Agricultura

sexta-feira, 23 de setembro de 2016
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Pergunta: A zona rural friburguense não se destaca apenas pela enorme área que ocupa, mas também pela diversidade, quantidade e qualidade de sua produção. Ainda assim, quem vive no campo ainda sofre muitas vezes com a falta de estrutura em áreas como transporte, saúde ou educação. O que seu plano prevê para melhorar a qualidade de vida na zona rural, e como pretende fortalecer este importante ramo de nossa economia?

Fortalecer a relação entre o poder público e a iniciativa privada através de suas representações, visando a implantação de ações voltadas ao fortalecimento da economia local e abertura de novos postos de trabalho. Dotar o município de infraestrutura adequada: pavimentação, instar a concessionária a expandir a rede de energia elétrica onde esse serviço ainda não chegou, bem como redes de água e esgoto e telefonia.

Ter um cuidado especial com as escolas e com as unidades de saúde. A população precisa de creches que funcionem o ano todo e de unidades de saúde que funcionem 24 horas por dia  e sete dias por semana. Incentivar a participação das lideranças rurais e associações de moradores nas decisões sobre políticas públicas a serem adotadas para o setor. Estimular  a criação de circuitos de turismo rural, com foco na capacitação das pessoas e na preservação da natureza. 

Aos poucos, o agricultor vem deixando de ser somente um produtor de matéria-prima e descobre a possibilidade de desenvolvimento de atividades não agrícolas, como é o caso do turismo. E, nesse sentido, o turismo rural aparece como que em um reencontro do homem com a natureza. Estimular e fortalecer a produção de orgânicos, facilitando a sua comercialização em feiras e mercados, incentivando o cooperativismo. Promover a reforma e reurbanização da feira livre da Vila Amélia, transformando-o num ponto de encontro e gastronomia atraente e até turístico. Na verdade, aprimorar o que já existe e merece ser valorizado.

Garantir a conservação e melhoria de estradas e rodovias até a facilitação de comunicação e escoamento da produção com os centros consumidores através da disponibilização de telefonia. Dialogar com o setor privado responsável por internet para sua instalação efetiva na zona rural.

Buscar a criação de um parque de exposições onde poderão ser realizados eventos relativos aos diversos setores da nossa economia, como agricultura, flores de corte, criação de animais, dentre outros. 

Pelo menos 90% das propriedades rurais de Nova Friburgo têm menos de 100 hectares e mais de 50% têm menos de dez hectares, portanto, são os pequenos agricultores que tiram do campo o sustento de suas famílias. Nos rincões mais afastados é possível observar a falta de estrutura para o escoamento da produção, com estradas que, em época de chuva, tornam-se intransitáveis.Vamos investir na melhoria dos acessos, garantindo ao produtor o direito ao seu trabalho.

Outra meta é a fixação do homem no campo. Temos uma cidade que cada vez mais sofre com o crescimento populacional. Queremos oferecer formas para que o agricultor possa viver bem com sua família na área rural, dando a ele um transporte decente, suporte técnico e educação e isso se dá através do fortalecimento da Secretaria de Agricultura. É através dela que conhecemos a realidade do homem do campo. Precisamos de um nome técnico nessa pasta.

Falta também capacitação constante e é nisso que devemos investir, apoiando a produção também com pesquisa. Nossa agricultura é uma das mais diversificadas do estado, produzimos não só frutas, legumes e verduras. Somos também a segunda produtora nacional de flores de corte, este último setor tem que ser pensado como uma empresa, para atingirmos maior profissionalização e acesso a outros mercados consumidores.

Outra área a ser explorada e que vai gerar recursos para o campo é a agricultura em parceria com o turismo, seja no turismo de aventura ou no ecoturismo. Temos nossas corredeiras, parques e montanhas, que podem atrair mais turistas. As pessoas das grandes cidades perderam o elo com a terra e procuram a cada dia visitar fazendas e propriedades para se livrar do estresse.

Temos que ajudar a zona rural a abrir suas portas e conquistar os visitantes. No ecoturismo, a experiência tem mostrado que quando o homem e o meio ambiente andam juntos é possível visitar sem agredir a fauna e a flora. É ajudando ao produtor no seu dia a dia que ele pode aumentar sua renda.

Diferentemente da realidade brasileira, a estrutura fundiária friburguense é baseada no minifúndio, a pequena propriedade rural. Bandeira democrática relevante é a reforma agrária. 

Ainda assim, a realidade rural de Nova Friburgo precisa de atenção. Nosso governo partirá da premissa de que o município é a unidade entre a cidade e o campo, razão pela qual será gerido, diretamente, pelos trabalhadores rurais através de entidades representativas e conselhos populares agrários.    Serão os camponeses que decidirão, com o suporte técnico do poder público. 

O governo socialista dos trabalhadores combaterá os atravessadores, subsidiando a distribuição coletiva. Desse modo, haverá a valorização do trabalho, e o alimento chegará à mesa do trabalhador a um preço justo. 

A agricultura é fundamental para a segurança alimentar. O distrito industrial de Campo do Coelho afetará a apreciação de preços imobiliários, o equilíbrio produtivo e repulsionará a agricultura familiar. A queda da produção naquele cinturão pressionará para cima os preços, tirando a comida do prato do trabalhador fluminense. 

Queremos a Universidade de Nova Friburgo, que dentre outras vocações, engendrará a linha de estudo multidisciplinar da agricultura familiar. Faz-se mister a compreensão integral e em rede do fenômeno, da sociologia à agronomia. Além de hortifrutigranjeiros, produziremos conhecimento na área, gerando emprego, renda, combatendo as injustiças e deixando um legado para o campo brasileiro. 

