Súditos da Rainha de Ramos, sim senhor!

domingo, 31 de agosto de 2014
por Jornal A Voz da Serra
Súditos da Rainha de Ramos, sim senhor!
Súditos da Rainha de Ramos, sim senhor!

Texto: Ana Blue / Fotos: Henrique Pinheiro * Divulgação

"Muito prazer: eu sou a Imperatriz!” É com essa mensagem de boas-vindas que o site da GRES Imperatriz Leopoldinense se apresenta para o público. Sua história começou com uma "união de reinos”, por assim dizer. O desejo geral era fundar uma grande escola de samba que conseguisse reunir a nata dos sambistas de todas as agremiações da Zona da Leopoldina e que pudesse suceder o Recreio de Ramos, bloco que desfilava ao lado da linha do trem. Os idealizadores, sambistas da mais alta patente, se reuniram na casa do farmacêutico Amauri Jório para bolar as primeiras estratégias: legalizar a escola e criar o regimento interno. Foram mais de 50 membros comprometidos com esse trabalho de gestação. Em 6 de março de 1959, a Imperatriz Leopoldinense foi fundada: nascia a Rainha de Ramos. 

A casa de Amauri foi o QG da agremiação por muitos anos. Criador apaixonado pela criatura, foi ele quem comprou os 30 primeiros instrumentos da escola. Em 61, passados apenas dois anos de sua fundação, a Imperatriz recebeu seu primeiro título de campeã, com o enredo Riquezas e Maravilhas do Brasil. Aliás, a escola sempre manteve uma relação direta com a cultura brasileira, passeando entre o erudito das universidades e o popular do samba.

Uma multidão de vozes aficionadas gritou a plenos pulmões, em 1989, o enredo: "Liberdade, liberdade: abra as asas sobre nós”, certamente o legado mais marcante na história da Imperatriz. Entre essas vozes, estava a da friburguense Marilene Nunes do Amaral — não somente entre os torcedores na plateia, mas na avenida, desfilando, fazendo pulsar cada veia no mesmo compasso da avenida.

A paixão de uma vida. É um amor quase palpável este dos devotos de uma escola de samba. Mas Marilene foi além. Com o mesmo afinco de Amauri, ela resolveu unir outros tantos apaixonados pela Rainha de Ramos numa missão mais que nobre: expandir por essas bandas a torcida organizada da escola. Fundada em 2010, a Torcida Nação Leopoldinense, que tem mais de 1000 integrantes, agora tem também um braço na Região Serrana, sob a batuta competente de Marilene. O grupo, claro, conta com o apoio irrestrito dos diretores da torcida original, que inclusive prestigiam os eventos realizados por Marilene em seu sítio — no limite entre Nova Friburgo e Duas Barras. No início de agosto, por exemplo, eles saíram do Rio e subiram a serra especialmente para um encontro, enfrentando na raça as baixas temperaturas que temos por aqui nesta época. 

O trabalho já começou: os súditos da Rainha de Ramos que moram aqui na Região Serrana vão acompanhar todos os preparativos para o carnaval 2015. Com enredo inspirado novamente na luta pela liberdade — Axé, Nkenda - Um ritual de liberdade — por coincidência ou não, Marilene vai reviver um pouco do que sentiu na avenida em 1989. Aliás, depois de 30 anos, a Imperatriz Leopoldinense volta a exaltar a Mãe África na Marquês de Sapucaí, mas pretende trazer uma reflexão ainda maior sobre o ser humano. É preciso haver amor, independentemente de cor, sexualidade, situação socioeconômica. Que o amor faça, de fato, com que a voz da liberdade seja sempre a nossa voz. Axé Nkenda, no dicionário kubundu (um dialeto africano), significa exatamente isso: salve o amor. 

A Rainha de Ramos impera soberana na avenida em 16 de fevereiro de 2015. E Marilene e todos os outros súditos da Região Serrana estarão a postos, sim senhor!

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