O bicentenário de Nova Friburgo em 2018

sexta-feira, 16 de setembro de 2016
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Pergunta: A próxima administração terá a responsabilidade de gerenciar Nova Friburgo no marco de seu bicentenário. Quais as medidas propostas por seu plano de governo para celebrar a ocasião e, sobretudo, quais as propostas de longo prazo, que não trarão benefícios eleitorais imediatos, mas que podem representar um legado futuro e lançar as sementes para uma cidade com melhor qualidade de vida ao longo dos próximos 100 anos?

Precisamos inicialmente restaurar as belezas da cidade, renovando as principais praças e pontos turísticos, hoje deteriorados pelo desleixo da administração pública. A Praça Getúlio Vargas, por exemplo, uma das maiores do Brasil, está degradada e perdeu a sua identidade.

Dispomos de um acervo cultural diferenciado destacado entre outras cidades, com as três bandas centenárias e edificações marcantes que traduzem a nossa colonização. Nosso governo irá se caracterizar pela escolha criteriosa dos integrantes das secretarias, convidando ilustres friburguenses, que irão organizar todos os setores para que a celebração dos 200 anos seja um marco histórico. 

É claro que precisamos atender os principais pleitos que são a saúde, a educação, o trânsito e combater, com todas as forças, as desigualdades sociais que pioram a cada dia por inação e inoperância. Apesar da educação não ser considerada prioridade nas pesquisas, é nela que reside o nosso futuro e terá uma evolução extraordinária que se refletirá, em médio e longo prazo, em significativas melhoras nos sistemas de avalização. 

A capacitação e a valorização dos profissionais da educação serão marcos a serem alcançados, assim como a revelação de talentos entre os estudantes, que se perdem pela inépcia dos sucessivos governos.

Vamos organizar festivais em várias áreas, retornando Nova Friburgo referência na valorização do ser humano. Nesse sentido, nosso programa de saúde colocará, rapidamente, a nossa cidade no topo de qualidade de vida e respeito ao ser humano.

Além disso, o nosso meio ambiente não pode ser esquecido. O reflorestamento da nossa Mata Atlântica, a construção de uma biorrefinaria e o “Projeto das Águas”, cujo ineditismo levarão a nossa cidade à modernidade com respeito ecológico e redução dos custos de energia, da água e do gás.

A nossa visão administrativa e o nosso otimismo são baseados na capacidade criativa dos friburguenses e na nossa determinação em celebrar o bicentenário em alto estilo.

Nova Friburgo tem uma história muito rica, mas ainda pouco conhecida pela população. É importante destacar o enorme avanço da historiografia regional nas últimas décadas, impulsionada, principalmente, pelo departamento de história da extinta Faculdade de Filosofia Santa Dorotéia (FFSD). 

Atualmente, diversos trabalhos vêm lançando luz sobre o passado. Para exemplificar, desenvolvi um projeto de pesquisa sobre a classe operária friburguense e os estudos ajudam a desmistificar a visão do senso comum de uma suposta passividade e acomodação do friburguense. Outros estudos caminham no mesmo sentido, ao analisar a história pelo viés da luta de classes.

Considero que a comemoração do bicentenário deva partir do incentivo à elaboração de novas pesquisas historiográficas, à publicação de trabalhos já finalizados, à promoção de encontros internacionais e à formação do corpo docente para trabalhar com os alunos e a comunidade um projeto interdisciplinar sobre o tema do bicentenário. 

Nesse sentido, o resgate da presença negra na formação do município é fundamental. Do mesmo modo, a atuação da classe trabalhadora e dos movimentos de juventude. Sem falar, é claro, do processo de colonização, nas primeiras décadas da nossa história.

Além do legado científico e cultural, o nosso governo terá como objetivo a construção de uma Nova Friburgo para os trabalhadores e para a juventude. É preciso que o povo assuma, de fato, o poder. Só assim será possível superar a atual estagnação. 

