Bairro Ypu: pequeno em tamanho, mas com muitas reivindicações

quinta-feira, 11 de dezembro de 2014
por Lucas Vieira
Bairro Ypu: pequeno em tamanho, mas com muitas reivindicações
Bairro Ypu: pequeno em tamanho, mas com muitas reivindicações

Localizado entre a Ponte da Saudade e o Centro, o Bairro Ypu possui uma grande variedade de atrações apesar de seu tamanho pequeno. Lá se encontra o Mercado de Flores, a escola de samba Unidos da Saudade, a feira-livre, a Igreja de São Bento, o Colégio Estadual João Bazet e o prédio da fábrica Ypu. Tem ainda um comércio relativamente variado, contando com loja de material de construção, padaria, farmácia, quitanda, moda íntima, entre outras. Ali também é possível encontrar ponto de táxi e até caminhões de frete. Mesmo com essa diversidade, os moradores reclamam muito da falta de segurança na localidade.

Na Avenida Campesina Friburguense está sendo realizada uma obra de contenção das margens do Rio Santo Antônio. Segundo informações recolhidas no local, a obra teve início no mês de agosto e, até o momento, ainda não há previsão para o seu término. 

Rua Coronel Zamith

Seguindo por baixo do viaduto, chega-se à Rua Coronel Zamith. A extensa via ocupa quase toda a parte de trás do bairro, se alongando até o prédio da antiga fábrica. Em uma parte da rua, a comerciante Neuza Pedretti, que mora no bairro há mais de 40 anos, reclamou da sujeira das encostas do rio e da falta de policiamento. "A beira do rio fica cheia de mato e enche de ratos, baratas, é um horror. Fora isso, aqui ainda tem muita bagunça e a polícia passa pouco. A gente gostaria de mais atenção por parte deles”, comentou a moradora, que tem uma loja no bairro há 25 anos. Apesar dos problemas, Neuza disse estar satisfeita com a coleta de lixo no bairro e também diz não faltar água na via.

Apesar da qualidade do serviço de coleta de lixo, é possível notar em alguns pontos do bairro um problema relacionado. Há pontos em que pode-se ver sacos de lixo deixados pelos moradores próximo de seus lares em vez de depositados nas próprias lixeiras — que, às vezes, ficam a poucos metros de seus portões —, dificultando o serviço da equipe de limpeza urbana.

Em outro ponto da Coronel Zamith, o morador José Carlos Marins também fez diversas reclamações, dessa vez relacionadas à sinalização de trânsito. "Aqui na nossa rua dá para perceber vários problemas desse tipo. A gente não tem faixa para os pedestres atravessarem e há poucos quebra-molas. Já fomos pedir e nada acontece, é sempre essa desordem e não há melhorias. Os ônibus que passam por aqui estão sempre em alta velocidade e praticamente não tem lombadas para pará-los”, comentou. No mesmo local, Antônio Carlos Cabral — que vive no Bairro Ypu há 34 anos — reclamou da limpeza das vias, dizendo que "deveriam limpar melhor, cuidar das ruas. Nesse trecho mesmo não tem lixeiras”. Os problemas com segurança não acabam. Dono de uma quitanda, Geraldo Verly vive no bairro há 78 anos e comenta que já foi assaltado 12 vezes. Além disso, o comerciante disse que o bairro está muito fraco para as vendas.

Avenida Emil Cleff

Principal via do bairro, a Avenida Emil Cleff faz parte da rodovia RJ-116. Consequentemente, é rota de caminhões e carros vindos de várias cidades, além dos veículos locais. Com isso, é considerada uma via muito perigosa, com constantes acidentes, tanto mais leves como fatais, principalmente atropelamentos. Ou seja, requer sinalização mais adequada — se possível até com agentes de trânsito no local — e, fundamentalmente, conscientização e respeito por parte de todos: pedestres, ciclistas e motoristas de automóveis, ônibus e caminhões. Um exemplo de ponto crítico é o acesso à Rua Antônio Lopes Sertã, que dá acesso ao Catarcione, um local perigoso onde ocorrem diversas colisões, por virem carros de vários sentidos.

