Osso é muito bom

quinta-feira, 05 de maio de 2016

Com o tempero adequado o osso torna-se um alimento muito gostoso, que o diga nossos políticos em geral, nossa presidente, em particular. Ninguém quer deixar de roê-lo. Primeiro, ela e seus adeptos usaram a terminologia do golpe, para tentar convencer os mais ingênuos, de que estava sendo afastada por ser mulher, por ter ganhado a reeleição com 54 milhões de votos, por ser defensora dos pobres, principalmente, daqueles que necessitam do programa Bolsa Família; a chapeuzinho vermelho prestes a ser devorada pelo lobo mau.

Como a população, incluíndo aqui tanto ricos como pobres, já não se deixa mais enganar por esse discurso gasto, tamanho foi a sua utilização, a presidente Dilma Rousseff parte agora para a tentativa de antecipação das eleições presidenciais de 2018. Crédula, ela acha que reentronizaria Luís Inácio, o PT daria a volta por cima e, mais chamuscada do que bucha de balão, ela se manteria no governo, de preferência num cargo em que gozasse das regalias parlamentares, evitando assim ser julgada pela justiça comum. Largar o osso, jamais.

Num passe de mágica o golpe saiu de cartaz e entrou no seu lugar a casuística típica dos maus políticos, dos homens públicos capazes de venderem até a própria genitora, para se manterem no poder. Não tivesse mentido tanto, enganado tanto, usado e abusado da prepotência e da incompetência, não precisaria recorrer a esses subterfúgios, para garantir seu lugar no Panteão das figuras públicas de valor.

A prepotência de nossa presidente se mantém incólume, pois a proposição da antecipação das eleições para presidente, em 2018, pressupõe a concordância do seu vice. Se ela renunciar e ele não, Dilma estará abandonando o cargo no colo de Michel Temer, pois como vice-presidente cabe a ele assumir o poder em caso de vacância do posto. Assim prescreve a constituição brasileira de 1988.

Claro que esse altruísmo magnânimo não seria para encurtar a agonia por que passa o Brasil, livrando-o de dois males.  Primeiro, pouparia o povo brasileiro de mais um provável episódio ridículo como o proporcionado por nossos deputados, com cusparadas e votos pela esposa, mãe, filhos e etc. Aliás, foram sentidas as ausências de votos pela sogra, pelas amantes e pelo papagaio.

Segundo, a quebra do continuísmo de uma política econômica malévola, seria substituída pelas diretrizes de uma equipe econômica renovada, e sem compromissos outros que não fosse a volta do país aos trilhos.

O que mais nos falta, nesse momento, é a credibilidade interna e, mais do que tudo, a externa; a recuperação da atividade industrial e a consequente queda dos níveis assustadores do desemprego; a estabilização da moeda com a consequente queda da inflação e a diminuição da estratosférica dívida pública.

Muitos, os adeptos do PT e de Dilma em particular, dizem que Temer, se vier mesmo a assumir a presidência, não será capaz de resolver essas questões, seja por incapacidade, seja pelos acordos a serem costurados para tornar viável a governabilidade. No entanto, todos têm a certeza de que nossa presidente não tem mais condições de governar, quanto mais sanear as finanças que ela mesma arruinou.

Com altos índices de rejeição, sem o respaldo da câmara, haja visto os 367 votos contrários a sua permanência e os prováveis 16 votos no senado, em favor da continuidade do processo de seu impeachment, a era PT parece mesmo prestes a se findar, da maneira mais melancólica possível.

Sou adepto de sua renúncia, não para que haja uma nova eleição, pois isso se chama desespero de causa, mas para que o país se livre de um dos momentos mais sombrios de sua história. Não basta clamarmos pelo fim da corrupção, por políticos mais dignos, por governantes mais competentes, devemos sim fazer nossa mea culpa e aprendermos a votar de maneira correta e consciente. Só assim nos livraremos do joio.

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Max Wolosker

Max Wolosker

Economia, saúde, política, turismo, cultura, futebol. Essa é a miscelânea da coluna semanal de Max Wolosker, médico e jornalista, sobre tudo e sobre todos, doa a quem doer.

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