Defendemos a formação de conselhos populares em todo o município. Eles serão a base para a execução e o controle de medidas fundamentais, como um audacioso plano de obras públicas e a melhoria dos serviços públicos, em especial, da saúde, educação, transporte, saneamento e moradia. 

Tudo isso, com a valorização dos servidores municipais. E por fim, mas não menos importante, queremos deixar para a posteridade a conquista de uma universidade pública e autônoma em Nova Friburgo, que será fruto da luta organizada, principalmente, da juventude.

Nova Friburgo carrega consigo uma importância histórica incalculável. Nossa cidade foi a primeira a ser criada através de um decreto real, berço do primeiro movimento migratório do Brasil. Diante de tamanha relevância, um trabalho contínuo de conservação de acervo e de patrimônio histórico tem sido feito.

O trabalho recente de preservação do Arquivo Pró-Memória, feito através da Fundação D. João VI, permite o desenvolvimento de novos projetos no âmbito do turismo, da cultura e da educação, preservando as memórias e a história de nossa cidade, de nossa gente. O projeto que se desenha hoje para as comemorações do bicentenário traz nos seus fundamentos a participação de todos os setores da sociedade friburguense.

Além desse segmento de preservação imaterial da nossa história, outro eixo de trabalho envolve o legado material para os 200 anos de Nova Friburgo. A Fundação D. João VI ocupa um dos prédios históricos mais importantes da cidade, o Solar do Barão. Neste local será criado um importante complexo cultural e histórico, abrigando o Museu de Nova Friburgo, o Centro de Artes Jaburu e o Pró-Memória.

E para viabilizar os projetos do bicentenário do município, foi criada a sociedade Amigos da Fundação. Entre tantos projetos, o principal deles visa a incorporação do antigo campo do Nova Friburgo F. C. ao Solar do Barão e à Praça Getúlio Vargas, que voltará ao projeto original de Glaziou. O antigo campo será transformado em um estacionamento parque, com área de lazer e restaurantes.

Nova Friburgo também ganhará de presente nos seus 200 anos obras de revitalização, valorização do centro histórico e da arquitetura dos prédios centenários, assim como os bairros e distritos também terão a sua história preservada. Pelo menos 80% da cidade será asfaltada até 2018, um presente muito desejado por todos os friburguenses. Afinal, precisamos preservar a memória histórica da nossa cidade, mas também investir em obras estruturais que causam impactos diretos no dia a dia da nossa população.

Sob determinada perspectiva histórica, Nova Friburgo completará o bicentenário. Celebrar os 200 anos é importante não apenas por causa da festa e da data; mas é importante como uma oportunidade única da cidade se mobilizar em torno de si mesma e, ouvindo todas as suas vozes, partir para ações de transformação da realidade.

Tão importante quanto a festa dos 200 anos, é o conjunto de ações que propomos realizar que vão além da data em si. De modo imediato, propomos a criação de um comitê articulado entre governo e sociedade para propor e gerir o calendário de eventos alusivos aos 200 anos.

De modo mais duradouro, com visão de futuro, propomos:

1. No âmbito econômico, conjugar os esforços e de cultura, turismo e esportes em torno da data. A criação de um comitê para os 200 anos terá exatamente esse propósito: coordenar ações conjuntas e criar uma grande mobilização social. Harmonizar, nos planos de cultura, turismo e esportes, interfaces com o grande evento que a cidade viverá em 2018.

2. Do ponto de vista educacional e cultural, será a chance de revisitarmos nossa história e fazer justiça aos tantos personagens anônimos e negligenciados que estão na base de nossa sociedade. Propomos um esforço pedagógico para estimular pesquisa e ensino de história local e regional, bem como dinamização dos equipamentos já existentes que cooperam nesse sentido, como, por exemplo, a Fundação Dom João VI.

3. Outro aspecto relevante é que o bicentenário deverá dinamizar, por meio dos equipamentos sociais e de assistência, um profundo exercício de empatia e autoestima do cidadão friburguense, especialmente no que diz respeito a garantia de direitos de todos, com ampla participação da população na tomada de decisões e controle social e transparência.

