Psicoterapia: falar, ouvir, aprender, tomar consciência

quarta-feira, 07 de dezembro de 2016

Psicoterapia é uma ajuda humana para problemas psicológicos que uma pessoa apresenta a qual pode ser feita individualmente ou em grupo. Ela se baseia em entrevistas que podem ser semanais, quinzenais, mensais, nas quais o profissional devidamente qualificado para oferecer este tratamento procura ajudar a pessoa através da palavra e do escutar, com a finalidade de promover melhor qualidade de vida, produtividade e bem estar.

Existem abordagens ou técnicas diferentes de psicoterapia como a TCC – Terapia Cognitivo-Comportamental, a Psicanálise, a Psicoterapia de Base Analítica, Psicoterapia Breve Dinâmica etc. Nem todas são eficazes para todos os tipos de sofrimento e para todas as pessoas. Geralmente cada tipo de psicoterapia envolve uma teoria da pessoa, uma visão do sofrimento humano e de suas causas, e uma compreensão de como ajudar.

Numa psicoterapia cognitiva o profissional em geral dá tarefas para casa, procura ajudar de modo mais objetivo, como por exemplo, solicitando ao cliente que escreva seus pensamentos mais preocupantes para serem confrontados posteriormente com a realidade, pois pode ocorrer distorções de pensamento que produzem sofrimento emocional evitável. 

Já numa abordagem psicanalítica o mais importante é o cliente falar e o profissional o ajudará a investigar possíveis traumas do passado (remoto e/ou recente), especialmente da infância, para buscar construir uma compreensão dos sofrimentos atuais. O profissional pode também combinar técnicas diferentes para a mesma pessoa que ele atende.

A psicoterapia envolve o falar, escutar, desabafar, refletir sobre o que se discute no atendimento, sendo o diálogo entre a pessoa e o profissional a base do tratamento. O papel do bom profissional (quem é graduado em psicoterapia chama-se psicoterapeuta) deve ser neutro no sentido de não julgar a pessoa, não tomar partido (terapia de casal, por exemplo), mas buscar as verdades (conscientes e inconscientes) da vida emocional do cliente para que se consiga resolução ou alívio do conflito. O cliente deve falar abertamente dos seus problemas que motivaram a consulta. Ambos, você e o psicoterapeuta trabalharão juntos para identificar e mudar pensamentos e comportamentos que produzem sofrimento, gerando sentimentos dolorosos desnecessários.

A psicoterapia trata-se, então, de uma forma de psicoeducação. Ou seja, você aprende novas formas de lidar com seu sofrimento que podem produzir alívio, fortalecimento emocional, elucidação das causas do transtorno ou mal estar emocional, e, assim, se preparar para enfrentar novos desafios que possam surgir mais adiante na vida.

A psicoterapia está indicada para pessoas com depressão, transtornos de ansiedade (pânico, fobias, transtorno obsessivo-compulsivo etc.), timidez excessiva, insegurança emocional, “nervosismo”, dificuldades conjugais, dependência química, irritabilidade que persiste, problemas sexuais, apoio para lidar com doença física crônica ou terminal, divórcio com conseqüências emocionais complicadas, luto pela morte de parente que altera muito o comportamento da pessoa etc.

Com exceção de casos clínicos complicados, como crise de euforia da doença bipolar, surtos psicóticos, a psicoterapia é o número um no , sendo a medicação o número dois. Se a pessoa não aprender a lidar construtivamente com seus pensamentos e sentimentos, o medicamento não fará isto. Ele não substitui a psico educação.

Sinais de que talvez você necessite ajuda psicoterápica, incluem: 1)Você se sente sobrecarregado, sem esperança, triste por longo tempo, sem alívio. 2) Seus problemas parecem que não melhoram apesar de seus esforços e ajuda da família e amigos. 3)Você tem importante dificuldade para se concentrar no trabalho e atividades gerais do dia a dia. 4) Você sente medo exagerado, sempre espera que o pior ocorra e sempre está ansioso. 5) Você está bebendo demais e/ou usando drogas ilícitas que produzem comportamentos que prejudicam a si mesmo e aos outros.

Falar sobre sua dor é importante para o alívio da mesma. Mas não falar demais é valioso. Ao invés de falar demais, pense, observe seu comportamento para ver o que precisa melhorar. Falar ajuda a curar. O criador da Terapia Comunitária, dr. Adalberto Barreto apropriadamente diz: “Se a boca fala, os órgãos saram; se a boca cala, os órgãos falam”. Ou seja, se a pessoa desabafa, ela pode sentir alívio e melhorar. Se fica calada indevidamente, reprimindo erroneamente sentimentos e pensamentos, a angústia cresce e afeta o corpo, e causa doenças psicossomáticas.

Se você tem tendência de falar muito, falar inconsequentemente como se as outras pessoas fossem seu para-raio, lute para ficar calado, use o bom senso. Se, por outro lado, você tem um perfil de reprimir muito, de sempre "engolir sapos", então fale.

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César Vasconcelos de Souza

Cesar Vasconcellos de Souza

Saúde Mental e Você

O psiquiatra César Vasconcellos assina a coluna Saúde Mental e Você, publicada às quintas, dedicada a apresentar esclarecimentos sobre determinadas questões da saúde psíquica e sua relação no convívio entre outro indivíduos.

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