O mundo em crise

quarta-feira, 26 de julho de 2017

Desisti, por uns tempos, de escrever sobre a política brasileira, pois me torno repetitivo e acabo cansando o leitor. Nossa problemática é muito antiga, talvez tenha começado nos primórdios de nosso descobrimento e se um dia é pior que o outro, nada é novo, apenas reproduzimos em dose dupla tudo o que nossos antepassados já enfrentaram, em seu tempo. No entanto, fica cada vez mais evidente que não é só o brasileiro que está às voltas com as adversidades, na realidade, o mundo está em crise.

A corrupção é uma nódoa a corroer a sociedade, mas é internacional, tanto isso é verdade que a comunidade europeia tem vários países membros com a economia comprometida. Espanha, Portugal, Grécia, Itália e mesmo a França, uns mais outros menos, estão com sérios problemas, com um endividamento interno muito grande, prejudicando o crescimento e afetando o dia a dia do assalariado. Assim, a queixa com a piora no atendimento médico prestado à população, o encarecimento do custo de vida, com reflexo nos gastos com supermercado, com aquisição de eletrodomésticos, vestuário e outros itens típicos da vida moderna são uma constante. As pessoas reclamam cada vez mais e dizem, a todo momento, que a cada ano que passa a situação se agrava.

Mas, o que se nota aqui e lá fora é uma insatisfação generalizada em que muitas vezes o indivíduo não sabe precisar a origem desse desconforto. Talvez a materialização da vida moderna, com pouco ou nenhum espaço para a espiritualidade, o egoísmo sem limites, a falta de compaixão ou a solidão expliquem, de alguma maneira, essa desesperança que acomete o homem de hoje. Apesar da internet, das redes sociais, da multiplicação desenfreada do número de celulares, a verdade é que o homem se sente só.

Hoje, é muito raro crianças brincarem ao ar livre, o pular amarelinha, carniça, o pique esconde, a bola de gude, o pião, o vôlei ou mesmo a pelada de rua, desapareceram. Concordo que em muitos lugares a violência impede esse tipo de entretenimento, mas, o que se nota cada vez mais é o uso constante de tablets e celulares a consumir todo o tempo livre das pessoas, sejam grandes ou pequenas. Isso tem reflexos inclusive na comunicação, pois palavras inteiras passam a serem grafadas por abreviações ou algum fonema que as substituam. Mas, o indivíduo tem muitos amigos virtuais e, no entanto, fica isolado em quatro paredes, na sala ou no seu quarto.

Mesmo a violência se generalizou, se bem que com características próprias. No Brasil, os assaltos à mão armada, muitas vezes com a morte da vítima, se tornaram corriqueiros, principalmente no Rio de Janeiro. Isso leva ao confronto com a polícia e ao registro de até 14 tiroteios por dia, nessa cidade. Sem falar nas mortes com requintes de crueldade, proporcionadas por traficantes, na maioria das vezes drogados quando cometem tais crimes. Já na Europa e no Oriente Médio, são os atentados terroristas, na maioria das vezes movidos por fanatismo religioso, os responsáveis pelo banho de sangue que inferniza a população desses países. Nos Estados Unidos, além dos atentados terroristas ainda assistimos a desequilibrados a invadirem escolas e atirarem nos estudantes ou mesmo nas ruas, ceifando vidas inocentes.

Penso que uma reflexão se impõe e que sociólogos, psicólogos, filósofos, líderes religiosos, sociedade em geral deveriam se irmanar num esforço comum e tentar encontrar uma saída que minimizasse as mazelas da sociedade moderna, devolvendo ao homem a paz que ele pensou conquistar, mas que na realidade virou uma batalha diária.

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Max Wolosker

Max Wolosker

Economia, saúde, política, turismo, cultura, futebol. Essa é a miscelânea da coluna semanal de Max Wolosker, médico e jornalista, sobre tudo e sobre todos, doa a quem doer.

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