Estamos prestes a celebrar uma data significativa em pouco menos de dois anos. Coincidentemente, quando assumirmos o governo municipal, em 1° de janeiro de 2017, estarão faltando exatos 500 dias para os dois séculos da fundação de Nova Friburgo pelo rei Dom João VI.

Muito mais do que festejar um feito histórico importante, a criação da cidade, que mobilizou oficialmente, ao longo de sua existência, povos de dez países, dez culturas e etnias diferentes, representa um momento único.

Desde a tragédia climática de 2011, o tema vem sendo menosprezado e esquecido. Por isto entendemos que a história e a cultura locais devem ser inseridas como elementos referenciais da reconstrução do município, servindo de inspiração para elevar a autoestima de nosso povo. Portanto, para marcar este grande acontecimento ressaltaremos os talentos e valores friburguenses nos mais diversos segmentos, com uma bela festa, mostrando ao Brasil o quanto temos uma cidade especial, a cidade real que é Nova Friburgo.

Pretendemos muito mais do que a celebração que o município merece: este deverá ser um tempo de reflexão sobre o futuro que teremos a caminhar pelos próximos anos. Não precisamos reinventar Nova Friburgo, mas é necessário resgatarmos o que sempre foi, e que reposicionemos o município no contexto dos melhores do Brasil.  Necessitamos com urgência pensar não só em 2018, mas nos próximos 200 anos. 

Para tal, meu governo priorizará a revitalização dos parques, a preservação da natureza, reflorestamento e replantio de matas ciliares, a conservação do nosso patrimônio arquitetônico, entre outras medidas urgentes na preparação da cidade para o futuro. Sem projetos mirabolantes, com propostas possíveis e viáveis de um novo modelo de gestão que recupere a cidade e a autoestima da população. 

Só assim nós teremos motivos não só para os festejos de 2018, mas também, e principalmente, para os próximos 200 anos. E esse futuro nós temos — e vamos — que começar a construir agora. 

No ano de 2018, durante o próximo governo municipal, nossa cidade completará 200 anos de sua fundação. Uma cidade colonizada por dez nações possui uma cultura heterogênea e diversa. Pretendemos oferecer à cidade a oportunidade de celebrar as tradições do passado, as práticas do presente e as tendências para o futuro. Para isso somaremos esforços para que todas as organizações públicas, privadas e do terceiro setor possam ser integradas a este importante momento. Nossos espaços públicos carecem de atividades em que as pessoas possam curtir e se identificar. Queremos que artistas locais tenham a oportunidade de se apresentar e que a programação seja descentralizada, espalhada por toda Nova Friburgo. Quem gosta de artes mais clássicas terá sua agenda de atividades, quem gosta de algo mais popular e alternativo, também. Há muitos diálogos possíveis entre distintas tradições culturais, por exemplo: a literatura clássica e as bandas centenárias podem trocar ideias, ritmos e estabelecer parcerias com o hip hop, com o samba e com a literatura marginal, por exemplo. 

Mas para que estas e outras possibilidades possam acontecer, é preciso que as instituições públicas estejam dispostas a facilitar este processo. A cultura carece de verbas municipais e o orçamento anual para esta área é definido pela Câmara de Vereadores. O Poder Legislativo municipal define as prioridades orçamentárias da cidade. E a cultura tem sido esquecida, quando comparamos os valores que cada área recebe para a realização dos eventos anuais. 

A cultura é um tema transversal a diversas outras áreas. Ela se manifesta no vestuário, na comida, na religião, no esporte, etc. É necessário que os eventos culturais, como a festa do bicentenário, promovam esforços para ampliar as possibilidades de fruição cultural e estimular o turismo. A diversidade cultural é, com certeza, um dos maiores tesouros da nossa terra. Nós queremos celebrá­la, especialmente na festa do bicentenário friburguense! E você, o que você quer?

 

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