Resposta a uma pergunta

terça-feira, 23 de maio de 2017

Terminei minha última matéria com a seguinte interrogação: “Será que um país da extensão do Brasil, jovem, pois tem pouco mais de 600 anos, mas com uma população que ultrapassa os 200 milhões de habitantes, ou seja, dez vezes mais que a da Eslovênia, torna-se de difícil governabilidade ou falta aquele algo mais para que possamos entrar no caminho correto do progresso e do bem-estar do povo?”. Pois bem, os acontecimentos da semana passada, que mais uma vez apequenaram nosso país e nos ridicularizaram perante o mundo, são a resposta do porque o Brasil é um país medíocre e seu povo sem a menor vontade de lutar pelos seus direitos, acomodado.

Luís Inácio, Dilma, Temer e demais políticos, uma plêiade de maus elementos desnudada pela Operação Lava Jato, além do judiciário e seu órgão maior, o STF, estão pouco preocupados com a repercussão nacional e internacional desse mar de lama que nos assola. A preocupação maior é salvar a pele, tentar enganar a opinião pública com as juras de sempre de que são inocentes; tudo com o objetivo de se reelegerem e escaparem das punições que merecem, por causa da maldita imunidade que blinda nossas autoridades.

O número de eleitores que ainda apoiam Luís Inácio e o PT, mesmo com todas as evidências da roubalheira que promoveram, mostra como o brasileiro não tem o menor senso de patriotismo e como não se dá conta do quanto isso é ruim para a imagem externa do Brasil. Não é o caso, de maneira alguma, de defender o grupo atual encastelado no palácio do Planalto, pois o PMDB e os partidos que sustentam Temer, estão implicados da mesma maneira. A corrupção tornou-se uma bandeira política, quanto mais corrupto, maior a probabilidade de sucesso.

Semana passada fomos visitar uns amigos em Moutier, na Suíça, e tivemos uma amostra do grau de comprometimento de um povo com seus anseios e objetivos. Apesar de falar o francês, a cidade está sob a jurisdição do cantão de Berna, de língua alemã, o que desagrada uma parcela importante da população. Desde 1959 que a cidade tenta passar para a jurisdição do cantão do Jura, que congrega as cidades da Suíça francesa. Dia 4 de junho vai haver um plebiscito com o objetivo de decidir a questão. SIM para manter a atual situação e NÃO para uma mudança radical. A adesão da cidade com seus anseios é digna de um povo que sabe o que quer e que usa os meios que a democracia disponibiliza para atingi-lo. Assim, promovem encontros, palestras, festas para divulgar o porquê da mudança e a importância de uma participação massiva de todos. O recurso para subvencionar essa campanha é rateado por todos evitando a proximidade com os aproveitadores, tão nossos conhecidos em épocas de eleição.

Um outro exemplo? O governo central do país helvético quis aumentar a “vinheta” (substituto do pedágio, uma taxa anual) de 30 para 100 francos suíços. Foi convocado um plebiscito, em âmbito nacional, e a população decidiu pelo NÃO. Aliás, plebiscitos são válidos, desde que não haja manipulação da opinião pública, de maneira escusa. Me lembro do realizado, aqui, para decidir se mantínhamos a democracia ou voltávamos a ser uma monarquia. Foram impressionantes as mentiras e as manobras para denegrirem a figura do imperador e do regime, o que num povo sem conhecimento da verdadeira história do Brasil e do período imperial, levaram a uma fragorosa derrota do SIM ao regime monárquico.

De longe fica difícil uma opinião sobre o que está, de fato, acontecendo no Brasil. Interesses escusos forçando uma renúncia do presidente (coincidência ou não, José Dirceu foi solto há uns 15 dias atrás) ou um novo processo de impeachment? Mais um presidente pego com a boca na botija, atolado até o pescoço na lama da corrupção, o que não seria nenhuma surpresa? Mas, uma coisa é certa, retornar ao Brasil, na atual conjuntura, é a mesma sensação do condenado à forca, a caminho do cadafalso.

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Max Wolosker

Max Wolosker

Economia, saúde, política, turismo, cultura, futebol. Essa é a miscelânea da coluna semanal de Max Wolosker, médico e jornalista, sobre tudo e sobre todos, doa a quem doer.

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