Canção pra suíço ver Ao Vivo em Montreux (1978) – Gilberto Gil

domingo, 05 de julho de 2015
Foto de capa

Em 1978, o respeitado festival de jazz de Montreux começou a prestar atenção no Brasil. Gilberto Gil foi o primeiro cantor tupiniquim a se apresentar na edição, com um show histórico. Acompanhado por uma banda de astros, Gil tocou um repertório que fez uma ótima representação da música brasileira na Suíça.

Nesse álbum ao vivo, o artista mostrou diferentes momentos de sua carreira, que, na época, já possuía 12 anos. As canções são as mais nordestinas possíveis. Abrindo com uma versão em inglês de “Chuck Berry Fields Forever”, Gil traz nessa faixa, e também em “São João, Xangô Menino”, uma interpretação mais jazzista do repertório dos Doces Bárbaros. Os destaques dessa segunda faixa ficam para os improvisos de Pepeu Gomes na guitarra e os teclados de Mu.

Ainda representando os ritmos regionais do país, Gil apresenta “Chororô”, composta havia pouco tempo. Na canção, ele conseguiu criar um baião genuíno, mostrando o quão bem consegue assimilar a influência de Luiz Gonzaga.

Mostrando sua admiração pelo rei do baião, o baiano executa um dos clássicos de Gnzagão de forma bem livre. Em “Respeita Janurário”, a sanfona é substituída pela guitarra de Pepeu. Quem dá show na faixa é o baixista Rubão Sabino, com uma linha bastante frenética e um solo muito chamativo. Com muito improviso e diversos solos, os músicos conseguem quase triplicar o tempo da gravação original.

Na segunda parte do disco, Gil e sua banda entram em um clima ainda mais descontraído. No primeiro de dois pots-pourris do disco, o cantor convoca a plateia a cantar junto com ele a concretista “Bat Macumba”, composição clássica em parceria com Caetano, com um coro de milhares de vozes. Em seguida, Gilberto emenda com “Exaltação à Mangueira”, homenageando de uma forma muito bela a escola de samba carioca.

Com a plateia já totalmente contagiada pelo seu som, Gil apresenta mais três músicas de seu repertório. O medley começa com “Procissão”, de seu segundo disco e, em seguida, transforma o palco em um verdadeiro carnaval. A agitada “Atrás do Trio Elétrico”, de Caetano Veloso, entra acelerando o ritmo da banda, e nesse momento dá para se sentir em fevereiro. Para completar o pot-pourri, Gil ainda toca a famosa marchinha “Mamãe Eu Quero”.

O disco fecha com um incrível encontro: Gil e banda convidam músicos do A Cor do Som, o guitarrista Ivinho (Ave Sangria) e o tecladista Patrick Moraz (Yes) e assim tocam a incrível faixa “Triole”, misturando samba, música nordestina e rock progressivo. Com esse show, Gil inaugurou uma série de apresentações de brasileiros em Montreux, que seriam presença constante no festival.

Ao Vivo Em Montreux (1978)

Artista: Gilberto Gil

Selo: Warner Music

Músicas:
1. Chuck Berry Fields Forever
2. Chororô
3. São João, Xangô Menino
4. Respeita Januário
5. Ela
6. Bat Macumba/ Exaltação à Mangueira
7. Procissão/ Atrás do Trio Elétrico/ Mamãe Eu Quero
8. Triole

TAGS: Música

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