Após oito anos, lemos para aprender

terça-feira, 07 de junho de 2016

Há um “ditado” pedagógico conhecido nos meios acadêmicos que afirma o seguinte: “até os oito anos, aprendemos a ler; depois, lemos para aprender”.

Da década de 1950 até hoje esse aprendizado mudou muito pouco ou quase nada, embora os recursos aplicados à educação tenham aumentado. Na década de 1950 os alunos aprovados ao final do primeiro ano não passavam de 52%. Esses, de fato, sabiam ler e escrever.

Atualmente, ao final do primeiro ano do ensino fundamental (antiga alfabetização), os que dominam a escrita e a leitura não ultrapassam os 48%. Na tentativa de solucionar essa questão criou-se um bloco único nos três primeiros anos procurando evitar a repetência e incrementando outras técnicas de aprendizado dentro dessa concepção de progressão continuada.

A esperança é que todas as crianças estejam lendo e escrevendo ao final do terceiro ano do primeiro segmento do ensino fundamental, quando terão completado 8 anos de idade. Teoricamente está correto porque atende ao “ditado” conhecido no meio acadêmico.

A questão crucial é que se constata, na prática, que muitas crianças não dominam a leitura e a escrita, apesar das avaliações do Ministério da Educação ao final do terceiro ano do ensino fundamental.

Questiona-se, então, sobre o que está errado. Seria o “mito” de que a criança só estuda se souber que será reprovada? Serão metodologias antiquadas ou mal interpretadas que não funcionam em sala de aula?

O fato é que esta organização chamada escola não está dando conta do recado. Mas, o que fazer? Creio que várias frentes devem ser “atacadas” ao mesmo tempo visando um só objetivo: conseguir que as crianças aprendam.

Por ocasião da existência do antigo curso “normal” as professoras concluíam sabendo duas coisas básicas: alfabetizar uma criança e saber dar aula. Se muitas crianças não aprendiam era por falta de professores “formados”.

Precisamos criar coragem para deixar quem consegue fazer com que uma criança aprenda a usar o método que bem desejar. Deixe em paz este professor. Esqueçam teorias educacionais aplicadas em outras realidades e respeitem a competência deste profissional.

A segunda coragem é analisar o que está adequado à nossa realidade, aplicando menos sofisticação teórica e mais prática objetiva, o que vale dizer que as faculdades que formam professores devem cuidar muito mais das metodologias de ensino que das teorias que discutem.

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Hamilton Werneck

Hamilton Werneck

Eis um homem que representa com exatidão o significado da palavra “mestre”. Pedagogo, palestrante e educador, Hamilton Werneck compartilha com os leitores de A VOZ DA SERRA, todas as quartas, sua vasta experiência com a Educação no Brasil.

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