EDITORIAL - Cultura e arte em declínio

domingo, 21 de setembro de 2014
por Jornal A Voz da Serra

A COLUNA Agenda, publicada diariamente em A VOZ DA SERRA, e de forma mais abrangente às sextas-feiras, tem revelado uma carência de espaços físicos na cidade para abrigar exposições e outras manifestações artísticas. Como se pode observar, tais espaços são geralmente anunciados nos distritos de Lumiar, São Pedro da Serra e Conquista. No Centro, pouquíssimos ou quase nenhum.

O CENTRO DE ARTE, maior espaço cultural mantido pela prefeitura, está fechado há anos, impedindo artistas de exporem seus trabalhos num ambiente propício para esta atividade. Sem previsão de reabertura, é uma lacuna que desestimula a criação artística e desmotiva os cidadãos a frequentarem ambientes culturais.

ARTISTAS de diversas tendências reclamam, e com razão, da ausência de espaços que possam atrair o público local e os turistas que frequentam a cidade. Localizado estrategicamente no Centro, aquele espaço deveria merecer maior atenção por parte da Secretaria de Cultura, posto que, ali, além das salas de exposição, existe um teatro fechado, desestimulando o movimento cultural que foi, durante muitos anos, uma característica de Nova Friburgo. 

HOJE, raros são os grupos teatrais existentes em atuação e mais ainda os espaços para apresentações. Para uma cidade que já promoveu festivais de teatro com a participação de inúmeros grupos locais e de outras cidades, as nossas atividades limitam-se basicamente a oferecer espetáculos infantis, deixando o público adulto fora da programação. Ou a apresentação de grupos de outras cidades.

ATÉ O MOMENTO, não existe qualquer proposta de conhecimento do público sobre as atividades culturais promovidas pela Prefeitura. E muito menos sobre as providências que estão sendo adotadas para a reabertura do Centro de Arte. 

A OFICINA-ESCOLA foi transferida para o prédio do antigo Fórum — inadequado para a prática artística —, prejudicando a continuidade dos trabalhos, como vimos na entrevista com a subsecretária de Cultura Maria Amélia Curvello, publicada semana passada, e a Fundação Dom João VI, antigo Pró-Memória, está de malas prontas para ocupar o prédio que pertenceu à Câmara Municipal, que sofre os efeitos do tempo e ao que tudo indica deverá ficar fechado até o restabelecimento de suas instalações para abrigar um possível museu. 

COMO SE VÊ, arte e cultura caminham ao sabor do vento e das conveniências políticas de seus dirigentes. Num quadro desestimulante como o que se apresenta hoje, é preciso que a comunidade, liderada pela classe artística friburguense demonstre a sua insatisfação e exija do governo o cumprimento de suas obrigações constitucionais com a cultura. Sofrendo toda a sorte de inconvenientes, este importante setor, responsável pela manutenção da autoestima da população, sem falar na sua importância econômica para o turismo e os negócios, não pode ficar à margem das políticas públicas. 

RECONSTRUIR a cidade, como tem sido feito pelo governo através de inúmeras obras, não é somente a solução para Nova Friburgo. A cidade precisa se reerguer econômica e socialmente. Para tanto, a cultura é de valor inestimável, pois eleva a divulgação do município para o turismo, gera empregos e renda para os cidadãos, movimentando um expressivo grupo de profissionais. Não podemos admitir que o marasmo do governo se transforme numa política que só trará prejuízos para o município. Ninguém vive sem arte e cultura. Muito menos Nova Friburgo.

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