Seria Bolsonaro um novo Collor?

quarta-feira, 11 de outubro de 2017

 

Seria Bolsonaro um novo Collor?

Nas redes sociais temos encontrado uma grande polarização em torno da suposta candidatura de Jair Bolsonaro à presidência da República, apesar de não termos nada de concreto ainda. Vale lembrar que falta apena um ano para as eleições presidenciais. Não vou entrar nessa discussão de saber se o Bolsonaro é ou não um bom candidato, no entanto, as supostas demais candidaturas entre os quais Marina, João Dória, Ciro Gomes, Geraldo Alckmin, Luís Inácio representam a mesmice de sempre, de um sistema para lá de viciado.

Esses mesmos candidatos se alternam, com exceção de Dória, nos vários cargos eletivos que a democracia disponibiliza e não trouxeram nada de construtivo ao longo dos anos para a sociedade brasileira, a não ser dívidas. Na realidade não temos uma alternância de poder, mas sim uma alternância de nomes. Posso estar errado, mas a pretensa decolagem de uma possível candidatura de Bolsonaro, me lembra muito o sucesso e a passagem meteórica de Fernando Collor de Mello, pelo palácio do Planalto.

Eleito como o presidente mais novo do país e com o lema de caçador de marajás, consolidou durante seu curto mandato, sua própria imagem de marajá. Seu sucesso se deu porque já naquela época a sociedade brasileira se mostrava cansada e enojada pela maneira como agiam nossos políticos. Desde a instalação do seu processo de impeachment e sua consequente renúncia em dezembro de 1992, o quadro da política nacional só se fez deteriorar. Como agravante a corrupção cresceu vertiginosamente, terminando na escandalosa atuação do PT nos seus 14 anos de poder, que resultou na operação Lava-Jato, uma continuação do mensalão.

Sem entrar no mérito da questão, o pretenso candidato Bolsonaro, representaria para os eleitores descrentes uma mudança da água para o vinho, com uma pessoa cuja atuação é completamente diferente do status quo atual. Aliás, num artigo anterior chamei-o do Trump tupiniquim, exatamente por sua maneira destrambelhada de agir.

Da mesma maneira que Collor foi um salto no escuro, uma provável eleição de Jair Bolsonaro representaria uma radicalização, talvez um verdadeiro choque na política brasileira da atualidade. Mas, correremos sempre o risco de ter feito uma nova má escolha, além de um natural emparedamento do candidato pelas velhas raposas da política nacional, alérgicas a mudanças radicais ou não. Sua dificuldade em governar seria um complicador a mais. Pessoas como ele têm ojeriza a alianças políticas.

Assim, voltamos ao ponto de partida, ou seja, mais uma eleição sem que haja novas lideranças de envergadura e credibilidade. Um país sem líderes confiáveis e atuantes não tem futuro. Teremos um papel carbono das eleições anteriores.

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Max Wolosker

Max Wolosker

Economia, saúde, política, turismo, cultura, futebol. Essa é a miscelânea da coluna semanal de Max Wolosker, médico e jornalista, sobre tudo e sobre todos, doa a quem doer.

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