O profissional da educação e a leitura do mundo – Parte 2

quarta-feira, 13 de abril de 2016

Cabe à escola tornar necessário este ato de ler constantemente, diariamente e com vários exercícios complementares de partilha das leituras feitas.

Se a leitura continua com o mesmo significado e o mundo exige maior número de informações que hoje circulam por variados meios, como fica a formação acadêmica de um aluno de qualquer nível que não gosta de ler? Como encarar um universitário que passa todo o seu curso sem ler sequer um único livro, contentando-se com pequenos recortes de texto obtidos até por empréstimo?

Temos, então, uma série de considerações a fazer e elas estão adstritas ao campo das tecnologias disponibilizadas nas escolas e universidades: A multimídia está presente junto às escolas de elite, atingindo as escolas públicas dos municípios mais prósperos do país que priorizam a educação e, por multimídia, entendemos “a reunião de imagens fixas ou animadas, de sons, de textos e demais dados gravados em um mesmo suporte, acessível e explorável por computador e susceptível de utilização interativa”.(Moonen,1991)

Adicione-se a isso a telemática que associa as telecomunicações e as tecnologias da informação em um contexto educacional. Isso permite como bem se expressa Verbeek,1990 interligar os sistemas escolares com os que existem nas residências dos alunos.

Ora, para que tudo isso funcione exige-se a presença de um computador e, certamente, de uma rede. Nem todos os estudantes têm essa ferramenta disponível e nem todos os educadores pelo Brasil.

Estamos comprometidos com a leitura e a comunicação, conseqüentemente com a leitura diante da possibilidade da falta de ferramentas adequadas que possibilitem ler. Se o livro é caro e inacessível, a leitura no vídeo poderia ser mais barata e acessível.

Ainda, para que tudo favoreça a leitura que venha beneficiar os estudantes, aumentando-lhes a cultura, permitindo melhores relacionamentos e compreensão do mundo além do aumento da solidariedade e troca de experiências é necessário que as pessoas gostem de ler.

Então, a outra parte do raciocínio sobre o significado da leitura está afeto à prática pedagógica que pode levar ao gosto pela leitura ou à ojeriza pela mesma.

Lembro-me de uma entrevista de Ziraldo numa Bienal do Livro. Dizia ele: “a primeira coisa que uma professora faz quando solicita uma leitura extensiva é, em seguida, marcar a prova do livro”.

Essa obrigatoriedade é responsável pela quebra do gosto pela leitura. Quando ela deixa de ser obrigatória, ninguém mais lê. É a resultante dos sistemas coercitivos aplicados à educação.

Então, que pressupostos tornariam a leitura atraente? Seria a leitura atraente um caminho seguro para a formação do leitor quanto à norma culta da língua?

Continua na próxima quarta-feira, 20

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Hamilton Werneck

Hamilton Werneck

Eis um homem que representa com exatidão o significado da palavra “mestre”. Pedagogo, palestrante e educador, Hamilton Werneck compartilha com os leitores de A VOZ DA SERRA, todas as quartas, sua vasta experiência com a Educação no Brasil.

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