O ciclo da corrupção

terça-feira, 18 de abril de 2017

Para pensar

“A ciência é filha da verdade e não da autoridade.”

Nicolau Copérnico

Para refletir

“A violência destrói o que ela pretende defender: a dignidade da vida, a liberdade do ser humano.”

João Paulo II

O ciclo da corrupção (1)

Como o leitor de AVS já sabe, a rede de delações premiadas citou Nova Friburgo e a construção de residências aos desabrigados nas chuvas de 2011 como mais um caso de desvio de verba praticado pela construtora Odebrecht, em conluio com a quadrilha chefiada pelo ex-governador Sérgio Cabral.

É doloroso, mas não chega a surpreender completamente, dado o histórico dos personagens envolvidos, e o caráter emergencial das obras aqui realizadas.

O ciclo da corrupção (2)

De qualquer modo, a citação traz para a esfera regional um assunto que domina as manchetes Brasil afora, e permite ao Massimo fazer uma breve reflexão junto aos leitores.

Afinal de contas, você entende exatamente o que está sendo revelado, e seus impactos sobre a economia e o sistema democrático nacionais?

O ciclo da corrupção (3)

Perceba o leitor que a relação institucionalizada entre políticos e empreiteiros - embora a promiscuidade não se limite a este ramo do empresariado - era pautada, basicamente, pelo repasse de dinheiro em troca do favorecimento em processos seletivos para a realização de grandes obras.

Ou seja: a fraude nos processos licitatórios subtraía os cofres públicos em valores que desafiam a credulidade, gerando superfaturamento tal que era possível a uma única empresa injetar mais de R$ 1 bilhão em propinas.

O ciclo da corrupção (4)

É igualmente importante observar que grande parte do dinheiro advindo da escolha por indignos prestadores de serviços era investida justamente no financiamento de campanhas dos mesmos políticos corruptos, premiados por trair a sagrada confiança popular.

Ou seja: uma escolha direcionada pela corrupção financiava outra escolha contrária aos interesses públicos.

E todos nós pagando muito caro por isso.

O ciclo da corrupção (5)

Parece evidente que - indiretamente, mas de maneira decisiva - temos também um atentado a nosso processo eleitoral, que contou durante todos estes anos com a colaboração de parcela significativa do eleitorado, disposta a vender seu voto ou a comprar o mesmo discurso, dito pelas mesmas pessoas, ano após ano.

O ciclo da corrupção (6)

O que vemos, portanto, é uma democracia de cartas marcadas, de faz de conta, reflexo de uma sociedade pautada pela lei de Gerson, na qual muitos dos que têm oportunidade se corrompem, às custas do sofrimento e da própria vida de tantos outros, entre os quais diversos também se corromperiam se pudessem.

Não surpreende, portanto, que neste vale-tudo pela manutenção do poder, a Educação esteja sendo despudorada e estrategicamente sucateada.

Previdência (1)

A leitora Juliana Aguiar escreveu à coluna, para manifestar seu posicionamento favorável à reforma da previdência.

“Quando as leis trabalhistas foram estabelecidas à época de Getúlio Vargas, a expectativa de vida do brasileiro era de cerca de 50 anos. Hoje é de cerca de 75 e tende a se elevar. Pergunto eu: faz sentido a previdência não ser alterada após tamanha diferença? Na minha opinião a aposentadoria foi feita para que o sujeito tenha condição de sobrevivência no período no qual não tem mais força de trabalho.”

Previdência (2)

“Além disso a conta não vai fechar na medida em que o número de anos de recebimento da aposentadoria é cada vez maior. Hoje temos aposentados de 80 anos que se aposentaram aos 45 e estão há quase 40 anos recebendo benefício. E sim, hoje em dia há plena condição de trabalho até as 65 anos. Portanto sou favorável ao estabelecimento da idade mínima. Além de tudo isso, a pirâmide etária está invertendo. Daqui a poucos anos teremos mais idosos que jovens no país. A reforma está tentando evitar problemas ainda maiores, como a quebra do fundo previdenciário. Aí meus amigos, corremos  o risco de não recebermos nada no futuro.”

