Pelas linhas...

sábado, 12 de agosto de 2017

Dia 10 de agosto de 2017. Lá vamos nós, de Nova Friburgo com destino ao estádio Nilton Santos. Este que vos escreve e mais quatro amigos, que assim como milhares, abriram mão de compromissos, do conforto de sua moradia, da companhia da família. Moradia sim, porque casa o Nilton Santos também é. Porque de todos os amores que temos na vida, o Botafogo é diferente. Ou seria o Botafogo a nossa própria vida, que nos ensina a lidar com os demais amores? Ainda não consigo definir.

E lá fomos nós, pelas linhas da imaginação, do sonho que envolve e contagia a cada alvinegro. Aquele, torcedor do time “que seria rebaixado” no ano passado, não se classificaria para a pré-Libertadores, tampouco avançaria para a fase de grupos. Chegar até as oitavas de final? Pra eles, claro que não. Já foi longe demais. Deu sorte. Duradoura, não? Faço sempre questão de lembrar esse processo. Gosto de história, de contexto. De nunca esquecer o tamanho do Botafogo.

Então, pelas linhas vermelha e amarela, um tremendo engarrafamento. Pouco mais de uma hora para conseguir chegar, menos de 60 minutos para a bola rolar. E quantas coisas passaram pela cabeça naquele momento... As conquistas, as decepções, as alegrias, os “poréms”. A batalha que estava por vir. Aqueles cinco que ali estavam no carro, e tantos outros que estavam no entorno do estádio, a caminho ou lá dentro jogam. O Nilton Santos pulsa. Há algo diferente, que há tempos não se sentia.

Logo assim que vencemos as linhas, Bruno Silva colocou o Botafogo em vantagem. Quase em sintonia, ao passarmos em frente ao estádio, a segunda explosão pelo gol de Rodrigo Pimpão. Não, este que vos escreve e os quatro amigos que o acompanhavam não chegaram a tempo de ver os gols. Pouco importa. Entramos para completar os 40 mil presentes. Somos um grupo de mais de 4 milhões de escolhidos, assim como o elenco comandado por Jair Ventura. Quem está dentro de campo ou fora dele vibra da mesma forma. Sintonia que dinheiro algum é capaz de comprar.

A comunhão entre titulares, reservas, elenco, comissão técnica, diretoria e torcida é fantástica. Indescritível até mesmo para quem deveria dominar todo o universo de palavras para descrever qualquer que fosse o momento. Peço perdão aos leitores, mas não tenho essa capacidade neste momento. Não há como traduzir o que o torcedor do Botafogo sente. Acho que nem ele sabe.

E nas linhas bem definidas e montadas do aplicado Glorioso, o torcedor é o coringa. Apresenta o estádio quando os times sobem ao campo de jogo, mostram logo quem manda no Nilton Santos. Lembram que ali o Botafogo não joga apenas com onze. Vaiam a posse de bola do adversário, cantam quando percebem que o time precisa do algo mais. Marcam e apoiam. Quem faz gol balança o bandeirão, e quem balança o bandeirão ajudar a construir o gol. O zagueiro do Nacional sentiu no lance do 2x0.

Uruguaios, tradicionais em Libertadores (donos de três taças legítimas), merecem respeito. Mas até certo ponto. É preciso saber, reconhecer e reverenciar o clube lendário ao qual enfrentaram. Aquele que jamais precisou se vangloriar do número de conquistas para ser Gigante, reconhecido como um dos maiores de todos os tempos. Aquele que, especialmente nos momentos difíceis, é capaz de se reinventar e comprovar o seu tamanho. Não é para qualquer um. Não há história como a do Botafogo, de 113 anos completados neste dia 12.

Então, no verdadeiro conceito de tradição, a briga era de cachorro grande. E quando é assim quem vence é a cachorrada. Vence o clube Mais Tradicional do Brasil. Vence a história, sem a qual o futebol brasileiro – e mundial – não teria metade do glamour.

As linhas que nos levaram são as mesmas que nos trouxeram de volta. A da imaginação, do sonho, da crença. Da união entre time e torcida. Eles jogam pelo clube, pelo treinador, por eles e por milhões. Pelo nosso sonho. O impossível não existe para esses jogadores, que vestem uma das camisas mais pesadas e respeitadas do futebol mundial. Sem mídia e sem moda. Com trabalho e tradição. Com a Estrela no peito e a chama acesa na alma. É diferente. É Botafogo.

Saudações alvinegras, e até a próxima! Que venham os próximos desafios pela Copa do Brasil e Libertadores. Sem esquecer também do Campeonato Brasileiro. Não há adversário ou palco temido por essa equipe. O Alvinegro pode enfrentar qualquer um. Mas não é qualquer um que pode ou poderá enfrentar o Alvinegro.

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