Em um dos pontos da Emil Cleff está localizado o ponto de táxi do bairro, que possui três vagas. Hellyson Campos, de 28 anos, nasceu no bairro e é um dos taxistas da via. Segundo ele, o Bairro Ypu está necessitando de muitas melhoras. "Eu trabalho aqui como motorista há um ano. A gente fica, geralmente, até às 21h, que é quando começa a parar de ter clientes. Mas falta muita coisa por aqui. Nós não temos um banheiro, sempre dependemos dos comerciantes, a iluminação também está péssima e a sinalização é um grande problema. O bairro tem muitos idosos e é muito complicado para eles atravessarem, algumas faixas estão apagadas. Eu já vi muitos atropelamentos aqui na avenida”, comentou. 

Como se não bastassem essas dificuldades, o taxista também cita problemas com as encostas do rio e sobre as provas de habilitação de motoristas. "A quantidade de mato que fica nos rios é absurda, enche de ratos e outros animais, o que é um perigo, já que transmitem doenças. Fora isso, ainda tem essa questão da prova para quem está tirando carteira. É um local perigosíssimo para quem está começando a aprender a dirigir e dificulta bastante o trânsito. Aqui passa tanto carro que às vezes fica difícil sair com o táxi da vaga”.

Também na Emil Cleff há o Mercado das Flores, onde oito comerciantes trabalham, entre produtores e vendedores. João de Abreu é floricultor e trabalha lá desde 1974, há 40 anos. Os grandes problemas para ele no mercado são a invasão dos mendigos e a falta de um estacionamento para os vendedores. "Assim que a gente fecha o comércio os mendigos invadem o ponto, dormem aqui, fazem uma grande bagunça, sujeira, é um grande problema. Queríamos que dessem um jeito de nós podermos fechar aqui para, inclusive, dar para guardar nossas coisas com mais segurança. Outra coisa que a gente queria era ter vagas privativas para pararmos nossos carros, descarregar os materiais. Se precisasse até pagávamos uma taxa para ter esses lugares, nós precisamos desse benefício”. João — que produz rosas e outras flores pequenas — comentou que, fora esses problemas, as condições de trabalhos são boas e, diferentemente dos taxistas, eles têm inclusive banheiro próprio.

Saindo do Mercado das Flores e seguindo no sentido Centro, é possível ver o galpão da escola de samba Unidos da Saudade. A sede da escola é um grande atrativo, onde ocorrem os ensaios para o carnaval e outros eventos. Apesar disso, há também um problema relacionado ao local. Algumas das peças usadas no desfile encontram-se na calçada, incluindo plumas, metais enferrujados e até pregos no chão, obrigando os pedestres — que correm risco com esses objetos corroídos — a terem que desviar dos objetos e andar com bastante cautela.

Rua Dr. Zamenhoff

A partir de uma denúncia enviada por uma leitora, a equipe de reportagem de A VOZ DA SERRA foi até a Rua Dr. Zamenhoff averiguar alguns problemas apontados por ela. A moradora reclamou de lixo nas calçadas e buracos na rua. O calçamento é realmente crítico na via, com muitos desníveis e também havia sacos de lixo em uma esquina. "É um descaso das autoridades com o bairro. Faltam lixeiras e varredores de rua”, comentou.

Uma breve história da Fábrica Ypu

A história da fábrica Ypu remonta ao início do século XX, em um período de marcante expansão econômica na cidade, quando começaram a surgir as indústrias de tecelagem, através de empresários alemães. A Ypu era propriedade de Maximillian Falck e começou suas atividades em 1912, com doze funcionários, e, cinco anos depois, já contava com 155 empregados. Hoje, a fábrica trabalha com a produção de artefatos de couro, em uma escala menor que em seu tempo auge — quando também trabalhou com tinturaria, engomação, tipografia, cartonagem, mecânica e carpintaria — através de uma associação de funcionários, rebatizada como Nova Ypu.

Neste ano, surgiu uma polêmica envolvendo a venda do prédio. Após duas notícias de que o imóvel seria comprado pela Prefeitura através de leilões, a questão foi amplamente discutida e vários boatos surgiram sobre o assunto. Na edição de 4  de novembro de 2014 de A VOZ DA SERRA, uma matéria noticiou o embargo da arrematação pela Justiça Federal, com um dos motivos sendo o entendimento de que só após o leilão o poder Legislativo foi consultado e a Lei Orgânica Municipal determina que o correto seria que esta consulta fosse realizada previamente.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
TAGS: Ypu | Fábrica Ypu | Rua Coronel Zamith | Avenida Emil Cleff | Rua Dr. Zamenhoff
Publicidade