Previdência (3)

“Óbvio que diversos aspectos devem ser questionados, especialmente no que tange a aposentadoria privilegiada de políticos e outras classes. A reforma deve ser feita sim, mas ampla e irrestrita, para todos. Também acho imoral um congresso fazer uma reforma previdenciária e manter seus privilégios nesse aspecto. Até porque um senador que se mantenha no cargo por três meses tem direito a aposentadoria de alto valor e vitalícia. Que se reforme, mas para todos, obviamente. Aceitamos trabalhar mais, mas sem sustentar vagabundos.”

Transparência

O Massimo aproveita a oportunidade para esclarecer que não se posicionou contra a reforma, mas sim contra a realização da reforma sem que a população tenha acesso a todos os números da seguridade social, a fim de compreender qual a verdadeira situação, onde o dinheiro se perde, e o que pode ser feito para aliviar o sacrifício do povo.

Parece absurdo demais que em pleno século XXI tenhamos tantas vozes dando versões antagônicas sobre essas contas, quando os números deveriam ser de domínio público e admitir apenas uma versão.

Transporte coletivo

Duas leitoras escreveram ao Massimo na semana passada para manifestar preocupação e descontentamento em relação ao serviço que vem sendo prestado na linha de ônibus para São Pedro da Serra, sobretudo nos últimos dias.

As duas fizeram questão de se identificar.

O colunista encaminhou as mensagens à Faol, mas após cinco dias de espera, ainda não havia recebido nenhuma resposta.

Aspas (1)

“Até quando teremos que aguentar o desrespeito com os moradores de São Pedro da Serra, Lumiar e adjacências? A frota é antiga e quando os ônibus freiam fazem um barulho de ferro que assusta. Segunda-feira, dia 10, o ônibus de 17h10 saiu lotado do Centro atrasado, às 17h50, e um pneu estourou na curva da veterinária (que é perigosa). Ficamos no escuro esperando o próximo coletivo, que também veio lotado.”

Segue

“Já na terça-feira, 11, o ônibus que saiu de São Pedro às 7h30 tinha problema no elevador para cadeirante, e o motor fazia um barulho muito estranho. O motorista teve que vir muito devagar, e em consequência todo mundo se atrasou. Respeito e dignidade é o que exigimos, pois pagamos para ter um serviço decente e de qualidade.”

Assina a mensagem Naide Archanjo, socorrista da Cruz Vermelha.”

Aspas (2)

“Nós, moradores de São Pedro da Serra, Lumiar e adjacências, estamos presenciando, cotidianamente, péssimos serviços prestados pela concessionária de transporte coletivo. Nossas idas e vindas ao Centro estão sendo muito prejudicadas por situações inaceitáveis, tais como: ônibus superlotados (ultrapassando a capacidade permitida e transportando passageiros nas escadas das portas), atrasos e ônibus em péssimas condições de circulação, que acabam quebrando no meio do trajeto, deixando os passageiros na estrada em situação de risco.”

Segue

“Foi o que ocorreu segunda-feira, 10, no horário de 17h10. O veículo chegou atrasado (às 17h50), saiu extremamente lotado e quebrou um pouco depois de Mury, onde ficamos esperando por outro ônibus que também já passou lotado. Além disso, há ainda o caso inadmissível dos equipamentos que deveriam garantir o embarque e acessibilidade aos deficientes físicos, mas que funcionam muito mal chegando mesmo a inviabilizar o embarque desses passageiros. É um absurdo o que está acontecendo. A população exige e merece respeito!”

Assina a mensagem a professora Karina Frez Cursino.

Em tempo

O colunista foi informado de que um dos ônibus da mesma linha voltou a apresentar problemas nesta segunda-feira, 17.

Se a concessionária quiser fazer qualquer comentário a respeito, o espaço está aberto, como sempre esteve.

Respostas

Quanto ao nosso desafio de ontem, os parceiros Angelo Rangel, Alberto Cristóvão Correa, Marcia Leal Matos, Silvio Poeta, Girlan Guilland e Rosemarie Künzel mataram a charada.

“A ponte de ferro faz parte do conjunto ferroviário da antiga estação de trem, em Riograndina. A ‘obra de arte’, nome que se dá em engenharia, fica no 2º distrito friburguense e faz parte do remanescente da ligação férrea que existia entre Nova Friburgo e o distrito de Banquete (Bom Jardim)”, explicou o catedrático Girlan.

Pergunta

Para o desafio de hoje, o Massimo conta mais uma vez com a preciosa sensibilidade da amiga Regina Lo Bianco.

Diz aí, leitor: onde é que você já viu esse detalhe arquitetônico?

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