Mau agouro? Isola na madeira!

sábado, 09 de julho de 2016

Fábula

Elíseos, ou Campos Elíseos - parte dos infernos, onde os poetas fingem que reina uma perpétua primavera e onde as sombras dos que viveram virtuosamente logram uma perfeita e inalterável felicidade.

(Dicionário da Fábula – traduzido por Chompré – com argumentos tirados da história poética – Ed. Garnier – Paris)

Linha do Tempo

“Democracia: é uma crendice muito difundida, um abuso da estatística”

Jorge Luis Borges

Mau agouro? Isola na madeira!

A situação brasileira está tão complicada que a solução é buscar nas mandingas um jeito de sair do sufoco. Políticos corruptos, crise financeira, salários atrasados, dificuldades no trabalho, brigas de casais, inimigos ocultos, dengue e zika são exemplos que mostram um tempo difícil, aparentemente sem saída.

Como não se acha uma alternativa humana para resolver tantos problemas, nada melhor que buscar no imaginário popular as simpatias e superstições. Muitas pessoas acreditam nelas e as seguem como forma de evitar algo ruim em suas vidas ou até mesmo para atrair e realizar coisas boas. Não possuem nenhuma base científica, porém são interessantes exemplos da cultura popular e do folclore brasileiro.

Nas simpatias a pessoa deve realizar alguma coisa para obter ou afastar algo. Já as superstições ficam apenas no campo da crendice, sem necessidade de realização de algo prático.

Ainda não imaginaram uma solução para, por exemplo, afastar os empreiteiros da corrupção e os políticos da propina. Mas não custa nada usar uma mandinga, um galho de arruda na orelha, um pé de coelho no bolso. Quem sabe dá certo?

Simpatias

- Para a mulher casar rápido, ela deve pegar três fios do seu cabelo e colocar debaixo do véu de uma amiga que está se casando, sem que esta perceba.

- Para ter sucesso na agricultura, deve-se plantar alho numa sexta-feira santa.

- Para que uma amiga não fique solteira a vida toda, deve-se cumprimentar ela sempre com três beijos no rosto toda vez que a encontrar.

- Para fazer uma verruga sumir, deve-se passar sobre ela três grãos de feijão e depois jogá-los para trás sem olhar onde eles caíram.

- Para conseguir sucesso no casamento, a noiva deve usar uma peça de roupa cor-de-rosa por debaixo do vestido.

- Usar roupa branca no primeiro dia do ano traz paz, sorte e saúde em todos os dias do ano.

- Para tirar uma boa nota numa prova escolar, deve-se entrar na sala de aula com o pé direito.

Superstições 

- Passar por debaixo de uma escada traz azar.

- Quebrar um espelho resulta em sete anos de azar.

- Sapo morto de barriga para cima é indício de chuva.

- Encontrar um gafanhoto verde dentro da residência é indicativo de sorte futura.

- Se uma mulher sair na rua sozinha após a meia-noite, na sexta-feira santa, ela se transformará numa mula-sem-cabeça.

- Dormir com os pés voltados para a porta traz a morte.

- Se uma pessoa comer carne na sexta-feira santa poderá se transformar num cavalo.

- Contar estrelas apontando-as, faz nascer verrugas nos dedos da mão.

- Desenhar um sol no chão faz a chuva parar.

- Pio de coruja é mau agouro.

- Abrir guarda-chuva dentro de casa traz infortúnios e problemas aos familiares.

Crendices

Arruda (Ruta graveolens)

Planta originária do sul da Europa associada às crendices e superstições. Popularmente conhecida como erva purificadora, é usada para atrair bons fluidos e afastar maus-olhados e vibrações negativas.

Elefante

Ter um elefante de enfeite sobre um móvel qualquer evita a falta de dinheiro. Isso se ele tiver a tromba erguida e for colocado de costas para a porta de entrada.

Gato preto

Na Idade Média, acreditava-se que as bruxas transformavam-se nesses animais. Por isso, diz a lenda que cruzar com gato preto é azar na certa.

Cruzar os dedos

É costume cruzar os dedos ao fazer um pedido, contar uma mentira ou diante de algum perigo. O gesto, que evoca uma cruz, afasta a má sorte e as influências maléficas.

Figa

Na Grécia antiga e em Roma, ter uma figa como amuleto era comum, principalmente para mulheres, pois era considerada símbolo de fertilidade. O polegar entre os dedos representaria o órgão masculino penetrando no feminino. No início do cristianismo, acreditava-se que colocar o polegar sob os outros dedos ou fazer figa afastava fantasmas e maus espíritos. Com o tempo, a figa, que foi trazida ao Brasil pelos europeus, passou a ser utilizada para proteção contra mau-olhado e influências negativas.

