Apenas nós podemos sentir

sábado, 29 de julho de 2017

Graças a Deus e aos movimentos populares, o tempo da ditadura foi vencido. A censura – pelo menos na teoria – já não limita a liberdade de expressão, tampouco há (ou deveria não existir) repressão às mais diversas e distintas opiniões. Mas esse texto não é direcionado a debater essa passagem na história da sociedade brasileira. Após essa breve viagem, chegamos ao assunto principal da nossa Coluna, e um dos mais importantes da nossa vida: o Botafogo.

Apesar de repudiar qualquer tipo de censura, pudesse eu neste momento da temporada, criaria uma lei onde apenas o botafoguense poderia falar sobre o Botafogo. Colunistas tentam, se esforçam, procuram palavras. Mas, com todo o respeito e admiração aos colegas de profissão, ninguém é credenciado para descrever o que se passa na cabeça de um botafoguense. Até porque nem ele mesmo é capaz de explicar.

Na quinta-feira, depois da vitória sobre o Atlético-MG, com grande atuação em campo e nas arquibancadas, houve quem tentasse definir o que o torcedor do Botafogo sentiu na noite anterior e como ele acordou no dia seguinte. Ninguém conseguiu. Este que vos escreve, por exemplo, até o momento não sabe e não consegue explicar. O coração está apertado, palpitante, alegre, preocupado, otimista como nunca, mas com a dose de desconfiança de sempre - jamais confundida com menosprezo. Nada além das características de um típico escolhido pela Estrela Solitária. Mas há algo diferente que não pode ser traduzido em palavras.

E é dentro desse contexto que defendo minha tese: pudesse eu, criaria uma lei onde apenas o botafoguense poderia falar sobre o Botafogo. E explico: a tentativa de escrever o indescritível torna-se uma arma nas mãos de quem, com muita má vontade, acompanha o caminhar pela Estrada dos Louros rumo às conquistas. Li, por exemplo, um comparativo sobre a forma como um botafoguense e um torcedor rival comemora um título Estadual. Talvez o colunista não acompanhe o canal esportivo do grupo ao qual pertence, onde os gols do objeto de comparação por ele utilizado, mostrados em propagandas desta equipe, são em maioria os que foram feitos em finais de Campeonato Carioca.

Outra “marca” criada pela mídia e que não agrada nem um pouco a este colunista é o de “destruidor de gigantes” (ou algo parecido, de acordo com as variações, mas sempre nesse sentido). Parece e é, vindo de onde vem, uma maneira absurda e inadmissível de menosprezo. Um Gigante vencer o outro é algo absolutamente normal. E é “apenas” o que o Botafogo - um dos 12 maiores clubes de todos os tempos (FIFA) – voltou a fazer. Uma coisa é comparar poder de investimento e grau de confiabilidade a partir da montagem de elencos. Outra é utilizar essa desrespeitosa expressão para descrever os feitos da equipe comandada por Jair Ventura.

Como não é possível criar a lei que proporia, fica o pedido ao torcedor do Botafogo: acompanhe sim, mas não leve ao pé da letra o que se fala ou escreve. Você, alvinegro, torna-se imune ao decifrar como ninguém o significado de tudo o que tem vivido neste ano de 2017. Apenas você tem conhecimento de tudo o que aconteceu nesses últimos três anos, talvez nas últimas décadas ou 22 anos. Somente o botafoguense é capaz de sentir a reciprocidade de um elenco dedicado, disposto a fazer história e a devolver o nosso Botafogo, o verdadeiro, ao seu devido lugar.

Devemos, como botafoguenses, vestir o nosso manto com o mesmo orgulho que sempre tivemos, com a cabeça erguida, a Estrela no lado esquerdo do peito e o mantra alvinegro na alma. O Botafogo, com o menor investimento entre os grandes, já faz história. Vamos vivê-la, participar, seguir cada passo na trajetória que começamos a eternizar no início do ano. Valorizando os jogadores que temos, o talento do treinador e a competência da diretoria. Mas sem NUNCA esquecer o que a mídia reluta – por motivos óbvios – em admitir: o Botafogo é Gigante, a sua torcida é diferente de qualquer outra, e não fosse o peso dessa camisa não bastaria o esforço de cada um que faz parte dessa caminhada.

Faltam quatro jogos na Copa do Brasil e sete na Libertadores. Os títulos são consequência de fatores que tornam o futebol apaixonante, e por isso, não há como garanti-los. Mas o que o Botafogo resgatou nessa temporada vai ficar para sempre no coração de cada botafoguense. E nenhum de nós sabe explicar. Não precisa. Não procuremos textos, palavras ou algum sentido lógico. Não combina com o Glorioso. Apenas desfrutemos. E, se no final do ano conseguirmos, as conquistas serão materializadas em troféus. Torçamos e participemos. Continuemos a jogar junto! 

Saudações alvinegras e até a próxima!!

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