A escrita cursiva está chegando ao fim?

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

As revistas leigas e acadêmicas abrem o debate sobre o fim da escrita cursiva e o nascimento da alfabetização via digitação em “tablets”. Chamou-me a atenção duas revistas: uma era acadêmica e, a outra, de bordo. Dois mundos em questão: Alemanha e Estados Unidos discutindo este assunto.

Analiso com muito prazer esta inovação levando em conta a questão da psicomotricidade, a evolução da tecnologia e a minha experiência pessoal. Aluno de letra feia e que detestava fazer caligrafia, optando sempre pelos meios mais rápidos para atingir os objetivos, quando encontrei uma velha máquina de escrever na escrivaninha da residência de um tio, aprendi a escrever à máquina por conta própria e passei a apresentar na escola, em plena década de 1960, os trabalhos datilografados.

Hoje escrevo digitando e posso aliviar os meus leitores do esforço para compreender os meus garranchos. Em breve não será mais necessário digitar porque os computadores entenderão a nossa voz.

Resta a questão psicomotora. O ser humano é o único a desenvolver a grafomotricidade graças aos neurônios pré-frontais que se comunicam com a ponta dos dedos permitindo escrever, pintar, esculpir, desenhar e tocar um instrumento musical. Se a criança não passar pela experiência da escrita precisará, certamente, ter a oportunidade de desenvolver as outras tarefas grafomotoras para não perder qualidade na vida.

Reter uma criança na alfabetização por questões de escrita cursiva, quando ela digita com segurança será mesmo uma perda de tempo. Isso ela poderá desenvolver ao longo da escolaridade. O que não pode ocorrer é deixar-se de lado um aspecto importante da grafomotricidade, embora a digitação seja grafomotora, sem incrementar o desenho, a pintura, a escultura e a música instrumental.

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Hamilton Werneck

Hamilton Werneck

Eis um homem que representa com exatidão o significado da palavra “mestre”. Pedagogo, palestrante e educador, Hamilton Werneck compartilha com os leitores de A VOZ DA SERRA, todas as quartas, sua vasta experiência com a Educação no Brasil.

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