Nasci e cresci no interior, sou produtor rural e não nego as minhas origens. Conheço a realidade do homem do campo e sei das dificuldades enfrentadas diariamente. E pensando em melhorar as condições de acesso às comunidades produtoras, desde que assumi a prefeitura, dei início ao trabalho de recuperação de estradas vicinais. Foram recuperados 700 quilômetros de estradas, aproximadamente, e novas pontes foram construídas, facilitando o dia a dia das comunidades, garantindo um melhor escoamento da produção e reduzindo os custos de manutenção de veículos. 

Mas melhorar a qualidade de vida na zona rural não diz respeito apenas à produção agrícola e conservação de estradas. Na área da saúde, construímos a UBS (Unidade Básica de Saúde) de Amparo, reformamos a de São Pedro da Serra, ampliamos a de Vargem Alta e estamos construindo um novo posto de saúde em Campo do Coelho. A ideia é criar o pronto atendimento 24 horas, inicialmente, nas localidades de Lumiar e Campo de Coelho, por estarem distantes da rede hospitalar. Também vamos construir novas UBS em São Lourenço e Stucky. 

Reformamos uma escola em Vargem Alta, ampliamos a de Salinas, construímos creches em Lumiar, e Riograndina. Vamos construir escolas em São Lourenço e Amparo. E para atender às demandas dos produtores rurais e da comunidade escolar de Vargem Alta, será construído um laboratório multiúso para aulas práticas de ciências, análises de solo e projetos de pesquisa. 

E para ampliar o potencial agrícola do município, a minha vice, Márcia Carestiato, trouxe a proposta de desenvolver a agroindústria com a criação de cooperativas de mulheres da zona rural, onde alimentos produzidos pela agricultura familiar serão transformados em compotas, doces, conservas, picles e outros. Temos que valorizar o homem do campo para que ele e seus filhos permaneçam em suas casas, conservando as suas origens. E isso só é possível oferecendo condições e qualidade de vida para essas famílias. 

Agricultura e aquicultura são setores importantes na dinâmica econômica de Nova Friburgo. Além de ter uma expressiva produção de hortaliças, a cidade é um ator importante na produção de flores de corte. Vocações, aliás, que precisam ser melhor divulgadas, terem maior apoio no incremento e agregação de valor, bem como incentivo à formalização.

Uma questão relevante é o diálogo, mais que necessário atualmente, entre o setor de produção agrícola e proteção ambiental e sustentabilidade. Afinal, Nova Friburgo é o município com uma das maiores áreas de Mata Atlântica preservada no país. Daí a urgência de fortalecimento de setores ligados a agricultura orgânica, criação de trutas e práticas sustentáveis, além daqueles em que já temos as nossas vocações consolidadas. 

Outro dado a ser considerado é o efetivo cumprimento da legislação que regula a aquisição de merenda escolar proveniente da agricultura familiar. Além de aspectos ligados a saúde de crianças e adolescentes, a prática incentiva a regularização de pequenos produtores e incrementa a economia do setor.

Por isso, concretamente, propomos:
1 - Fortalecer o Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural Sustentável, para que a população do meio rural participe das tomadas de decisões;
2 - Trabalhar para reativação do Centro de Integração e Cidadania da Mulher Rural;
3 - Estabelecer, ouvida a população rural, bem como conselho rural, cronograma para manutenção das estradas vicinais;
4 - Valorizar os produtos da região;
5 - Discutir meios e realizar parcerias para prover o campo de acesso à comunicação (telefonia móvel e internet);
6 - Realizar eventos para incentivar os agricultores;
7 - Fomentar meios socioeducativos para utilização correta de defensivos agrícolas e similares;
8 - Estimular a agricultura orgânica;
9 - Estudar mecanismos de agregação de valor aos produtos produzidos na zona rural;
10 - Fortalecimento e incentivo a realização de eventos promotores das vocações agrícolas municipais (festa da flor, da truta, etc).

Nova Friburgo apresenta um cenário otimista e promissor pelo significativo papel na produção alimentar e pela diversidade de insumos produzidos, sediando o mercado produtor/Ceasa, maior distribuidor da Região Serrana. Entendo como necessária uma parceria mais efetiva da municipalidade com os produtores agrícolas, a fim de encontrarmos soluções possíveis e que contribuam com esta que já se consagrou como uma importante atividade para o desenvolvimento econômico do município.

Diante desse promissor quadro, concentraremos esforços na política de investimentos em infraestrutura, a fim de promover melhorias relevantes quanto à mobilidade para o escoamento da produção, com manutenção das estradas, que é um dos maiores gargalos para o crescimento e fortalecimento do agronegócio. 

Também está incluída na pauta de nosso plano de ação a promoção de uma política agrícola voltada ao aproveitamento das oportunidades e à qualificação dos produtos e serviços. Desta forma, valorizaremos os produtos associados. Buscaremos ainda a facilitação ao crédito agrícola, dando ênfase a melhores práticas para a agricultura.

Este conjunto de ações será desenvolvido paralelamente a atividades tais como o controle e combate a doenças e pragas, em parceria com o setor privado e órgãos do governo; ações educativas para orientação quanto ao uso adequado de defensivos e de boas práticas agrícolas; o apoio a parcerias produtivas visando à capacitação dos produtores rurais, de forma a inseri-los na agenda do desenvolvimento do município.

Concentraremos, também, esforços na busca pelo acesso a novas tecnologias e pesquisas, relacionadas a sistemas de produção sustentáveis.
Pretendemos ainda promover e incentivar melhorias no fornecimento de telefonia e internet nas áreas rurais, primordial para o desenvolvimento das regiões, haja vista a existência de localidades, em pleno século 21, que ainda não contam com serviços essenciais de telecomunicação.

 

 

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