O céu

sexta-feira, 29 de julho de 2016

Esperamos pelo céu. Vicejamos por uma vida inteira fazer morada no céu. Esse imenso teto azul sobre nós, aqui agora, não é o céu. O céu é a tal paz inabalável. Mas o que é paz? Silêncio absoluto? Intensidade? Morte? Vida?

Céu é festa. Céu é a paz festeira que cativa realidade. Traz o sonho para o dia. Traz a alegria para a noite. Céu é esse compartilhar momentos para quem convidamos, e, para quem se convida, sem ser um intrometido. Ou sendo um intrometido mesmo, desses que nos arrancam surpresa de sorrisos. Suspiro. Onde então está o céu? Para além da vida?

O céu é aqui e agora. O paraíso mora dentro do nosso peito e voa com a nossa alma. O paraíso é essa liberdade de ser e estar junto de quem queremos estar e experimentar. É esse ensaio e erro constante que fazemos com as horas e o acerto de se auto-intitular eterno aprendiz.

A recusa à vaidade de ser aprendiz é a maior dádiva que podemos cultivar. Germina leveza que se sustenta. Tira o peso dessas nuvens que insistem em invadir nossos minutos. Faz mais prazerosa aquilo que parece tarefa e que na verdade é missão. Missão é ser feliz.   

Liberdade!

Faz o céu mais bonito colecionar momentos que nos instigam a felicidade. Constelações de momentos fazem se estender aos nossos pés caminhos de estrelas. Estrelas cujas luzes perduram para além do instante e se tornam ainda mais intensas à medida que se transformam em nostalgia.

 Coloca estrela neste caminho de céu! Planta no presente a força dessa luz que clareia sombra no futuro. Para espantar escuridão antes mesmo de a escuridão existir. Mas saiba que o céu não pode ser linear. A ausência de luta gera chatice. O céu não pode ser chato. O céu não é chato.

 A verdade é que precisamos experimentar o amargo para reconhecer o doce. E, dependendo do modo que se faz ou a parte da língua que você coloca, jiló pode até ser saboroso. Amplia o ponto de vista para ver além do horizonte. Do lugar que se vê o horizonte, de repente, vira mais céu do que o próprio céu posto no horizonte.

O céu é feito de pessoas. Pessoas com seus sonhos e expectativas. Pessoas com as suas confusões. Com as nossas confusões na mesma equação que tem sonhos, expectativas, desejos e necessidades. E, somos todos nós, tão necessários para o céu de cada um. Mais ainda para esses tantos céus particulares que se abrem quando uma pessoa se encontra com outra pessoa e cria dali mais que uma relação – funda um mundo.

Este é o nosso mundo e este nosso mundo é o nosso céu. Não para depois da morte. Mas que começa aqui e se estende para além desses mistérios que, ao seu tempo, serão descobertos. Por enquanto, é viver este céu e torná-lo mais paradisíaco do que já pode ser.

O céu... Tão estranho para nós é o mesmo céu em que não somos estranhos para ele. Tão dentro de nós, tão perto de nós e ainda teimamos em olhar para cima como se estivesse nas nossas cabeças ou para longe de nosso tempo como se fosse para adiante de nossa mortalidade.

O céu está aqui o tempo todo... Só você não vê? Vê agora para sentir desde ontem que o céu é cada um de nós, aqui neste instante, dentro desse mundo cheio de mundos particulares repletos de céus para vivenciar, desvendar e descortinar na descoberta de ser profundo.

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Wanderson Nogueira

Wanderson Nogueira

Observatório

Jornalista, cronista, comentarista esportivo, já foi vereador e agora é deputado. Ufa! Com um currículo louvável, o vascaíno Wanderson Nogueira atua com garra no time de A VOZ DA SERRA em Observatório, sua coluna diária.

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