A Estrela que nos conduz...

segunda-feira, 12 de outubro de 2015

O ano era 1995. Com apenas cinco anos de idade, eu me lembro de quase tudo. Especialmente do dia 17 de dezembro. Muitas estrelas pelas ruas e casas anunciavam a chegada do Natal em uma semana. Mas havia uma Estrela específica, a mais brilhante, Solitária, que atraía toda a atenção daquela criança que começava a desenvolver o falar, o escrever e o agir. Uma Estrela que retocava a linda camisa preta e branca, e que se impunha mais do que qualquer constelação.

Estava na casa do meu avô. E qual criança não gosta de visitar o vovô e a vovó, sempre na esperança de ganhar um novo presente ou de saborear aquela comida de tempero único, recheada de afeto e carinho? Mas naquela tarde, ao invés da cozinha, eu estava no quarto. Na frente de uma pequena televisão estávamos eu, meu pai e meu avô. Botafogo e Santos decidiam o título brasileiro daquele ano. Recordo-me de todas as reações: a felicidade pelo gol de Túlio, a apreensão pelo empate e a vibração a cada defesa de Wagner. Mas o momento que jamais esquecerei é o do apito final. Meu pai partiu em direção à janela e começou a gritar. Não cabia em si. Meu avô, mais comedido, apenas sorria. Com a preocupação natural de pai, pedia cuidado. E eu, com apenas cinco anos, observava a comemoração na casa do meu avô. Pela televisão, assisti ao choro, a vibração dos jogadores e ouvi tocar, soberano, o hino mais belo do planeta.

A partir daquele dia, a constelação alvinegra ganhou mais uma estrela. Este, que vos escreve, consolidou naquele momento uma paixão que brotava em um pequeno coração. E quantos pequeninos, naquele dia, não escolheram ser herdeiros de uma paixão infinita...

Nesse dia 12 de outubro, Dia de Nossa Senhora Aparecida e também das Crianças, parabenizo aos pequenos alvinegros de todo o país. A partir da escolha pelo Botafogo percebemos que esta criança poderá ter um futuro brilhante. Não será mais um manipulado pela mídia, e nem vai aceitar colher tudo o que é plantado. Ele vai querer entender o processo. Não vai aceitar o que parece simples, mas sim, terá o prazer em desvendar os mistérios da complexidade. Com sabedoria e discernimento, entenderá que maioria não é sinônimo de grandeza. 

A cada novo alvinegro que nasce, uma nova Estrela brilha. De forma diferente, única. Neste processo natural de geração de novas vidas, o Glorioso renasce. Dentro de campo e fora dele. O retorno à primeira divisão e aos tempos de glórias apenas transforma e decora esse cenário. Sim, o Alvinegro de General Severiano... 

O clube que surgiu a partir de uma brincadeira de crianças, em sala de aula, e hoje é um dos mais respeitados em todo o mundo... Que mistura a inocência, a esperança e a pureza de uma criança. A grandeza de um coração infantil, que cultiva eternamente a magia de um mundo encantado, como o de Garrincha... Belo! Único! Indescritível! Botafogo...

TAGS:

A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.