A bebida dos deuses

O vinho certo é o que nos faz mais feliz
sexta-feira, 03 de julho de 2015
por Jornal A Voz da Serra
Flaminio Spreafico é o cara que está fazendo a diferença na gastronomia de Nova Friburgo
Flaminio Spreafico é o cara que está fazendo a diferença na gastronomia de Nova Friburgo
Flaminio Spreafico é o cara que está fazendo a diferença na gastronomia de Nova Friburgo. Tudo começou sem maiores pretensões, em julho de 2011, com o que viria a ser batizado de Mãos na Massa, um projeto que tinha como objetivo apenas dar oportunidade a qualquer pessoa que curtisse gastronomia de ser chef de cozinha, nem que fosse por um dia. Idealizador do projeto, do qual está à frente, desde então, Flamínio comemora quatro anos do evento que hoje é um sucesso indiscutível, atraindo chefs consagrados, de outros municípios e da capital do estado, e um público cada vez maior. Mãos na Massa funciona no mesmo espaço onde tudo começou: na Coopfeira (bairro Vila Amélia), na cozinha onde os pratos são preparados e a degustação é feita, e para cursos e aulas de gastronomia. Todos os sábados, a partir das 10h. Mas hoje ele está em nossas páginas para falar de vinhos. Afinal, é inverno! 

Beba seu vinho do jeito que gosta sem se preocupar com a opinião dos outros

Flaminio Spreafic

Light – Quando e por que você começou a se interessar por vinhos? Desde sempre, ou a partir do projeto Mãos na Massa?
Flaminio Spreafico - Desde que me entendo por gente me interesso por gastronomia. No início, ainda adolescente, ao me preocupar com a alimentação passei por várias fases, acho que como quase todo mundo — do arroz integral, o primeiro passo, ao radicalismo da macrobiótica, depois o vegetarianismo mais livre, e a cada questionamento quebrava um paradigma. Fui tomando gosto pela preparação dos alimentos e acabei me envolvendo com isso profissionalmente. E com o vinho. Cheguei à conclusão de que o melhor alimento para a saúde é o que é consumido com gosto. A moderação é importante e no caso de pessoas doentes, restrições são obrigatórias, mas dentro das limitações de cada um, sempre recomendo: “Não percam a alegria de comer bem!” Bom, acabei me envolvendo profissionalmente. O vinho veio como coadjuvante em um conceito de dieta em que prevalece o comer bem. 

Você tem preferência por alguma marca? Os nacionais podem ser classificados em que nível de qualidade?
Hoje o mapa da vitivinicultura tem mudado definitivamente e alguns conceitos estão ficando para trás. No embalo do aquecimento global, muitos produtores estão migrando para áreas onde antes nem se pensava em produzir vinhos. Os vinhos de regiões produtoras tradicionais vão mudando de perfil, e muita coisa está por acontecer. Vamos acompanhar.

Aqui no Brasil temos nos destacado na produção de vinhos espumantes de qualidade, conquistando diversos prêmios importantes em concursos no exterior. Nomes como Geisse, Pizzato e Valduga, entre outros, estão construindo esta história. Temos condição de produzir excelentes tintos, mas somente nas boas safras. É assim na maioria das regiões verdes do mundo vitivinícola. Nas regiões muito áridas o clima é mais regular e as variações entre safras são pouco significativas.

Tenho observado que mais jovens estão bebendo vinho. Essa novidade é consistente? 
Sim, não só entre jovens. Cada vez mais o consumo de vinho aumenta em todas as camadas e faixas etárias da sociedade. Os mitos que faziam do vinho uma bebida das elites vêm sendo derrubados e, apesar de aqui no Brasil pagarmos preços mais altos que em todo o resto do mundo, o vinho está ocupando seu espaço como a bebida mais saudável e social.

Qual a importância de harmonizar vinhos com determinados pratos?
A palavra harmonização, para algumas pessoas, pode parecer uma coisa do outro mundo. Tem gente que acha que isso é muito complicado, um bicho de sete cabeças, e realmente é! Se você é um sommelier profissional e precisa recomendar ao seu cliente uma harmonização perfeita você tem que saber bem o que está fazendo. Mas isso é para os profissionais. Se o que você quer é beber seu vinho e sentir prazer, comece entendendo que você não tem compromisso a não ser consigo mesmo, com o seu gosto, e que o melhor é o que você mais gosta. As regras gerais são suficientes neste caso, e podem ser inclusive descumpridas. Relaxe e entregue-se à experimentação!

Você concorda ou não que nem toda indicação para consumir este ou aquele vinho em certa época do ano seja imprescindível? 
Vamos falar de fondues, como exemplo, o prato mais pedido no inverno. A regra diz que os brancos vão melhor com a fondue de queijo. Eu concordo plenamente, quanto mais seco melhor para mim, mas se você prefere um tinto, escolha um leve, pouco encorpado e aproveite. 

E o que é um tinto pouco encorpado? 
Ah! Esse é tipo de recomendação desperta a curiosidade, não é mesmo? Este é um caminho longo e sem volta. Envolva-se e cairá num delicioso labirinto sem fim. Ou simplesmente beba seu vinho do jeito que gosta sem se preocupar com a opinião dos outros. 

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
TAGS: vinho | Mãos na Massa | Gastronomia
Publicidade