Após recessão, mercado imobiliário friburguense retoma fôlego

“Maior parte dos compradores dispensa financiamento”, diz diretor de imobiliária
quinta-feira, 04 de maio de 2017
por Dayane Emrich
Parque Santa Elisa (Foto: Henrique Pinheiro/Arquivo AVS)
Parque Santa Elisa (Foto: Henrique Pinheiro/Arquivo AVS)

Por causa do trabalho, a carioca Maria Amélia Vieira, de 60 anos, mora há mais de 20 anos em Brasília. No entanto, motivada pela aproximação da aposentadoria, durante as férias deste ano ela tomou a decisão de mudar de vida e investir o dinheiro da poupança em um imóvel. E escolheu Nova Friburgo, onde vive uma de suas irmãs e estão também grandes ofertas de moradia.

“Comprei um apartamento na localidade de Parque Santa Eliza e considerei um excelente negócio. Além de amplo e em ótimo estado, um imóvel como este em Brasília custaria o dobro, o triplo do preço”, disse ela, acrescentando que dispensou o financiamento para pagar à vista. “Negociei por pouco mais de um mês, mas como são muitas as ofertas para compra e aluguel na cidade foi fácil conseguir abaixar ainda mais o preço. Isso sem explicar que pagaria à vista. Esta foi a minha cartada final”, exclamou, rindo.

Assim como Maria, as construtoras e imobiliárias de Nova Friburgo perceberam o crescimento do número de clientes no primeiro semestre de 2017 que dispensam o financiamento, atraídos pelos descontos e facilidades oferecidos pelas empresas dada a disparidade entre oferta e procura. É o que explica o diretor de uma empresa de tradição no mercado imobiliário friburguense, Gabriel Ruiz. “No ano passado, devido à crise, houve um aumento muito grande nas ofertas de imóveis para vendas, entretanto, a demanda era muito pequena. Este ano, no entanto, notou-se um aumento da procura nestes primeiros três meses, quando observamos o início da retomada do mercado imobiliário friburguense. Tivemos inclusive um primeiro trimestre de 2017 muito melhor do que o mesmo período de 2016”, disse, acrescentando que a maior parte das transações foram na modalidade à vista.

Gabriel explica que essa mudança no perfil do comprador se deve em grande parte à redução no limite do financiamento pela Caixa Econômica Federal. “A Caixa não retomou a linha de crédito do passado, quando ela financiava até 90% do imóvel usado. Atualmente, eles só estão financiando até 70%, o que colabora para que as vendas de imóveis financiados tenham caído demasiadamente de uns tempos para cá.”

Ainda segundo ele, com a crise econômica vivida pelo país, muitas pessoas passaram a investir em imóveis. “Isso acontece porque este é um investimento excelente e sem sombra de dúvidas muito mais seguro se comparado a outros.” O diretor destaca ainda que a redução da taxa Selic pode contribuir ainda mais para o aumento da aquisição de imóveis. “Ela irá impulsionar o consumo do brasileiro, além de, ao contrário do que estamos registrando, fomentar a compra por financiamento de forma geral.”

Aluga-se

Se há alguns anos alugar um imóvel em Nova Friburgo era tarefa difícil, atualmente, arranjar um cantinho para morar pode ser menos complicado e mais barato do que se imagina. Em consulta a sites de imobiliárias é possível encontrar diversas opções no centro da cidade, por exemplo, a partir de R$ 600, para apartamentos de um quarto, até R$ 2.200, além do condomínio e demais taxas. Quanto aos aluguéis de casa, em imobiliária, os valores giram em torno de 700 a R$ 3 mil. Em localidades mais afastadas da área central, principalmente na zona norte da cidade, estes preços caem mais do que pela metade.

Mas, se você prefere procurar sozinho, para não arcar com os encargos das imobiliárias e construtoras, basta uma caminhada pelas ruas para dar de cara com dezenas de anúncios. Ana Monteiro Lopes, que mora na Avenida Alberto Braune há mais de 15 anos, conta que existem muitos apartamentos em seu prédio disponíveis para serem alugados. “Tem uns cinco! Eles já estão desocupados há um bom tempo e acredito que por causa disso o valor do aluguel e do condomínio foram reduzidos no fim do ano passado”, conta ela.

Dono de um imóvel em um condomínio no Cascatinha, o servidor público Ricardo Coelho também fala sobre a dificuldade para alugar o local. “Eu comprei quando ainda estava em construção e meu objetivo era tê-lo como um investimento, ou seja, alugar ou vendê-lo. Mas, depois que recebi as chaves, há mais de dois anos, só consegui alugar uma vez e o inquilino ficou por pouco tempo. Além disso, não achei interessados para comprá-lo. Não sei se é por causa da localização, embora ache o local maravilhoso, ou o preço”, disse, acrescentando que “realmente não imaginava que teria problemas para alugá-lo; já abaixei o valor do aluguel o máximo que podia”, conta.

DICAS PARA A COMPRA

Pechinchar: Assim como em qualquer outra compra, é importante pesquisar e pechinchar descontos antes de fechar o negócio. Para quem está com dinheiro no bolso, o momento é favorável. Mas, claro, não vale sair comprando o primeiro imóvel que aparecer pela frente.

Dar entrada: Para aqueles que não têm o valor total do imóvel, mas têm uma quantia significativa do montante, o momento também é positivo. Nestes casos, um financiamento direto com a incorporadora pode ser uma alternativa.

Presentinho: Além dos descontos, algumas empresas estão oferecendo benefícios como mobiliário e eletrodomésticos nos apartamentos comprados. Por isso, é importante ficar de olho nas oportunidades.

Eventos: Os feirões são sempre uma boa opção. Muitas vezes as construtoras e imobiliárias praticam preços menores nestes eventos, oferecem descontos e outras vantagens para o consumidor.

DICAS PARA O ALUGUEL

Olhar apurado: A primeira orientação para quem pretende alugar um imóvel é realizar uma vistoria detalhada. Quanto mais minuciosa, melhor. Lembre-se de testar a parte elétrica e hidráulica, de preferência com um especialista.

Contrato: O proprietário só pode rescindir a locação por acordo (com o inquilino) ou em caso de venda do imóvel. Em qualquer outra situação, ele deve pagar a rescisão. Em relação ao inquilino, este pode rescindir a qualquer momento, desde que pague multa, geralmente de três meses.

Pagamentos: Um dos primeiros itens da lista de pagamentos é o IPTU, que deve ser pago pelo dono do imóvel, mas é uma cobrança negociável. Já o condomínio é responsabilidade do locatário.

Problemas: Em caso de infiltrações e vazamentos, se foi originado pelo inquilino, ele paga, se não, é o proprietário que arca com o prejuízo. Lembre-se: nunca faça obra sem avisar o dono do imóvel.

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TAGS: urbanismo
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