Casas da vila operária da Filó começam a ser demolidas

Vazios há anos, imóveis serviam como moradia para funcionários da fábrica
quarta-feira, 19 de outubro de 2016
por Jornal A Voz da Serra
 Imóveis foram construídos por volta da década de 1930 dentro do complexo fabril (Foto: Henrique Pinheiro)
Imóveis foram construídos por volta da década de 1930 dentro do complexo fabril (Foto: Henrique Pinheiro)

Pelo menos cinco casas da vila operária da antiga fábrica Filó, na Vila Amélia, estão sendo demolidas. De acordo com moradores da localidade, o início da ação começou há cerca de dois meses. Operários têm feito a retirada de telhas e pedaços de paredes de forma que seja possível reutilizar parte do material, como os tijolos maciços.

Os imóveis foram construídos por volta da década de 1930 para serem utilizados como residência para os funcionários da empresa. No entanto, com o passar dos anos, as casas foram se esvaziando no mesmo compasso em que a indústria perdeu sua hegemonia.

O que intriga os poucos moradores que ainda vivem no local e muitos friburguenses de um modo geral é o motivo da demolição e o incerto destino dos imóveis que ainda existem. Há cerca de três meses a equipe de reportagem de A VOZ DA SERRA esteve no local. Na ocasião, uma das poucas moradoras que ainda permaneciam na vila afirmou: “Não temos uma informação precisa sobre o que farão com essas casas. Alguns imóveis têm sido utilizados para receber funcionários da fábrica que vêm de outros estados, mas, como são poucos moradores que restam, o medo de o benefício acabar é constante. Há até quem diga que a vila deve ser demolida para construção de apartamentos”, comentou a moradora na ocasião.

Em nova visita da equipe ao local, realizada na manhã desta quarta-feira, 19, o discurso de quem ainda vive na vila permanece o mesmo: “Não sabemos o que está acontecendo. Ninguém informou sobre o motivo dessa demolição e não avisaram se precisaremos sair daqui. Continuamos na incerteza”, disse a mesma moradora entrevistada em julho, que preferiu não se identificar.

Enquanto isso, sobram algumas especulações sobre o porquê da derrubada das casas. “Ouvi dizer que a Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro) comprou esse espaço também para construir alojamentos, mas não sei se é verdade”, comentou ontem um dos operários que faziam a retirada de tijolos do local.

“Pelo que ouvi falar informalmente, as casas foram demolidas devido às suas estruturas estarem supostamente condenadas”, afirmou um aluno do Instituto Politécnico da Uerj.

A direção da empresa Rosset em Nova Friburgo, a atual responsável pelo complexo fabril, no bairro Vila Amélia, foi procurada, mas os diretores informaram estar em uma reunião interna e não puderam atender a equipe de reportagem. O jornal também entrou em contato com a assessoria da Uerj para saber sobre as especulações de compra do imóvel, mas até o fechamento desta edição não obteve respostas.

As casas da vila operária possuem, em média, nove cômodos, além de varanda e quintal com lavanderia. De acordo com os moradores, para residir em um dos imóveis era preciso que pelo menos um membro da família fosse funcionário da fábrica, atual Rosset. 

Além disso, os moradores precisam efetuar um pagamento para manutenção do espaço que custa cerca de R$ 100. Caso seja dispensado, o funcionário tem três meses para sair da casa. 

A Prefeitura de Nova Friburgo informou ontem, 19, que não recebeu nenhuma solicitação formal sobre a demolição dos imóveis, portanto, não há autorização do município para o serviço que, inclusive, será objeto de fiscalização da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano Sustentável.     

 

Foto da galeria
Falta de esclarecimentos sobre demolição tem gerado série de especulações (Foto: Henrique Pinheiro)
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
TAGS: História de Nova Friburgo
Publicidade