Após 147 dias, acaba a greve dos professores estaduais

Professores voltaram ao trabalho na manhã desta quarta. Governo e sindicato discutem reposição das aulas na próxima terça
quarta-feira, 27 de julho de 2016
por Alerrandre Barros
Colégio Estadual Jamil El-Jaick  (Foto: Lúcio Cesar Pereira)
Colégio Estadual Jamil El-Jaick (Foto: Lúcio Cesar Pereira)

Após quase cinco meses de paralisação, professores da rede estadual de ensino decidiram voltar ao trabalho na manhã desta quarta-feira, 27, em Nova Friburgo. No dia anterior, a greve, que durou 147 dias, foi suspensa pelos profissionais da educação em assembleia no Rio de Janeiro, depois que o governo do estado se comprometeu a suspender o corte do ponto e a repor os descontos nos salários, entre outras medidas.

“Os profissionais de educação decidiram suspender a greve e entrar em estado de greve, para que o governo avance em alguns itens da nossa pauta, que ele faça a publicação de itens que faltam ser regulamentados, como a sanção do projeto de lei de 30 horas para os funcionários administrativos — incluindo os inspetores de alunos —, o enquadramento por formação, e devolver os valores que foram descontados referentes aos dias parados do mês de junho feitos no nosso contracheque. Tivemos conquistas históricas, como a eleição para os diretores de escola”, disse o coordenador-geral do Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação do Rio (Sepe), Marcelo Sant’Anna.

A greve começou no dia 2 de março. Em meio à crise financeira sem precedentes no governo do estado, professores e demais profissionais da educação cruzaram os braços em prol de reajuste salarial, contra atrasos e parcelamentos de pagamento dos salários e benefícios e também devido à proposta de mudança no regime previdenciário dos servidores estaduais, que pode aumentar o tempo de contribuição da categoria. 

O paralisação ganhou força com o apoio de estudantes que entraram no movimento contra o sucateamento da educação e ocuparam centenas de escolas no estado, como o Colégio Estadual Jamil El-Jaick. Por causa do atraso nos repasses do governo para empresas terceirizadas, algumas unidades ficaram sem porteiro, limpeza e até o fornecimento de merenda foi afetado. Diante do caos, alunos e professores realizaram alguns protestos, em março, ao ocupar, com faixas e cartazes, a Avenida Alberto Braune.

No início da paralisação, o Sepe estima que cerca de 80% dos professores da rede estadual aderiram à greve em Nova Friburgo. Esse número, no entanto, caiu para em torno de 30% no último mês depois que o governo começou a cortar os salários dos professores com autorização da Justiça, que considerou a greve abusiva porque o Sepe não teria cumprido a ordem de manter 70% do total de servidores em cada escola. Por causa disso, teve professor que recebeu menos da metade de um salário em julho.

Com a suspensão da greve, a Secretaria Estadual de Educação vai se reunir com Sepe, na próxima terça-feira, 2 de agosto, para discutir uma proposta de reposição das aulas. Segundo o diretor do Sepe em Nova Friburgo, Angelo Cézar Jachelli Júnior, é possível recuperar os dias letivos sem que haja prejuízo aos alunos e sem estender o período escolar para além do fim de 2016.

“A reposição das aulas deve ser feita após o período de férias de agosto, quando ocorrerá a Olimpíada no Rio. O sindicato vai propor ao governo estratégias de reposição de conteúdo que não necessariamente funcionam seguindo os dias letivos. Existem alternativas de se fazer reposição sem manter os alunos na unidade durante esse período”, disse. 

A Secretaria Estadual de Educação (Seeduc) considerou positiva a decisão dos professores de suspender a paralisação. Em nota, ressaltou “que serão respeitados os 200 dias letivos, conforme previsto em lei, e que algumas escolas poderão não ter o recesso do período olímpico, em agosto deste ano, e avançar o período de reposição em dezembro, janeiro e até fevereiro de 2017”, informou a Seeduc.

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TAGS: Greve | Educação
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