Marcha vai do Paissandu à Rodoviária Norte contra proibição de ônibus

Passageiros se reuniram em antigo ponto final e percorreram itinerário a pé como forma de protesto. Manifestantes bradavam "Fora Cabral"
segunda-feira, 25 de maio de 2015
por Jornal A Voz da Serra

Friburguenses e residentes de municípios vizinhos se reuniram próximo à Praça Marcílio Dias, no Paissandu, na tarde desta sexta-feira, 22, para protestar contra decisão da Prefeitura de Nova Friburgo que proibiu os ônibus intermunicipais de pararem no Centro. A Polícia Militar foi acionada para evitar que os manifestantes fechassem a via. A mobilização começou pela internet, através das mídias sociais.

Por volta das 17h, cerca de 500 usuários de transporte coletivo, segundo os organizadores, se concentraram em frente ao antigo ponto final da Auto Viação 1001. Dispensando os veículos disponibilizados pela empresa Faol, eles realizaram a pé o percurso, de 3 km, até a Rodoviária Norte. Um protesto com menor adesão ocorreu pela manhã no sentido inverso, causando retenção no trânsito, também agravada por um acidente. A partir de 22 de maio, os ônibus intermunicipais não realizam mais embarque e desembarque no centro da cidade, somente nas rodoviárias Norte e Sul.

Tocando apitos e bradando palavras de ordem contra o prefeito Rogério Cabral como “Fora Cabral” e “Vem pra rua”, o grupo, formado por pessoas de todas as faixas etárias, saiu em caminhada pela Avenida Comte Bittencourt. Na altura da Rua Augusto Cardoso, um homem foi detido pela PM depois que uma confusão começou porque manifestantes queriam obstruir completamente a via.

Houve muito bate-boca entre policiais e manifestantes. Sem sucesso, alguns integrantes do protesto chegaram a sentar na avenida para impedir a viatura de levar o detido. O ato prosseguiu pacificamente em meia pista aos gritos de "Uh, cadê o cara?"

Motociclistas, motoristas de carros, ônibus e caminhões buzinavam para o grupo em sinal de aprovação. Moradores de prédios da avenida também acenavam para os manifestantes e piscavam a luz de sua residência como sinal de apoio. Transeuntes se somavam à marcha. Já na Avenida Euterpe Fribuguense, o grupo também bradou pela instauração da CPI da Saúde, que não saiu do papel.

Na altura da Rua Francisco Miele, após intermediação do deputado estadual Wanderson Nogueira, o homem detido foi liberado pela polícia. Ele retornou ao protesto, mas não quis falar com a imprensa.

“Estou aqui para observar e garantir a segurança das pessoas, para que nenhum tipo de erro seja cometido”, disse Nogueira, que também elogiou a conduta da polícia. “Essa é uma manifestação popular, apartidária, as pessoas têm todo o direito de protestar. Sopro de rua traz paz”, completou o deputado.

Sempre que um ônibus da Auto Viação 1001 passava, o grupo gritava e acenava para o motorista e passageiros. Por outro lado, quando um ônibus da Faol passava, eles vaiavam ou tentavam atrasar a passagem do ônibus.

Quando se deparou com a manifestação, a aposentada Maria José, 65, moradora do Floresta, saltou do carro e começou a externar sua indignação com o prefeito Cabral em alto som. Ela foi aplaudida pelos manifestantes e ganhou um abraço do deputado Wanderson Nogueira.

“Prefeito safado, prometeu que ia trazer dinheiro para resolver, que ia dar um “choque” na Saúde, mas está matando o povo no Raul Sertã, não tem remédio, não tem médico, não tem insulina; as crianças estão sem creche”, desabafou. Ela contou que está tendo que operar seu braço quebrado novamente, agora na rede particular, após alegado erro médico no Hospital Municipal Raul Sertã.

O protesto terminou por volta das 20h, na rodoviária Norte, com grande parte dos manifestantes embarcando para cidades próximas.

Friburguenses também afetados

A manicure Patrícia Caetano, 26, mora em Monerat e trabalha em Friburgo. Acostumada a gastar R$ 16 por dia com transporte público para vir trabalhar na Avenida Alberto Braune, onde mantém um salão de beleza, com a medida ela passará a desembolsar R$ 22. Patrícia não acredita que uma integração com os ônibus da Faol melhore a situação. “Hoje teve um acidente cedo e o trânsito deu um nó.”

