Cascatinha ganha novo parque infantil mas continua cercado de problemas

Localizado a 5 quilômetros do Centro, o bairro Cascatinha é um dos mais tradicionais da cidade, estando cercado de muito verde e ar puro. Com cerca de cinco mil moradores — segundo dados extraoficiais —, o bairro oferece uma boa qualidade de vida e é muito procurado por friburguenses e turistas que querem se divertir devido às várias opções de roteiros gastronômicos e de passeios ao ar livre. Apesar de referência turística, o Cascatinha apresenta vários problemas de infraestrutura que estão prejudicando a comunidade, conforme constatou a equipe de A VOZ DA SERRA em visita esta semana ao bairro. 

Um dos pontos críticos é a Praça Protházio Correia da Silva, uma das principais áreas de lazer do Cascatinha. Há uma semana, o terreno anexo ao local ganhou um novo parquinho infantil para o lazer da garotada. O restante da praça, entretanto, permanece em condições precárias, com jardins mal cuidados, bancos quebrados e falta de grades. "A praça está suja e mal conservada e deveria ter um guarda para fazer a segurança”, disse uma moradora que preferiu não se identificar.

A inauguração do parquinho no terreno também foi alvo de críticas da comunidade. Isso porque pôs fim a uma antiga reivindicação para construção de uma quadra de esportes no local. Um projeto nesse sentido chegou a ser elaborado, mas não saiu do papel. "A maioria dos bairros da cidade possui uma quadra de esportes, mas nós aqui não temos. Poderiam ter instalado os brinquedos do parquinho na praça e aproveitado o terreno para fazer a quadra”, observou o estudante Jefferson Schimidt de Azevedo. 

Hotel abandonado, buracos, falta de iluminação, ponte precária e cavalos soltos estão entre as queixas

Outros problemas que afetam a comunidade podem ser verificados em diversos pontos do bairro. Entre eles estão a falta de iluminação e a pavimentação precária, com ruas esburacadas e até sem calçamento. "Onde minha mãe mora, na Rua Aratu, não há calçamento e falta iluminação, que é cobrada na conta de luz”, reclama o pintor Wagner Franco David. Queixa semelhante tem a comerciante Cléa Guimarães. "A Rua Edvaldo Cunha está cheia de buracos e com a iluminação ruim”, diz ela. 

A utilização das ruas do bairro como pasto de cavalos também continua ocorrendo e é uma queixa antiga da comunidade. "Até o parquinho recém-inaugurado estava sendo ocupado pelos cavalos. As pessoas ficaram inconformadas e reclamaram do fato por causa do risco para as crianças. Agora estão fazendo um muro para proteger o parque da invasão de animais”, conta a comerciante Cléa. 

O abandono do antigo Hotel Interpass, na Estrada do Cascatinha, é mais um problema. A construção, outrora um marco do bairro, está em ruínas e sintetiza o sentimento de abandono que muitos moradores declaram ter em relação à limpeza e manutenção da localidade. "Os pontos centrais do bairro ainda têm alguma conservação, mas as áreas mais afastadas estão muito largadas”, afirma o comerciário Pedro Jorge Cunha.

A falta de uma creche no bairro que atenda as crianças menores de dois anos completa a lista de demandas da comunidade. "Minha esposa não pode trabalhar porque não tem onde deixar nossa filha. Aqui as escolas só atendem as crianças com mais de dois anos”, critica Wagner David.

Referência do bairro, Parque Municipal é outro alvo de reclamações quanto a má conservação

O Parque Municipal Juarez Frotté é a principal referência de turismo e lazer do bairro, estando distribuído em uma área de 65 mil metros quadrados cercada de pontos remanescentes de Mata Atlântica, quedas d’água e duas piscinas naturais de médio porte. Apesar disso, o local vem deixando a desejar no que se refere a manutenção. "Os banheiros estão sucateados e o parque está bem largado. Soube que tem apenas um funcionário para cuidar de toda a área, que é muito grande. É preciso um reforço na equipe para melhorar essa situação”, afirma um frequentador que preferiu não se identificar. 

A comunidade também reivindica a instalação de um posto para prestar atendimento de primeiros-socorros e a construção de outra guarita de vigilância na parte alta e de uma área coberta para abrigar os visitantes da chuva. 

Vale lembrar que a sede do Batalhão de Polícia Florestal e Meio Ambiente funcionou por um tempo no local. Viveiros para abrigar aves que eram apreendidas pelo destacamento ainda podem ser vistos na área, que atualmente é protegida pela Guarda Municipal e está aberta ao público de quarta a domingo, das 9h às 17h.

O acesso ao parque, localizado na Rua Francisco Almeida Sobrinho 261, é outro motivo de reclamações de moradores e frequentadores, que criticam o mau estado da ponte na referida rua. "Há anos que pedimos o reparo dessa ponte que também é muito estreita. Os acidentes são comuns no local. Acho que o Cascatinha está precisando de mais cuidados da prefeitura porque temos muitos problemas. Pagamos um IPTU alto e merecemos mais atenção”, desabafa Cléa Guimarães.