Bebê é internado na Maternidade com doença rara que causa fraturas

Após suspeita de maus-tratos, exames revelaram que criança não foi vítima de agressão
segunda-feira, 26 de setembro de 2016
por Alerrandre Barros
Unidade de Terapia Intensiva Neonatal do Hospital Maternidade (Foto: Arquivo A VOZ DA SERRA)
Unidade de Terapia Intensiva Neonatal do Hospital Maternidade (Foto: Arquivo A VOZ DA SERRA)

Um bebê de apenas 20 dias de vida está internado com fraturas no fêmur e no braço, desde o último fim de semana, na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Neonatal do Hospital Maternidade Dr. Mário Dutra de Castro. A menina foi diagnosticada com uma doença rara que causa fraturas no corpo — osteogênese imperfeita, ou doença dos “ossos de vidro”, como é conhecida popularmente. A criança, portanto, não foi vítima de maus-tratos como suspeitava a polícia.

“Essa doença é genética e hereditária, e é causada por uma deficiência na produção de colágeno, o principal constituinte dos ossos, ou de proteínas que participam do seu processamento. Isso causa fragilidade dos ossos que quebram com enorme facilidade. Por causa deste quadro, estamos buscando uma vaga para o bebê no Instituto Figueira Fernandes (IFF/Fiocruz), no Rio, especialista em doenças raras”, explicou a assistente social da Maternidade, Margarida Leão Ferreira.

A mãe, de 17 anos, é de Salinas, distrito de Campo do Coelho, e levou o bebê para o Hospital Municipal Raul Sertã na noite do último sábado, 24, porque a criança não parava de chorar. Na unidade de saúde, a equipe médica examinou a menina e identificou as fraturas no fêmur e no braço. A Polícia Militar foi acionada e como a mãe não soube explicar aos agentes o que causou os graves ferimentos no bebê, ela e mais uma testemunha foram levadas para a 151ª DP onde foi registrada ocorrência por suspeita de maus-tratos. Em seguida, o bebê foi transferido para a Maternidade.

Até a tarde desta segunda-feira, 26, o Conselho Tutelar de Nova Friburgo estava aguardando o resultado do exame de corpo de delito no bebê para saber se a criança havia sido realmente vítima de alguma agressão. “O corpo da menina não tinha sinais aparentes de espancamento, segundo o médico que a atendeu, por isso, não se podia afirmar que ela sofreu maus-tratos”, disse a conselheira tutelar Márcia Andrade.

A Polícia Civil também estava aguardando o resultado do exame no bebê para iniciar as diligências que poderiam elucidar o caso. A suspeita, portanto, não se confirmou porque os exames revelaram que a criança sofre da doença dos “ossos de vidro”. “A mãe do bebê está bastante assustada com tudo isso e com a doença da criança. Nós estamos tomando todos os cuidados com o bebê e dando todo o apoio necessário à família para que a ele receba um bom tratamento e tenha uma vida saudável, na medida do possível”, disse a assistente social Margarida Ferreira.

Doença dos “ossos de vidro”

A osteogênese imperfeita ainda não tem cura, segundo informações do Instituto Figueira Fernandes (IFF/Fiocruz), para onde o bebê deve ser transferido. “As fraturas, muitas vezes espontâneas, podem gerar sequelas irreversíveis nos pacientes, como o encurvamento dos ossos, principalmente de braços e pernas. Alguns pacientes podem desenvolver problemas dentários e surdez e, devido à fragilidade e deformação dos ossos, muitos deles são impedidos de andar”, informa a página do hospital da internet.

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