Os friburguenses também serão prejudicados com a mudança, adverte a auxiliar administrativa Raquel Ferreira, 51 anos, que mora em Nova Friburgo e trabalha em Bom Jardim. “Não é só o povo de lá não, muita gente pega ônibus aqui em Friburgo às 5h45 da manhã para trabalhar em Santa Maria Madalena.” Raquel tem certeza que o comércio local também sofrerá com a medida. “Muita gente não vai vir mais em Friburgo comprar, porque vai pagar mais outra passagem. Daqui a Bom Jardim está R$ 5,70.”

Primeira a terceira idade

Aposentado, Julian Carlos Barbosa, 72, mora em Cordoeiro e ficou sabendo do protesto pela televisão. “Vim dar apoio, do jeito que tá ninguém aguenta. Eu por exemplo não pago mais ônibus, mas e o povo que paga? Para vir para cá, meu filho e minha nora precisam pagar quatro ônibus”, relata.

Barbosa não crê que a medida vise o planejamento urbano. “Eu acredito que a entrada desses ônibus por aqui não está atrapalhando trânsito nenhum. Isso só vai favorecer a Faol, porque quanto mais dinheiro entrar, melhor para eles”, opina.

“Estamos na rua, prefeito a culpa é sua”, se lia num cartaz colado no carrinho de bebê que levava um “manifestante mirim”. “Já vai crescer sabendo que tem que lutar, por um país mais digno e uma Friburgo melhor”, explicou sua mãe, que não se identificou.

O pedreiro Carlos Roberto, 48, mora em Banquete e trabalha no centro de Friburgo. “Isso aí é conchavo do Rogério Cabral com a Faol, para o povo trabalhador pagar mais outra passagem para vir para o centro da cidade. Eu tenho uma indignação muito profunda, a gente trabalha tanto, você levanta 4h30 da manhã, leva marmita. Como eu vou chegar no meu trabalho a tempo?”

Ele não acredita que o bilhete único seja efetivamente implementado na região. “Eu trabalhei no Rio, e lá você pega barca, metrô e ônibus com o mesmo bilhete durante três horas. Mas aqui, depois de chegar na rodoviária, você vai ter que pagar mais a metade da passagem da Faol. Isso não existe. Política é pra fazer o bem, mas a política hoje em dia só faz o mal”, opina.

Roberto conta que soube do protesto pelo rádio. “Já está essa polêmica a semana toda, e a gente sofre muito com isso. Então, na quinta-feira, o ônibus que sempre foi para o Centro, de repente não ia mais. E mesmo se não trabalhasse aqui, eu ainda iria aderir a esse movimento, porque é muita barbaridade desse prefeito.”

Reciprocidade

“Nós estamos aqui protestando contra a Faol, é um movimento apartidário mas não é apolítico”, disse o ciclista friburguense Clodoaldo Steves, 38, que lembrou a importância dos meios de transporte alternativos, como a bicicleta.

“A quantidade de CO2, que gera poluição, é muito grande, Friburgo não tem uma infraestrutura para ter essa quantidade de automóvel. Então fica registrado que a bicicleta faz bem à saúde, evita depressão, queima caloria. Vamos lutar por uma ciclovia nesta cidade, é um bom momento para se discutir isso.”

O vendedor Rogério Silva, 39, de Cordoeiro, também não está contente. “O prefeito está querendo dinheiro para a próxima eleição. Ele ainda nem cumpriu sua promessa de melhorar o trânsito pela Avenida Brasil e ainda está querendo o nosso dinheiro”, afirma.

“Eu quero ver o povo de Friburgo mostrar a cara como a gente, porque a gente não é daqui, mas está aqui para apoiar, e no dia da manifestação por uma CPI da Saúde a gente entra também, show?”, disse Silva, acreditando que a mobilização cresça.

O protesto marcou a estreia da transmissão ao vivo por streaming de vídeo de A Voz da Serra, um dos novos recursos multimídia oferecidos por seu portal na internet.

Colaborou: Alerrandre Barros

  •  (Amanda Tinoco/A Voz da Serra)

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  • (Leitor, via WhatsApp)

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