Cultura

terça-feira, 13 de setembro de 2016
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Pergunta: O conceito de Cultura vai muito além de artes, e engloba tradições, visão de mundo, forma de se expressar, eventos, e até mesmo a autoestima de um povo. Considerando a riqueza histórica da cultura friburguense, quais as medidas concretas que o eleitor pode esperar de sua administração para o resgate cultural, e também de fomento a novas práticas que insiram a cidade no século XXI?

O tema cultura é maior que uma seção administrativa do poder público municipal. Trata-se da identidade mais profunda de uma sociedade. É o conjunto de características que tornam um determinado povo singular. Nova Friburgo é o que é por conta de sua história, dos povos formadores, suas influências e pluralismos e, acima de tudo, pela permanente capacidade de se reinventar e superar seus desafios.

Apesar desse dinamismo cultural, o poder público tem a missão de articular setores e pessoas em torno de ideais comuns e complementares. Por isso, o instrumento crucial desse processo é o Plano Municipal de Cultura, que deve ser planejado, de forma a orientar a implantação das políticas culturais do município. A ideia é que o Plano seja permanentemente atualizado a partir de um amplo processo de participação social, indicando as prioridades a partir da aprovação de metas e ações a serem efetivadas nos próximos anos.

O Plano também deve acenar para o acordo gerado pela adesão do município ao Sistema Nacional de Cultura (SNC) e, se consolidar como ferramenta para a gestão pública de cultura.

Propomos:
1. Empoderar o CMPC e juntos atualizar o PMC; incrementar o Fundo Municipal de Cultura;
2. Criar o Calendário Turístico/Cultural em sintonia com o Esporte, Meio Ambiente, Agricultura e outros;
3. Ampliar e informatizar o acervo do Pro Memória, disponibilizando ao público a história dos povos formadores, das artes e das tradições;
4. Fomentar e incentivar eventos e festas populares como os Festivais de teatro, música, dança, apoio aos artistas de rua e músicos; 
5. Valorizar as culturas dos bairros e distritos, como as folias de reis, o jongo, o mineiro pau, a festa da flor, as festas juninas; promover a gastronomia e tantas outras formas de manifestação da identidade cultural;
6. Resgatar e ampliar o Projeto da Oficina Escola de Artes, levando suas ações a outros bairros e distritos;
7. Revitalizar o espaço do Centro de Artes; finalizar as obras do Corredor Cultural e Praça CEUs em Olaria.

Reconhecer e socializar a contribuição da trajetória histórica e cultural são medidas decisivas para o fortalecimento da identidade de Nova Friburgo rumo aos próximos 200 anos. Defendo uma visão integrada da produção cultural, que ressalte e estimule o viés local, suas características e peculiaridades em todos os segmentos culturais. Desta forma, incluo a preservação do patrimônio arquitetônico e ambiental, que ajudam a contar a nossa história.

A diversidade de nossa colonização destaca as nossas raízes e tradições, que serão transmitidas à população e visitantes de forma lúdica e variada, através da música, dança, do artesanato, artes plásticas, do teatro, entre muitas outras expressões. Nova Friburgo é um celeiro em potencial de bons artistas e a Prefeitura deve ser um órgão catalisador e articulador, a fim de garantir a visibilidade das produções locais. Ressalto que foi exatamente desta forma que realizei os mais diversos eventos e manifestações culturais no Sesc, durante dez anos consecutivos, resgatando a prata da casa e ao mesmo tempo promovendo seu intercâmbio cultural com artistas de fora.

Estimularei políticas públicas que organizem a formação, manutenção e difusão das atividades culturais, com especial atenção aos artistas da cidade, equipamentos culturais e manifestações de variadas linguagens, pois reconheço tal conjunto como responsável por parte expressiva da geração de trabalho e renda da população.

