Tereza Malcher

Tereza Cristina Malcher Campitelli

Momentos Literários

Tereza Malcher é mestre em educação pela PUC-Rio, escritora de livros infantojuvenis, presidente da Academia Friburguense de Letras e ganhadora, em 2014, do Prêmio OFF Flip de Literatura.

27/12/2021

Hoje vou falar da literatura que acontece na vida, das palavras que não
são escritas, mas ditas espontaneamente, dos gestos que não são descritos,
porém expressos com naturalidade. A literatura corre pelos meandros das
relações afetivas entre os seres deste planeta azulado, a safira do sistema
solar.
Nesta época do ano, a afetividade está aflorada e manifesta de formas
diferentes. O olhar e o sorriso ganham um brilho especial, os braços parecem
ficar maiores para acolher o outro e os beijos mais estalados. Os acenos mais

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20/12/2021

Lendo a biografia de Woody Allen eu me deparei com uma afirmação que
é contrária ao que tenho lido e escutado ao longo de anos. “Você pode viver
até os cem anos se abandonar todas as coisas que fazem com que você queira
viver até os cem anos.” Parei, olhei para o teto revirando os olhos em várias
direções, mas sem nada ver, apenas pensando. De repente, minhas ideias se
aproximaram da letra do samba, gravado por Zega Pagodinho, “Deixa a vida
me levar”.
Essas proposições trazem toques de sabedoria porque a vida tem

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06/12/2021

Volta e meia eu me deparo com essa pergunta: você escreve “historinhas”
ou “livrinhos” para crianças? Um arrepio me vai dos pés à cabeça. Os textos
infantis com valor literário são extremamente difíceis e delicados de serem
construídos, e quem escreve para crianças e jovens precisa considerar alguns
fatores relevantes.
É razoável que o escritor infanto-juvenil tenha em mente que as histórias
direcionadas a esse grupo de leitores tenham caráter literário por excelência.
Quero dizer que não podem ser mescladas por intenções pedagógicas, nem

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29/11/2021

Ao acabar de ler “Anna Kariênina”, de Liev Tolstói, no Clube de Leitura
Clássicos da Literatura, várias questões nos sensibilizaram e inquietaram.
Baseada nas reflexões que fizemos a respeito dos personagens,
especialmente de Konstantin Liévin, a busca pelo sentido da vida me instigou
ao longo da narrativa.
O romance “Anna Kariêrina” foi considerado por Dostoievski uma
verdadeira obra de arte. Como Liev Tolstói foi profundo conhecedor da alma
humana e por estar passando por momentos difíceis, como a perda de três dos

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22/11/2021

Quando comecei a escrever, tinha um pouco mais de quarenta anos. Já
não era menina e tinha a nítida impressão de que precisava ser aprendiz das
palavras. Pelo menos neste aspecto, eu tinha amadurecido. Resolvi, então,
fazer oficinas literárias para me capacitar a compor textos. Ao descobrir meu
gostar pela literatura infantil, pensei que o humor me seria útil. Entrei numa
oficina de humor e, até hoje, dela participo. Ainda tenho o que aprender. Mas
ainda não sei contar piada. Na verdade, sou um fracasso, e ninguém, ao

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16/11/2021

Tenho um bloco antigo que vive em cima da minha escrivaninha. Um dia está de num canto; noutro, em cima de uma pilha de papéis. Sempre sob meus olhos porque não é um bloco comum, daqueles que se compra em papelarias. Sua capa é furta-cor e faz com que o olhar se perca entre as cores. Sua capa também é dura e pego-o com gosto porque não vira para baixo com os movimentos como os que têm a capa e a contracapa feitas de papelão.

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08/11/2021

A relação entre pais e filhos atrai olhares da psicanálise, da sociologia, da
filosofia, da genética. Da literatura. Guimarães Rosa compõe um ponto de vista
psicológico dessa relação no conto “A Terceira Margem do Rio”, contido no livro
“Primeiras estórias”. Muito bem trazida pelas mãos de um escritor que vai quase além
da alma. Com personagens tão imperfeitos quanto os viventes, mostra o esforço de
um filho para compreender a decisão do pai, que ruma seu destino para o rio e vai

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01/11/2021

Outubro é o mês de vários aniversários de pessoas amigas, inclusive do meu. Por estes dias, andei cantarolando “Parabéns pra Você”. Repentinamente, a letra me chamou a atenção por sua simplicidade e objetividade. Não ouso dizer que ela possua caráter literário, entretanto é uma composição de valor pelo significado que possui. Cantar “Parabéns pra Você” faz parte da cultura, além de ser uma forma de homenagear a trajetória existencial de uma pessoa, dado que cada ano vivido é uma conquista a ser respeitada. Ah!, não são todos que conseguem comemorar mais um ano de vida.

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25/10/2021

Hoje, vou fazer uma homenagem ao patrono da Academia Friburguense de
Letras, Julio Salusse, autor de um dos sonetos mais lindos de todos os tempos,
publicado em vários países, um dos poemas mais declamados no final do século XIX e
início do século XX. “Cisnes...”.

A vida, manso lago azul algumas
Vezes, algumas vezes mar fremente,
Tem sido para nós constantemente
Um lago azul sem ondas, sem espumas,

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18/10/2021

Hoje, 15 de outubro de 2021, acordei pensando que os verdadeiros mestres não
precisam de salas de aula, nem de púlpitos. Precisam de asas. São como pássaros,
passam a vida espalhando sementes.
Saint-Exupéry, meu mestre maior, era aviador e, pelos tantos céus que voou, foi
deixando sementes. Assim, quero abraçar os professores com os pensamentos dele,
tão ricos de humanidade.
. “Você é eternamente responsável por aquilo que cativou”. (do personagem do
livro “O Pequeno Príncipe”, traduzido por Ferreira Gullar).

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