Educação, eleição, reflexões...

quinta-feira, 06 de outubro de 2016

Os gregos consideravam idiotas aqueles que pensavam somente em si, acreditavam no ditado “cada um para si e Deus por todos” e não participavam da vida comunitária. Oposto a este comportamento, estavam os políticos porque cuidavam do bem comum, participavam da vida das cidades, inclusive com o voto, na democracia grega e eram pessoas dispostas a servir.

Como estamos vivendo uma grande inversão deste valor da época da democracia ateniense, provavelmente ele seja a causa de tantos votos em branco, nulos e abstenções. Nunca atingimos percentuais tão elevados.

Esta última eleição municipal em Nova Friburgo teve um perfil bem diferente, exceto no aumento gradativo dos que não acreditam nos políticos e, portanto, não votam. Não podemos imaginar o que teria acontecido se o voto fosse livre!

Nunca a cidade sufragou tantos votos à esquerda, quanto nesta eleição, levando a sigla ao segundo lugar, embora ocupando duas cadeiras no legislativo municipal.

A queda de votos do prefeito em exercício não afetou a reeleição da bancada rural. Todos retornaram. Percebe-se, ainda, que a queda da coligação do atual prefeito afetou diretamente os candidatos a vereador ali abrigados.

As pesquisas de opinião falharam todas, manipuladas ou não, o que é difícil de se provar. A única salvaguarda dos institutos é afirmar que, naquele momento, o desenho dos resultados correspondia ao publicado. Foram mais fiéis à realidade das urnas aquelas pesquisas sem valor científico que buscavam a opinião do eleitor na porta de uma fábrica, de uma escola ou ao lado de uma banca de jornal. Também é verdade que estas pesquisas amadoras surgiram na última semana que antecedeu ao pleito, quando os indecisos estavam formando a opinião.

Os debates nos vários canais de TV, salientando-se que a Rede da Democracia congregou três veículos de informação, tiveram papel muito importante porque o eleitor conseguiu conhecer seus candidatos. Analisando-se mais de perto estes debates, parece-me muito claro que o eleitor tende a dar maior atenção àquele que, vez por outra, sofre agressões verbais e revida com outra moeda, sem perder a compostura, mantendo o equilíbrio e sustentando propostas.

Ainda em nossa cultura, a força religiosa representada por vigários e pastores ainda é muito forte e pode mudar o comportamento dos eleitores, mormente quando usam as redes sociais para propagar suas ideias. O papel, assim me parece, exercido na década de 1950 pela Igreja Católica, hoje é exercido no meio rural e urbano pelos evangélicos de todos os matizes. Também este tipo de participação ativa influenciou as eleições municipais.

A população de eleitores mostrou que não precisa mais de tanto barulho para conhecer seus candidatos o que significa que a poluição sonora e visual, diminuída ao máximo, trouxe um grande bem-estar.

Por fim, cabe ao articulista, considerar o prefeito eleito, Renato Bravo. Ele é o meu primeiro ex-aluno, a ser eleito prefeito de Nova Friburgo em eleição direta.

Renato, o povo espera mudanças. O eleitor percebeu que você representava a mudança que ele queria: alguma mudança, mesmo que não fosse tão grande. Se a sua fala de campanha corresponder à fala e às suas ações, o caminho será mais seguro.

Porém, o mais importante a considerar é que, mesmo com a eleição, as diferenças de sufrágios e a possibilidade de ter uma boa base parlamentar, a realidade não deve ser encoberta pelo fato do eleito ter chegado aos quase 30% dos votos válidos porque, apenas 19,7% do eleitorado votou no vencedor.

Portanto, ao sentar-se na cadeira de prefeito é importante considerar a necessidade do diálogo, da transparência, da sinceridade e da humildade.

Estas são as minhas reflexões. Um bom governo!

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Hamilton Werneck

Hamilton Werneck

Eis um homem que representa com exatidão o significado da palavra “mestre”. Pedagogo, palestrante e educador, Hamilton Werneck compartilha com os leitores de A VOZ DA SERRA, todas as quartas, sua vasta experiência com a Educação no Brasil.

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