Outro ponto fundamental é promover a interação entre cultura e educação, o que vem ao encontro de nossa proposta de escola em tempo integral. Fortalecerei o ensino das artes na escola fundamental, já que o processo de aprendizagem está ligado ao exercício da criatividade e atividades artísticas. Paralelamente, implementarei políticas de incentivo ao empreendedorismo cultural e à economia criativa, sem esquecer do Polo de Audiovisual, que vem se destacando em produções friburguenses diversas, e que merece ser implantado através de parceria público-privada.

Nova Friburgo é conhecida por ter sido colonizada por dez nações: Suíça, Alemanha, Itália, Líbano, Japão, Espanha, Portugal, Áustria, Hungria e Camarões.

Isso é fantástico. A cultura friburguense foi fundada através da valorização da sua diversidade e precisa ser estimulada a seguir assim.

A cultura é um assunto muito delicado, cheio de meandros, exatamente por se tratar de identidade e identificação através de tradições e práticas de um povo. Justamente por isso a cultura não deve ser tratada com achismo. Não pretendo trabalhar a cultura apenas em cima dos equipamentos culturais e grupos já estabelecidos na cidade, pois é preciso descobrir o que há de novo em Nova Friburgo. Para isso é preciso, antes de qualquer coisa, realizar um mapeamento da cultura que considere todo e qualquer novo hábito dos friburguenses nos oito distritos. Simultaneamente a isso, precisamos movimentar a comunidade através de seminários e fóruns para começarmos a estudar as leis referentes à cultura já existentes no município. E redigir um Sistema Municipal de Cultura para a nossa cidade. Só assim, nos aproximaremos do cumprimento das metas do Plano Nacional de Cultura (cujo prazo é 2020), dentre elas: 

Sistema Nacional de Cultura institucionalizado e implementado, com 100% das Unidades da Federação (UF) e 60% dos municípios com sistemas de cultura institucionalizados e implementados;

100% das Unidades da Federação (UF) e 60% dos municípios atualizando o Sistema Nacional de Informações e Indicadores Culturais (SNIIC);  
Cartografia da diversidade das expressões culturais em todo o território brasileiro realizada; 110 territórios criativos reconhecidos.

Com o Sistema Municipal de cultura implantado e as leis municipais revistas teremos mais apoio da esfera federal para investir no rico leque de hábitos culturais dos friburguenses. A diversidade cultural é, com certeza, um dos maiores tesouros da nossa terra. Nós queremos celebrá-la! E você, o que você quer?

Nova Friburgo completará duzentos anos em dois mil e dezoito e não podemos esquecer da sua importância no cenário cultural do Brasil. Temos três das mais importantes bandas centenárias de música do país: a Euterpe Lumiarense, Euterpe Friburguense e a Campesina. O nosso conjunto arquitetônico se sobressai pela sua grandiosidade. Somos um celeiro de arte e cultura em todos os segmentos, mas precisamos criar mecanismos de incentivo e acessibilidade, através de editais públicos e prêmios que contemplem sobretudo os artistas que residem na cidade. Não há como dinamizar a cultura sem um calendário fixo de eventos, que una o poder público, o empresariado e a classe artística a fim de financiar e celebrar as datas festivas como se deve ser, aproveitando todo nosso potencial. Várias iniciativas que partem da sociedade têm que ser assimiladas nessa agenda, a fim de gerar emprego e renda.

Dar acesso às crianças do ensino fundamental a teatro, cinema e entretenimento em geral é muito importante e não vejo isso sendo levado aos nossos estudantes. Precisamos formar público para o crescimento da atividade cultural em nossa cidade com um todo. Os pontos de cultura precisam voltar a funcionar e fomentar o interesse pela arte.

Vamos reacender a chama da vocação artística que temos, trazendo de volta os festivais, hoje sobrevive apenas o da Trova. Reinventar o nosso carnaval, que ainda hoje sobrevive graças ao talento de nossos artistas. A cidade precisa articular grandes espetáculos. Nosso Teatro Municipal está aí, mas sem a regularidade de espetáculos que deveria e poderia receber. Através da iniciativa pública privada é possível mudar esse quadro.

