Faltam menos de dez dias para o início das Olimpíadas

segunda-feira, 25 de julho de 2016

Faltando aproximadamente duas semanas para o início das primeiras olimpíadas disputadas em solo sul americano, a preocupação é uma constante para aquelas pessoas que pensam e têm capacidade de avaliar os riscos que cercam esse evento. Aqui não incluo nossas autoridades, pois em função da posição que ocupam, são obrigadas a esbanjarem otimismo. Mesmo que não o tenham, jamais confessarão sua apreensão, suas possíveis falhas.

O terrorismo à cargo dos fundamentalistas árabes é uma realidade, basta ver que em pouco mais de uma semana 85 pessoas morreram em Nice, na França, no último dia 14; e, exatos oito dias depois, nove cidadãos foram mortos por um franco atirador, no metrô de Munique. Ambos foram praticados por seguidores de Ala, um de origem franco tunisiana e outro germano iraquiano. Todos matando em nome do seu deus, uma entidade vingativa e sanguinária, sem sintonia com o Deus de bondade pregado por outras religiões.

Mas, os Estados Unidos e a Inglaterra também não ficam fora dessa lista de países atingidos pela barbárie; portanto se países do chamado primeiro mundo, com um serviço de inteligência de qualidade em prol da segurança e com sofisticados métodos de monitoramento sofrem na pele os horrores dessa barbárie, o que pensar do Brasil?

Por nascer com o mantra de que somos um país tranquilo, alegre, com muito sol e samba, muitos acreditam que não teremos problemas. Terrorismo é coisa dos outros. O problema é que uma olimpíada concentra um grande número de pessoas numa única cidade, entre autoridades, atletas, turistas, imprensa e o pessoal de apoio; isto torna-se um atrativo para aqueles que estão acostumados a chamar a atenção através da matança em massa.

Nunca é demais lembrarmos de Munique em 1972, quando a delegação israelita foi atacada por terroristas palestinos do grupo Setembro Negro. Naquela época, esse tipo de operação apenas engatinhava, mas foi um acontecimento marcante na realização de grandes eventos.

Talvez a Copa do Mundo seja menos atrativa, pois a concentração de pessoas é diluída nas diversas sedes em que a competição é dividida e, à medida que o torneio avança, diminui tanto o número de competidores quanto de turistas.

Dizem nossos responsáveis pela segurança das Olimpíadas, que todas as medidas foram tomadas e que o aparato que garantirá a tranquilidade de todos está à altura do evento. Na realidade são dois os problemas a serem solucionados, pois além da monitorização de terroristas, temos que vigiar traficantes e bandidos do dia a dia do Rio de Janeiro. Parece humor negro, mas o número de vítimas da bandidagem local é mais expressivo que a de muitos atos desencadeados pelo terror religioso.

A partir do início de agosto, a cidade do Rio de Janeiro viverá, durante 21 dias, um período que poderá colocá-la no mesmo patamar daquelas que promoveram eventos de tal envergadura como Barcelona, Londres, Roma, Cidade do México, Moscou e muitas outras.

Ou torcemos para que nada aconteça nesse período, ou ganharemos em definitivo a alcunha de povo irresponsável e motivo de piadas internacionais. Aliás, elas certamente ocorrerão, pois passamos por um período conturbado do ponto de vista político e financeiro, com a vida nacional em suspenso.

Temos, hoje, dois presidentes, um afastado e outro interino, aliás coisa inadmissível em países sérios, pois um problema dessa magnitude, já teria sido resolvido há mais tempo. O estado, nesses países é soberano e tem de ser respeitado e mantida a sua integridade.

Se Deus é brasileiro, que ele faça valer sua nacionalidade e que o balanço ao final da olimpíada nos seja altamente favorável. Amém.

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Max Wolosker

Max Wolosker

Economia, saúde, política, turismo, cultura, futebol. Essa é a miscelânea da coluna semanal de Max Wolosker, médico e jornalista, sobre tudo e sobre todos, doa a quem doer.

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