Bater na madeira

Originalmente, batia-se em um tronco de árvore. Os povos antigos acreditavam que, como caíam muitos raios sobre elas, isso era um sinal que os deuses moravam nas plantas. Assim, toda vez que se sentiam culpados por alguma coisa, batiam no tronco com os nós dos dedos para chamar as divindades e pedir perdão.

Pé-de-coelho

Carregar um pé-de-coelho no bolso para atrair a sorte não veio deste animal, mas da lebre. O rito nasceu da crença de que os ossos das patas da lebre poderiam curar gota e outros reumatismos. Para ser eficaz, o osso devia ter uma articulação intacta. Por serem tão parecidos, a lebre e o coelho passaram a fazer parte dessas crendices relativas a suas virtudes mágicas.

Trevo de quatro folhas

O trevo é uma planta com três folhas, mas quando encontrado com quatro folhas, algo raro, é sinal de boa sorte. Entretanto, para que ele dê sorte, o trevo de quatro folhas deve ser recebido de alguém e repassado para mais três pessoas.

Sexta-feira 13

Diz a lenda que quando as tribos da Escandinávia foram convertidas ao cristianismo, Friga, a deusa do amor e da beleza, foi transformada em bruxa e isolada no alto de uma montanha. Como vingança, ela teria passado a se reunir todas as sextas-feiras com outras 11 feiticeiras, mais o próprio Satanás, para rogar pragas sobre a humanidade. Vem de seu nome as palavras friadagr e Friday, sexta-feira em escandinavo e inglês, respectivamente.

Romã (Punica granatum Linn)

Originária do sul da Ásia, a romã era cultivada pelos fenícios, que associavam o fruto à riqueza. Pela tradição, para que não falte dinheiro, deve-se comer sete sementes da fruta e guardar os caroços na carteira até o ano seguinte.

Gnocchi da sorte

Comer a massa todo dia 29 de cada mês traz sorte nas quatro semanas seguintes. É importante colocar uma nota de dinheiro sob o prato, que só poderá ser gasta no dia 29 seguinte. Reza a lenda que um frade andarilho italiano bateu à porta de um casal de velhinhos, num dia 29. Pediu um prato de comida e o único alimento que havia na casa era gnocchi. Tempos depois, ele voltou para contar aos seus anfitriões que, após aquela refeição, sua vida havia mudado para melhor.

Pão

Quando o pão cai no chão, ele deve ser recolhido e beijado para que não falte comida a essa pessoa. Isso porque no pão estaria Nosso Senhor.

Patuá

Amuleto muito utilizado por pessoas ligadas ao candomblé. Forma uma barreira contra más energias e mantém as vibrações positivas ao redor de quem o carrega. Pode-se fazer o próprio patuá de acordo com aquilo que se deseja e é para ser carregado na carteira ou pendurado no pescoço.

Ferradura

É considerado um amuleto de sorte desde a Grécia antiga. Primeiramente, ele era confeccionado em barro, elemento que os gregos acreditavam servir como proteção de todo mal. Além disso, o seu formato lembra a lua crescente, símbolo de fertilidade e prosperidade. Recomenda-se usá-la no alto da porta, com as pontas viradas para cima, para que a sorte não vá embora. Mas há quem diga que ela deve ficar com as pontas para baixo, para que a sorte se espalhe por toda a casa.

Número 7

Segundo Pitágoras, matemático e pai da numerologia, o número 7 é sagrado, perfeito e poderoso. Junto com todos os ímpares, é considerado mágico. Ele aparece em vários fatos históricos. São sete: sacramentos, pecados capitais, notas musicais, maravilhas do mundo antigo, virtudes, pragas do Egito, dias para a criação do mundo e imperadores de Roma que morreram assassinados. Além disso, o arco-íris tem sete cores, há o manifesto das sete artes, pula-se sete ondas no réveillon e 70 x 7 é a conta do perdão.

  • Foto da galeria

  • Foto da galeria

  • Foto da galeria

  • Foto da galeria

  • Foto da galeria

  • Foto da galeria

TAGS:

A Direção do Jornal A Voz da Serra não é solidária, não se responsabiliza e nem endossa os conceitos e opiniões emitidas por seus colunistas em seções ou artigos assinados.