Potência e torque: você entende a diferença?

sexta-feira, 05 de maio de 2017
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Os dois termos são quase inseparáveis. Todas as vezes em que divulga-se a ficha técnica de um motor, lá estão seus dados de potência e torque máximos, e mesmo o mais leigo dos leitores é capaz de compreender que quanto maiores fores tais indicadores, mais desempenho será entregue pelo veículo.

Mas afinal, o que significam exatamente a potência e o torque de um motor?

A resposta técnica – e correta – para tal questionamento, claro, pode ser encontrada facilmente na internet, numa pesquisa rápida. Contudo, o necessário rigor científico muitas vezes pode tornar a explicação um tanto inacessível a leitores menos iniciados nos caminhos da Física, de tal forma que muitos usuários acabam desconhecendo por completo as diferenças entre uma e outra medição. Pedindo, portanto, desculpas a engenheiros e físicos pelas simplificações e concessões inevitáveis, este texto tem por objetivo justamente jogar um pouco de luz sobre essas diferenças, pensando num público mais abrangente.

O conceito de torque talvez seja mais fácil de entender, uma vez que, basicamente, ele é a força (momento torçor) que atua no sentido de fazer rodar ou girar objetos em torno de um mesmo eixo. É gerado torque, por exemplo, toda vez que utilizamos uma chave de boca. A unidade de medição mais utilizada é o quilograma-força metro (kgfm), que poderia ser ilustrada como a força de rotação exercida sobre um parafuso através de uma alavanca de encaixe que tenha um metro de comprimento, e em cuja extremidade seja aplicado o peso de um quilo. Assim, se um motor entrega 30 kgfm de torque máximo, isso significa dizer que os pistões empurram as bielas para baixo fazendo o virabrequim girar com força equivalente à aplicação de 30 quilos sobre a extremidade de uma alavanca de um metro.

Ora, se o torque representa a “força com que as rodas giram”, é natural que ele seja muito mais importante para veículos pesados, como ônibus e caminhões, do que em motocicletas, por exemplo. Afinal, é necessário que suas rodas girem com força suficiente para fazê-los enfrentar as mais acentuadas subidas sem grande perda de desempenho, mesmo que estejam transportando suas cargas máximas. O torque se manifesta justamente nessas situações adversas, em que existem fortes resistências ao avanço do veículo.

Já a potência é a medida do quão rápido um trabalho – no sentido físico – é executado. Por exemplo: usando uma alavanca, você pode gerar um torque de 10 kgfm, mas será que conseguiria girá-la três mil vezes por minuto? Colocando de maneira bastante simples, portanto, poderíamos dizer que a potência determina a velocidade com que as rodas são capazes de girar, em condições ideais. E o torque irá determinar quanto desta velocidade será perdida em situações adversas. Obviamente, quanto maior o torque, menor será esta perda.

Diversas características do motor podem favorecer uma ou outra aptidão. Cilindros nos quais o diâmetro dos pistões é maior do que o curso que percorrem tendem a favorecer a potência, promovendo explosões mais rapidamente, mas não tão fortes. Por analogia, seguindo em direção ao extremo oposto, cilindros com o curso maior irão favorecer o torque. Motores elétricos, turbinados e/ou movidos a diesel também apresentam altos índices de torque, ao passo que motores multiválvulas privilegiam a potência.

Como vimos, portanto, os dois indicadores são igualmente importantes. A potência precisa do torque para se manifestar em situações adversas, enquanto o torque precisa da potência para que toda a força disponível se traduza também em agilidade. O maior direcionamento para um ou outro caminho é que deverá ser feito conforme as características e a proposta de cada veículo.

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Márcio Madeira da Cunha

Sobre Rodas

O versátil jornalista Márcio Madeira, especialista em automobilismo, assina a coluna semanal com as melhores dicas e insights do mundo sobre as rodas

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