Centro de Cidadania LGBT tem salários atrasados há três meses

Em Friburgo, equipe do programa estadual Rio Sem Homofobia continua trabalhando, apesar das dificuldades
quinta-feira, 01 de fevereiro de 2018
por Alerrandre Barros
O Centro de Cidadania Hanna Suzart funciona na antiga Rodoviária Leopoldina, ao lado da prefeitura   (Foto: PMNF)
O Centro de Cidadania Hanna Suzart funciona na antiga Rodoviária Leopoldina, ao lado da prefeitura (Foto: PMNF)

As portas do Centro de Cidadania LGBT Hanna Suzart, em Nova Friburgo, continuam abertas, apesar de a equipe não receber os salários há três meses. Vinculadas ao Rio Sem Homofobia, programa do governo estadual que é uma referência internacional, as quatro funcionárias, não sabem ainda quando voltarão a receber os pagamentos em dia.

“Os salários não estão sendo pagos pontualmente, mas continuamos trabalhando apesar disso. Os atrasos nos pagamentos ocorrem desde meados de 2015. Por conta da falta de recursos suficientes, também não conseguimos realizar visitas que antes fazíamos em cidades vizinhas”, disse a coordenadora do Hanna Suzart, Sílvia Furtado.

Multidisciplinar, a equipe do Centro de Cidadania é formada por uma assistente social, uma psicóloga e uma advogada, além de Sílvia, que atende cerca de 30 pessoas por semana no espaço. O Centro de Cidadania LGBT funciona na antiga rodoviária Leopoldina, prédio anexo à sede da prefeitura, na Avenida Alberto Braune, no Centro.

Em parceria com o governo do estado, a prefeitura cedeu o local para funcionamento do Hanna Suzart e também contribui com o pagamento pelo fornecimento de água, energia elétrica, internet e manutenção das salas. Os equipamentos e materiais para atendimento da população pertencem ao estado, que também é responsável pelo financiamento do serviço e pagamentos dos salários.

Contratadas via convênio gerido pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), a equipe do Rio Sem Homofobia vem recebendo os salários com atraso desde o fim de 2015, quando o programa começou a ter o orçamento contingenciado devido à crise financeira do governo do estado. Na capital, em Duque de Caxias e Niterói, os Centros de Cidadania LGBT também passam por dificuldades.

O Centro Hanna Suzart funciona em Nova Friburgo desde 2007, e atende a outras 13 cidades da região, oferecendo capacitação para servidores públicos no atendimento de vítimas de discriminação e, sobretudo, acolhimento atendimento social e jurídico à população LBGT, atuando no combate à violência e inclusão no mercado de trabalho.

Na última segunda-feira, 29 de janeiro, Dia Nacional da Visibilidade Trans, por exemplo, o Centro de Cidadania promoveu uma roda de conversa e uma ação educativa em um dos shoppings da cidade para capacitar profissionais da segurança e de outros departamentos. Entre os temas abordados, o tratamento pelo nome social, como o pessoa prefere ser chamada, e o uso dos banheiros.

O Brasil é o país com o maior número de assassinatos de travestis e transexuais no mundo. De acordo com dados da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra), só no ano passado, uma pessoa trans foi assassinada, por crime de ódio, em um espaço de 48 horas, sendo contabilizados 179 assassinatos.
    "O poder público e a sociedade precisam mostrar que essas vidas importam. A proteção social precisa chegar a essas pessoas, elas precisam ser respeitadas nas suas especificidades como ser humano com acesso a saúde, educação e uma grande mobilização entre setores das políticas públicas para a sua inserção no trabalho", disse Sílvia Furtado.
    Sobre o atraso nos salários das funcionárias do Centro Hanna Suzart, a Secretaria estadual de Direitos Humanos e Políticas para Mulheres e Idosos informou, em nota, que o Rio Sem Homofobia será mantido e prevê quitar os salários de novembro e dezembro ainda nesta primeira quinzena de fevereiro.

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