Botafogo como há muito não se vê

quinta-feira, 27 de abril de 2017

Não pode, não dá, não vai, já era. Pode sim. É possível. Com esse time tudo pode. Não há nada impossível. Quando se entende o que é o Botafogo, o próprio Botafogo entende como e quando precisa ser Botafogo. E que me perdoem pela inversão de ideias, mas essa equipe é a verdadeira personificação do torcedor alvinegro. Consegue transformar o característico pessimismo – que é consequência de um amor incomparável – em história. O drama passa a ser tragédia e vira um conto de heróis em questão de poucos minutos. Nada mais Botafogo.

Quando o atleta daquele time de Recife acertou o chute, começou... “A sina da Copa do Brasil”, “Botafogo e Copa do Brasil não combinam”, “Nunca vi dar tanto azar na Copa do Brasil!”. Exclamações, broncas que o alvinegro passou a considerar como verdades – e, convenhamos, com uma boa dose de razão. Mas o time que seria rebaixado, não chegaria à Libertadores, não passaria do Colo-Colo, do Olímpia, seria goleado pelo Nacional e não venceria ninguém no grupo da morte da Libertadores gosta de quebrar preceitos. Derrubar tabus e superar o insuperável. Do jeito que o botafoguense... Gosta! A gente gosta, admitam!

Com chuva, com menos um, com desgaste de jogadores, com placar adverso. Cenário ideal para desafiar o time a colocar em prática o sentido da alcunha “O Glorioso”. Não é boa ideia duvidar e desafiar esse grupo, ainda mais se o jogo acontecer no estádio Nilton Santos. O nome abençoa, traz o peso de uma Enciclopédia para o enredo em campo. Pronto! Ponto. Poucas vezes nesses últimos anos existiu alguém com capacidade de entender o que é vestir a camisa seis como Victor Luiz. Em momento algum o Botafogo jogou com um a menos. Vários jogadores, a exemplo de Victor, se multiplicaram em campo. E nas arquibancadas, milhares representavam milhões e cantavam sem parar, abastecendo de vontade e fibra a reserva de energia de cada um daqueles que lutaram por nós. Sem contar, obviamente, que dentro de campo havia uma camisa sete.

A sete de quem, assim como o time, estava desacreditado. Criticado, desprezado, dispensado pelo Grêmio. Mas a camisa alvinegra transforma. E o questionado Guilherme, de tanto ajudar nas vezes em que entrou na etapa final, recebeu uma oportunidade para começar jogando. Não apenas isso. Ele recebeu a sete. Estava abençoado, iluminado. Perna direita, perna esquerda. Não são tortas, mas bailaram sobre um gramado cada vez mais sagrado e consagrado a cada batalha. Vencemos outra!

Mas no drama, que vira tragédia e se transforma em conto de heróis há espaço para monstros. Na verdade um monstro, no melhor sentido da palavra! Depois da lesão de Jéfferson e da saída de Sidão, criou-se uma barreira de incertezas sobre a camisa 1 do Botafogo. E para transpassá-las, nada melhor que um Gatito. O Fernandez, claro! Herói diante do Olímpia, decisivo contra o Sport, começa a construir sua trajetória de sucesso pelo Glorioso.

Falando em trajetória, a desse time é guiada pela Estrela Solitária na Estrada dos Louros. Garantir que o Botafogo vai ser campeão de um campeonato ou outro é impossível, diante da imprevisibilidade do futebol. No entanto, muitas barreiras, escritas e preconceitos já foram quebrados por esse grupo. Há legado desde já, há esperança para o amanhã. Fato é que a obrigação do torcedor é acreditar, pois eles acreditam dentro de campo. Batalham, lutam, não desistem. Nós jamais desistimos, mesmo nos momentos mais difíceis. Esse Botafogo é Botafogo como há muito tempo não se vê.

Saudações alvinegras! Ansiosos pelo dia 2, vamos assistir a uma final que não acontecia há 22 anos no Rio, com a indiferença de quem planeja – e conseguirá alcançar – voos muito maiores na temporada!

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