Você alivia a vida das pessoas?

quarta-feira, 24 de maio de 2017

Nesta existência todos temos lutas. Materialmente a vida é mais fácil para pequena parcela da população. Do ponto de vista psicológico, quanto a necessidade de aprender a lidar com sofrimentos, frustrações, perdas, todos estão no mesmo barco. E ao pensar nos sofrimentos da alma, como angústia, tristeza, vergonha, culpa, insegurança emocional, lutas com respeito e valorização pessoal, você tem procurado aliviar a vida de alguém?

Faz parte da saúde mental e da inteligência emocional termos a noção das nossas atitudes e ir aprendendo as verdadeiras causas de nossas motivações. O que fazemos no dia a dia pode ser motivado por egoísmo ou altruísmo. Você entende o por que faz o que faz? Ou o por que não faz o que não faz? Ou vive mais no automático, sem lucidez?

Impulsivos, frequentemente dominados ou movidos por sentimentos, não conseguem ter bom discernimento sobre o impacto de suas palavras e atitudes sobre os outros. Ter atitudes primeiro mentais e depois comportamentais de fazer coisas que você sabe que aliviarão de alguma forma a vida de alguém é sabedoria, bondade, força de bom caráter. Você consegue funcionar como pessoa de modo que frequentemente alivia o fardo da vida de alguém? Ou será que tende a ser pessoa egocêntrica, desligada do sofrimento dos outros, insensível para com a dor alheia, que olha só para seu umbigo? O egoísmo destrói a própria pessoa egoísta. A malícia mata o que a pratica. Não uma destruição e morte imediatas, mas inevitáveis se a pessoa permanecer nestas atitudes negativas.

Células em nosso corpo ao se tornarem cancerígenas, passam a ser egocêntricas. Cada uma só “pensa” em si, e briga para sugar ao máximo do organismo a energia para viver e crescer desordenada, orgulhosa e corruptamente. O câncer é corrupto porque ele corrompe a saúde, a vida. É o mesmo que pessoas corruptas. Elas produzem sofrimento nos outros ao se apropriarem indevidamente de bens que poderiam ser aliviadores da vida de milhares de pessoas, e produzem sofrimento em si mesmas porque quebram o equilíbrio ético, da boa moral, da virtude, em seu psiquismo, em sua mente. O câncer no corpo é feio, confuso, invasivo, desordenado, egoísta, e pode ser letal. O câncer da alma, da corrupção social, política, moral e espiritual também.

Você precisa pensar para vir a ser, se ainda não é, uma pessoa que alivia a vida de outros. A população parece que progride em pensar menos e viver mais de acordo com o que sente. Isto é perigoso. Viver baseado nos sentimentos é como querer comer sempre e somente um tipo de alimento, o que poderá gerar carência nutritiva e doença. Saúde mental envolve o pensar, o sentir e o agir. Você funciona na vida como alguém que ajuda os outros? Oferece alívio voluntariamente aos semelhantes, a qualquer pessoa?

A vida numa relação matrimonial, entre esposo e esposa, pode se tornar mais leve quando ambos fazem coisas que aliviam o fardo do outro, e praticam atos aliviadores espontaneamente, sem nenhum interesse egoísta a não ser diminuir as lutas da vida do companheiro ou da companheira. Isto é nobre, promove cura pessoal e favorece o bom relacionamento conjugal.

Este aliviar a vida do outro, que, claro, é bom que exista em outros relacionamentos, pode ser feito de maneiras variadas, através de algo prático, como esvaziar a lixeira, fazer compra no supermercado, ajudar no preparo de alimentos em casa, cuidar de uma criança, colocar ou tirar a roupa do varal, etc. Também pode ser feito por meio de atitudes, como evitar descontrole emocional que o levaria a gritar com a pessoa, tratá-la com respeito e consideração, e mesmo que sua sensação de amor por ela tenha diminuído ou desaparecido, você pode oferecer alívio nesta dor ao tratar bem a pessoa.

Aliviar a vida de alguém não significa ficar salvando a pessoa das consequências das escolhas erradas dela. Superproteção não é saudável porque cada um precisa assumir sua vida, colher os frutos de suas atitudes e lidar com os resultados delas. Superproteger prejudica a pessoa a quem se protege exageradamente porque a livramos de experiências e responsabilidades que são dela. E também acaba cansando quem superprotege.

Você pode escolher hoje, agora, viver com uma atitude de oferecer alívio ao outro sempre que isto for possível. 

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César Vasconcelos de Souza

Cesar Vasconcellos de Souza

Saúde Mental e Você

O psiquiatra César Vasconcellos assina a coluna Saúde Mental e Você, publicada às quintas, dedicada a apresentar esclarecimentos sobre determinadas questões da saúde psíquica e sua relação no convívio entre outro indivíduos.

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