Nosso presidente não se explica, compra consciências

quinta-feira, 26 de outubro de 2017

Em princípio políticos não têm credibilidade, pelo menos desde 1982, quando a ditadura terminou, reiniciando o regime democrático brasileiro. Naquela época, com um dos atos institucionais editados, o general de plantão no Palácio da Alvorada, tinha poderes para cassar homens públicos, fossem eles vereadores, deputados, senadores, governadores ou prefeitos. Com esse simples estratagema, nossos bravos homens públicos iam com menos sede ao pote, pois o risco de perder a mamata era grande. Lermbro-me de Alencar Furtado, líder do antigo MDB, que foi cassado, pelo presidente Geisel, após um brilhante discurso proferido na Câmara dos Deputados, em Brasília. Ou seja, um simple discurso podia interromper uma carreira política.

Como já disse anteriormente, em suas respectivas qualificações, nenhum homem público brasileiro da atualidade teria a pujança financeira que ostenta, trabalhando como um simples mortal. Jader Barbalho, uma das maiores, senão a maior fortuna do Pará, declarou em seu primeiro cargo eletivo, como vereador, ter como patrimônio o apartamento em que morava. Isso corresponderia a aproximadamente R$ 35 mil, na moeda vigente hoje. Como se tornou milionário sendo apenas político? Será essa a chave do sucesso e da fortuna?

O presidente Temer, com o dinheiro alheio, o meu, o seu, o nosso, está comprando consciências, votos de deputados, com o intuito de não se ver às voltas com a abertura de mais um processo por organização criminosa e obstrução de justiça. Em nenhum momento, se preocupou em justificar-se, pois é um homem público, explicar a seus eleitores e à nação, que não é corrupto e não cometeu nenhum mal feito. Não podemos nos esquecer, jamais, que Temer sempre viveu às custas da política e é um homem abastado, não por ser advogado, mas por ter militado em vários cargos públicos seja como secretáio de segurança de São Paulo, deputado, senador etc.

O Brasil perdeu o rumo, perda essa iniciada já no fim dos 18 anos de ditadura militar, continuando com a entrada em vigor de uma constituição sem propósito, verdadeira colcha de retalhos. Nossa caminhada nessa sina maldita ainda resultou na cassação de um presidente, Collor o caçador de marajás, e desaguou na era PT, um dos períodos mais corruptos e tristes dos nossos 517 anos de existência.

Conseguimos um feito extraordinário em que nossos três poderes perderam, por completo, a credibilidade perante a população brasileira, pelo menos aquela que é culta, lê e sabe interpretar o que lê e ouve. Os ministros do Supremo Tribunal Federal, com raríssimas exceções, nos mostram todos os dias como falham de maneira consciente e premeditada. Ou alguém duvida da atuação do sr. Levandowsky ao interpretar a constituição ao seu bel prazer e livrar a ex-presidente Dilma da suspensão de seus direitos políticos? O pior é que nossos juristas, como que entorpecidos, nada fizeram. Ou o sr. Fux que com a maior desfaçatez relaxou a prisão de Cesare Battisti, conhecido terrorista italiano, asilado no Brasil e cuja extradição foi negada pelo ex-presidente Luís Inácio. Battisti se preparava para fugir do país ao tomar conhecimento de que seria preso e deportado. Me lembra o caso de Salvatore Cacciola, preso pelo escândalo do Banco Mafra e liberado pelo sr. Marco Aurélio Mello, também do STF, através de um habeas corpus. Vinte e quatro horas após sua libertação, fugiu para a Itália.

Aliás, com a honrosa exceção de Itamar Franco, o resto que passou pelo Palácio do Planalto é o resto mesmo. Collor, Fernando Henrique, Luís Inácio, Dilma Roussef e o tampão Michel Temer, são um desastre, nos quesitos ética, moral e lisura. O termo tampão para Temer é porque só chegou à presidência por ser o vice de Dilma, jamais por méritos próprios. Quanto ao Legislativo, os exemplos diários de cinismo, mau caratismo e falta de ética pelo cargo que exercem, dispensam maiores comentários.

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Max Wolosker

Max Wolosker

Economia, saúde, política, turismo, cultura, futebol. Essa é a miscelânea da coluna semanal de Max Wolosker, médico e jornalista, sobre tudo e sobre todos, doa a quem doer.

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