Educação para o vazio e a gestão da ignorância

sexta-feira, 23 de setembro de 2016

Se não tomarmos cuidado com o que se apresenta como politicamente correto ou incorreto seremos destinados ao mutismo.  Não foi parâmetro de educação alguma, defender uma acirrada crítica ao modo de falar do homem simples, geralmente de regiões afastadas dos centros urbanos, aonde não chegou um ensino regular de qualidade. O mesmo se diga em relação às populações pobres e periféricas das grandes cidades.

Não há justificativa para transformar a linguagem popular em chacota e risos, porém, quando admito que se deve conviver com o erro sem corrigi-lo, admito também que estou privando este carente linguístico de aprender o que é correto e de ter oportunidade de melhorar de vida.

De que adianta propalarmos que mais um ano de escola aumenta, em média, 15% o valor do salário de uma pessoa, se a prática do ensino e o ato de aprender estão vinculados a uma perversa pedagogia que “faz o pobre continuar pobre”.

Há, no entanto, um grande salto entre obrigarmos uma pessoa a falar corretamente como se estivéssemos oprimindo o aprendente, sobretudo aquele que fala errado para os padrões da língua culta, e aceitarmos passivamente a sua fala adequada ao seu entorno, sem cuidar das correções.

A correção deve ser bondosa, precisa ser respeitosa, deve ter caráter de ajuda impulsionando sempre para um patamar melhor. Correção que deprecia e anula é vexatória, não tem valor humano em seu conteúdo.

 Não corrigir, sim, levará a pessoa de fala própria de um determinado meio a nele permanecer. E, se esse meio for o da pobreza ele certamente continuará pobre! Não há dúvida, esta será a educação para o vazio aliada à gestão da ignorância.

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Hamilton Werneck

Hamilton Werneck

Eis um homem que representa com exatidão o significado da palavra “mestre”. Pedagogo, palestrante e educador, Hamilton Werneck compartilha com os leitores de A VOZ DA SERRA, todas as quartas, sua vasta experiência com a Educação no Brasil.

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