Fenini considera relativamente fácil, devido à ligação consolidada, iniciada nos anos 1970. “Sabemos dos esforços da Associação, a cada ano, em agosto, na promoção da imagem da Suíça. No aniversário de 200 anos, queremos fazer uma comemoração que não se limite ao lado, digamos ‘folclorístico’, mas que seja algo mais amplo e que produza resultados palpáveis, inclusive politicamente falando, sem esquecer, naturalmente do clima de revival que a data merece”, antecipou.       

Quanto a encontros com a classe política local, o cônsul vai aguardar os contatos da Associação com a nova administração que assume em janeiro. Ele se diz confiante em relação às possibilidades de parcerias e apoios. “Entre os dois primeiros meses de 2017, vamos realizar uma Assembleia Geral do nosso instituto — Casa Suíça — aqui em Nova Friburgo, com a presença de membros que moram na Suíça, como o Maurício Pinheiro (historiador) entre outros. Um pequeno, mas representativo comitê estará presente para decidir a direção que aquele casarão onde funciona a queijaria/chocolataria, deverá ter”, ressaltou.

De acordo com ele, o primeiro passo será criar um grupo formado por cidadãos suíços, de membros do consulado e da comunidade local para conversar com o novo chefe do Executivo. “Pretendemos ter um encontro com o novo prefeito com ideias bem claras, não apenas uma visita de cortesia. Queremos levar alguns projetos que sejam plenamente realizáveis, e iniciar uma parceria de fato, que realmente dê resultados. Queremos vislumbrar o futuro de Nova Friburgo, de nossas relações, que queremos aprofundar mais”, disse Fenini.                 

Uma miss culta e interessada na odisseia dos suíços

O cônsul lembra que ele e o vice-cônsul, Christophe Vauthey, tiveram a ideia “bastante interessante” de aproveitar o potencial da atual miss Suíça, Lauriane Sallin, jovem estudante de História da Arte. “Além da beleza e carisma, ela é culta e sensível, e tem bom trânsito nas mídias, onde conquista a todos com a sua delicadeza no trato. Por todos esses predicados, naturalmente ela é uma excelente presença na divulgação do país”, comentou. [Aqui, Fenini citou a entrevista feita com Lauriane publicada em A VOZ DA SERRA quando de sua primeira visita a Friburgo, em agosto]. Ela também marcou presença na Casa Suíça, durante a Olimpíada, no Rio. 

“Aquela menina é inteligente, agradável e carismática, e será a nossa embaixatriz aqui nas festividades em 2018. Ela está preparada para lidar com a imprensa, e tem desenvoltura para lidar com o público, algo que ela pratica no seu dia a dia em Fribourg, onde mora. Desde menina ela tem curiosidade sobre o Brasil, por causa de um showroom perto de sua que conta a história da vinda dos suíços para o Brasil, e a dura travessia no Atlântico”, resumiu Fenini.

Ele pensa que os suíços não conhecem este passado de privação, das guerras napoleônicas, dos tempos em que todo o povo passava fome. “Acho que o povo suíço não lembra ou esqueceu, ou as gerações mais novas não aprenderam ou não se interessaram em saber como era seu país no século 19. Quem conhece a própria história, sabe que a Suíça já foi um dos países mais pobres da Europa. Quando nos empenhamos em fortalecer laços como esse que temos com Nova Friburgo, nosso propósito não se limita a festejar, mas também instigar nossos conterrâneos a refletirem sobre o seu passado”, encerrou o cônsul Giancarlo Fenini.   

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