De crise em crise o Brasil é um país desacreditado

terça-feira, 11 de julho de 2017

Saí do Brasil com uma crise política de grande envergadura e retorno três meses depois com o mesmo quadro ou, talvez, pior. É impressionante a facilidade que o país encontra para chafurdar na lama, para conviver com um passado obscuro, um presente sem méritos e um futuro que a Deus não pertence, pois Ele de bobo não tem nada.

Não me lembro, nesses meus mais de sessenta anos de vida, de ter convivido com essa sensação de impotência, de incredulidade com relação à falência dos três poderes que são os sustentáculos de um regime chamado Democracia. Juízes corruptos ou de má fé; políticos pós-graduados em malversação das verbas públicas e presidentes incompetentes na arte de governar, mas aprovados com louvor na arte de ludibriar o povo. Antes, não tínhamos o menor medo de errar, ao apontar o legislativo como o mais corrompido dos três. Hoje, no entanto, não tenho a menor dúvida em eleger o judiciário como o pior deles todos. Nossos juízes, pelo menos uma grande parcela entre eles, se valem do respeito, temor mesmo, que a figura do magistrado impõe à população, sobretudo aos mais humildes, e proferem sentenças que nos levam a pensar nas reais intenções de tais atos.

Mas, como é o povo que elege seus representantes, cabe a seguinte pergunta: que povo é esse que comete sempre o mesmo erro, elegendo entra eleição sai eleição o de que pior existe na política nacional? Será que esses senhores têm um poder de persuasão, de convencimento mesmo, de tal magnitude, que são capazes de enganar a todos nós?

Ou alguém tem dúvidas de que se Luís Inácio, com todas as evidências de ter se locupletado bastante nos seus oito anos de mandato, puder ser candidato não seria eleito de novo presidente do Brasil? Talvez, a incapacidade de compreender o que leem, se é que perdem tempo com jornais ou revistas ou só ligarem a telinha para novelas ou programas de auditório, ou mesmo o total alheamento sobre os destinos do país explique tal comportamento. Mas, existe também o risco de uma inércia causada pela descrença na política e no regime democrático. Para se ter uma ideia, na recém-encerrada eleição legislativa francesa, o primeiro turno amargou 50 por cento de abstinência. Fato inédito, os candidatos de lá foram para as ruas, não para pedirem votos pessoais, mas para convencer os eleitores da necessidade de comparecerem aos locais de votação.

Não é mais possível conviver com essa situação. Para melhorar sua situação financeira, enriquecer mesmo, o indivíduo não pensa em se preparar culturalmente, em procurar trabalhar em áreas que possam render bons salários; não, o objetivo, o eldorado é se candidatar e ser eleito. Não importa o partido, a ideologia, nem mesmo a aptidão. A meta é entrar numa das várias câmaras espalhadas por esse Brasil e começar a ascensão financeira. Sérgio Cabral é o maior exemplo disso. Radialista sem expressão, até ser preso, era uma das pessoas mais ricas do estado. Deu azar e, em princípio, tudo perdeu. Mas e se não estivesse atrás das grades? O primeiro nome que me veio à cabeça foi o dele, mas poderia ser o de Temer, Luís Inácio, Jader Barbalho, Dorneles, Alkmin, etc.

O Brasil acabou, se é que houve um começo, aliás, o seu hino diz tudo: “deitado eternamente em berço esplêndido”. Traduzindo: enquanto o país dorme os lobos assaltam seus cofres. O grau de corrupção, de desvio de conduta ética e moral chegou a tal ponto que, a meu ver, é irreversível. Tiramos a Dilma e assumiu um que nada deixa a dever; se o atual for afastado, colocar quem? Já pensaram o atual congresso nacional, mais sujo do que pau de galinheiro, tendo que escolher o próximo presidente tampão?

Hoje, um pai se quiser preparar os filhos para o futuro tem que ensiná-los a serem safos; nos dias de hoje ser honesto, ético e de grandeza moral não é o padrão vigente no Brasil.

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Max Wolosker

Max Wolosker

Economia, saúde, política, turismo, cultura, futebol. Essa é a miscelânea da coluna semanal de Max Wolosker, médico e jornalista, sobre tudo e sobre todos, doa a quem doer.

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