O sonho que virou pesadelo

quarta-feira, 12 de abril de 2017

Finalmente, dia 5 de abril desembarcamos do Costa Fascinosa pondo fim a uma das piores viagens que já fizemos. Que me perdoem os atuais donos da companhia de navegação Costa Cruzeiros, mas o esmero em infernizar a vida dos brasileiros a bordo, maioria por sinal, foi digna de pós-graduados. O descaso para com os passageiros foi tal, que uma viagem prevista para durar 22 dias foi reduzida para 18, simplesmente por que o navio foi alugado para um ricaço indiano. A finalidade era a de comemorar o casamento de uma filha. Assim, além da quebra de contrato, ainda começaram obras de reparos em plena navegação. Pintura de casco, troca dos carpetes dos corredores, com o cheiro de cola que deixou muita gente com dores de cabeça, tudo isso visando a ocupação pelos convidados assim que chegássemos ao destino final, Gênova. Tudo era cobrado, até o cafezinho das máquinas, desligado após o café da manhã, para obrigar os passageiros a comprá-lo nos bares. Ou seja, os americanos são muito mais judeus que meus parentes.

Mas o capítulo final estava destinado ao nosso translado para Marselha. Sim, pois em princípio estava prevista nossa descida nessa cidade francesa e foi trocado por Genova. Assim, tiveram de proporcionar um transfer para todos, já que a maioria terminaria a viagem em Savona. Pois bem, eu e uma família de quatro adultos e três crianças escolhemos o porto de cruzeiros, em Marselha, pois esse era nosso destino original. Só que se tratava de uma área erma, sem nenhum apoio, quando não tinha desembarque previsto. No local havia um centro de Polícia Aduaneira e um centro Náutico, além de uma cabina com um guarda que abria e fechava um portão de acesso para outra parte do porto. O motorista retirou nossas bagagens e foi embora. Ventava muito e ameaçava chover forte. A nossa salvação foi procurar abrigo nesse centro náutico e contar com a boa vontade de três senhores que lá estavam, para nos chamar dois táxis. Se não fosse o meu francês correto, teria sido muito mais complicado. E ainda tem gente que diz que os franceses são metidos a besta. Sem falar de um outro, que foi procurado por mim, e se dispôs a transportar todo mundo para um ponto de ônibus mais próximo, mesmo que tivesse de fazer várias viagens. O conselho que dou é: evitem a Costa Cruzeiros, atualmente uma companhia americana.

Enfim, estamos em Marselha, que com fama de ser muito violenta foi desprezada por mim, nesses longos 30 anos que viajo para a França. É uma cidade muito linda, que requer atenção como todas grandes cidades do mundo, mas que vale a pena ser visitada, principalmente o velho porto. Este na realidade é um porto de turismo, com uma marina repleta de lanchas e barcos a vela, muitos restaurantes e bistrôs, além de uma fortificação na sua entrada, uma basílica incrustada no alto de uma montanha e muitos museus. Me arrependi de não a ter conhecido antes, mas me tornei seu fã incondicional.

Procuro não ler notícias do Brasil, apesar de saber que o Ministério Público pediu 15 anos de cadeia para Eduardo Cunha, mas essa informação me foi passada por um casal de brasileiros durante a viagem. No entanto, sei que o meu Fogão é um dos semifinalistas da Taça Rio, pois na realidade é o que mais me importa, no momento, nessa terra que teve a infelicidade de ser descoberta por Cabral.

No próximo sábado, 15, vamos para Chambéry, destino final de nossa viagem. De lá pretendo mandar uma matéria sobre as eleições presidenciais de 27 de abril, em primeiro turno, e 7 de maio, no segundo turno, se houver. Aliás, aqui ninguém é obrigado a votar, mas o comportamento dos candidatos é o mesmo do Brasil: haja promessas e enganação.

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Max Wolosker

Max Wolosker

Economia, saúde, política, turismo, cultura, futebol. Essa é a miscelânea da coluna semanal de Max Wolosker, médico e jornalista, sobre tudo e sobre todos, doa a quem doer.

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