Gostosas, Lindas e Sexies

sexta-feira, 28 de abril de 2017
Foto de capa

Nova Friburgo recebeu um presente de grego: a exibição do filme “Gostosas, Lindas e Sexies”. A versão de quinta categoria do seriado americano “Sex & The City” sobre inclusão de mulheres acima do peso na sociedade, hoje tratadas como plus size, e com objetivo de se libertar dos olhares preconceituosos de ser magra custe o que custar.

As atrizes Caroline Figueiredo (Beatriz), Cacau Protásio (Ivone), Mariana Xavier (Marilu) e Lyv Ziese (Tânia) vivem as protagonistas do filme, sobre os encontros e desencontros amorosos e profissionais de quatro mulheres. A tal proposta politicamente correta se perde nos equívocos cinematográficos. O roteiro é esquizofrênico, o desenvolvimento das personagens é ambíguo, as passagens de foco da câmera não são executadas de maneira eficientemente e as reviravoltas são pífias. Por muitos momentos o filme se torna cansativo.

A ideia de colocar quatro atrizes que destoam do padrão de beleza esquelética é louvável, quebra o paradigma das personagens e intérpretes que, na maioria das vezes, são relegadas ao posto de melhor amiga engraçadinha com as mãos sujas de doce. Mas existem algumas contradições de extremo mau gosto, todos os homens com quem o quarteto se envolve são brancos e com corpos esculpidos de academia. Existe uma cena de sequestro da Ivone seguido de estupro e se transforma numa espécie de fetiche, algo que não acrescenta nada ao filme e se torna no máximo na Síndrome de Estocolmo, aquela pessoa que passa a ter simpatia e até mesmo sentimento de amor ou amizade perante o seu agressor devido ao tempo prolongado de intimidação.

Preconceitos são deferidos aos índios de maneira gratuita e estúpida, ditos pela personagem de Eliane Giardini, editora-chefe da revista na qual Beatriz trabalha. O novato na direção Ernani Nunes nos apresenta uma trama que nunca se encontra, não tem foco e muito menos uma protagonista que segure a narrativa. Tudo parece gratuito e aproveitador.

Felizmente o filme só ficou em cartaz por uma semana na nossa querida Nova Friburgo. Que venham os filmes brasileiros de alta qualidade artística e técnica. Detalhe: a geladeira conversa com Beatriz. Lamentável!

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