Academias de Letras. Afinal, para que servem?

terça-feira, 31 de maio de 2016

Por que ainda há quem pense que as academias de letras espalhadas por todo o país só servem para inflar o ego dos acadêmicos? A resposta é simples: num país onde a leitura é escassa, os livros são caros e o número de analfabetos puros e funcionais somados, perfaz quase 50 milhões de pessoas, a leitura e sua divulgação ficam comprometidas.

Nesse contexto, quem escreve e quem participa da vida cultural e acadêmica pode ser um peixe fora d’água, cuja sobrevivência se torna difícil no interior do país. As academias são verdadeiros oásis, abrigando pessoas que gostam de escrever e se deleitam com essa prática, resultado de leituras que as acompanham pela vida.

Sabemos que muitas dessas casas têm dificuldade para se sustentar, quase mendigando reparos em seu prédio, algum funcionário cedido e materiais que facilitem o acesso ao seu acervo literário. Mesmo assim, este oásis sem “sheik” consegue abrir suas portas para pesquisas de crianças e adultos, promove de quando em vez palestras abertas ao público divulgando o conhecimento e realizam sessões solenes de posse de acadêmicos, onde muito se pode colher de valor literário nas diversas falas apresentadas.

As academias correspondem a uma instância de reconhecimento e promoção dos escritores nativos, daqueles que nunca saíram ou sairão de seu torrão natal e que podem contribuir com o estímulo à leitura e escrita por serem incentivadores naturais dessa prática.

O que falta para as academias serem mais atuantes?  Também é fácil de responder. Se algumas empresas ou o poder público tiverem a noção do alcance e valor de suas práticas, certamente contribuirão e facilitarão tarefas importantes na divulgação da cultura local.

Cidades onde o mundo universitário é desenvolvido não deveriam ter dificuldades para manter uma academia, dado que todas as instituições de ensino superior têm a obrigação de incentivar a leitura e a escrita, facilitando a comunicação entre os profissionais ali formados.

Finalmente a parceria entre as academias e a imprensa falada, escrita e televisada serviria para uma divulgação do que se faz dentro do mundo acadêmico, certamente muito além de qualquer congraçamento fechado entre quatro paredes.

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Hamilton Werneck

Hamilton Werneck

Eis um homem que representa com exatidão o significado da palavra “mestre”. Pedagogo, palestrante e educador, Hamilton Werneck compartilha com os leitores de A VOZ DA SERRA, todas as quartas, sua vasta experiência com a Educação no Brasil.

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