Não podemos continuar ignorando a nossa história, temos a mais bonita e por isso mesmo precisamos da participação de todo o povo friburguense, engajado no reconhecimento e na evolução da nossa cultura e nos preparar para celebrar em grande estilo nossos duzentos anos.

A cultura, normalmente, é tratada como uma futilidade pelos governos. Os baixíssimos investimentos na área têm sido a regra em todo o país. O nosso programa parte de uma compreensão inversa. Consideramos a cultura como um direito universal, que não deve ser submetida às leis de mercado. É preciso, nesse ponto, esclarecer que pensamos cultura como a expressão e a manifestação humana, por excelência. Nesse sentido, é preciso tratá-la como uma totalidade, englobando a cultura clássica-erudita e a cultura popular-tradicional. 

É necessário que se propicie à maioria do povo, especialmente, às crianças e aos jovens, o acesso às artes, através de investimento em equipamentos e em pessoal. Esses investimentos devem priorizar os bairros populares. Defendemos a construção de centros culturais na periferia, integrados com a rede municipal de ensino e a contratação de professores de artes (através de concurso público) para atender toda a demanda e instituir a Educação Artística no Primeiro Segmento do Ensino Fundamental. Os equipamentos já existentes como o Teatro Municipal, a Biblioteca Municipal e a Oficina Escola de Artes devem ser revitalizados e o acesso deve ser democratizado e universalizado.

Em relação à cultura popular, caberá ao governo, valorizar e promover as manifestações culturais populares e tradicionais, especialmente aquelas mais discriminadas ao longo da história, como é o caso da cultura negra presente em Nova Friburgo. Queremos uma cidade viva, com praças e ruas tomadas pelo povo, com a sua riqueza e diversidade cultural. 

A cultura deve ser gerida de modo verdadeiramente democrático, sem aparelhamento e dirigismo artístico. Os conselhos populares nos bairros e os conselhos populares setoriais — formados por artistas e trabalhadores da cultura — serão os organismos que farão a gestão direta do setor. A Secretaria de Cultura terá a atribuição de coordenar, a partir da contratação, por concurso público, de quadros especializados.

O valor histórico de Nova Friburgo é inegável, a começar pelas heranças culturais deixadas pelos países que colonizaram a nossa cidade. Tamanha expressão e representatividade não poderia se perder com o tempo, afinal, a influência das nossas colônias passa pela gastronomia, arte, dança, música e, até mesmo, pelo nosso potencial econômico, a exemplo da indústria e da agricultura. Por isso fiz questão de trazer de volta e inserir a participação das nossas colônias em diferentes eventos realizados no município ao longo dos últimos anos. 

Também vejo a cultura como importante instrumento social e, por isso, busquei ampliar o acesso da população friburguense à cultura com a abertura e democratização da utilização dos espaços públicos. Levei para as praças do Suspiro e Dermeval Barbosa Moreira diferentes eventos e shows, tudo sem cobrança de entrada ou ingressos. Resultado disso, o Carnaval da Família e o Réveillon da Serra têm sido um sucesso! A abertura recente da rodoviária urbana, transformando o espaço na Estação Livre, também é um bom exemplo. Agora a população pode participar de feiras, eventos culturais, apresentações esportivas e artísticas em um local coberto, no centro da cidade, com infraestrutura e segurança. Lembrando que algumas obras também foram realizadas. A biblioteca municipal foi reformada e o Teatro Laercio Rangel Ventura passou por melhorias para cumprir exigências de segurança determinadas pelo Corpo de Bombeiros.

E para que estas ações tenham continuidade e sejam ampliadas, vamos estimular o uso de espaços públicos por artistas locais. A ideia é incentivar apresentações culturais periodicamente em locais de grande circulação de público. Além disso, propomos aumentar a oferta de oportunidades através de projetos dos Pontos de Cultura de Olaria, Riograndina e Oficina Escola, além de criar mais três Pontos de Cultura em Conselheiro Paulino, Mury e Amparo. Também vamos dar total apoio à implantação do Polo Audiovisual e realizar chamadas públicas para ocupação do Teatro Municipal, a fim de estimular ações e produções culturais.

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